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Depois da última semana ter me feito refém dos meus próprios pensamentos, respiro fundo na tentativa de organizar minha mente, no entanto, ela não parece querer colaborar, porque fica a cada oportunidade repetindo a maldita frase que me desestabil...

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Depois da última semana ter me feito refém dos meus próprios pensamentos, respiro fundo na tentativa de organizar minha mente, no entanto, ela não parece querer colaborar, porque fica a cada oportunidade repetindo a maldita frase que me desestabilizou e a provocação feita por aquele idiota.

Não tocamos mais no assunto depois daquela madrugada, talvez aquele bastardo tenha esquecido de tão bêbado que estava, mas o fato é: por que não consigo esquecer?

Aquela provocação descabida fez com que, por alguns instantes, me questionasse se tomei a decisão certa ao pedir Earn em casamento e, ao mesmo tempo, me repreender, por achar que aquele bastardo tenha falado alguma palavra vinda do coração.

Perdido na minha própria loucura, eu repetia a cada segundo o mantra que me manteve ciente da realidade por todo esse tempo.

"É normal ele te provocar Korn, não caia na pilha dele"

Mas não parece surtir efeito, essa é a realidade, quanto mais eu recito esse mantra mentalmente mais nítidos ficam os olhos daquele desgraçado me encarando. Por que diabos eu vejo tanta ternura naqueles olhos escuros? Aquele idiota até consegue imitar um maldito olhar apaixonado.

— Shia! O que você está pensando Korn? — bati a mão na testa, me repreendendo, pelo rumo dos meus pensamentos.

— Você falou alguma coisa? — a mulher que lia um livro, enquanto estava deitada sobre meu colo, perguntou franzindo o cenho na minha direção.

— Oh! Não só pensei alto — respondi em meio a um sorriso de lado, desviando a atenção para outro lugar da pequena sala, que não fosse o olhar inquisitório daquela que parecia me analisar milimetricamente.

Earn era uma mulher muito bonita e inteligente, talvez uma das mais bonitas que já tenha visto, contudo, seu gênio? Esse não é nada fácil de lidar e por algum motivo ela sempre implicou com o fato de ter me aproximado de Wai.

Seus olhos cor de mel e seus cabelos castanhos — na altura da cintura — levemente ondulados, junto a sua pele clara com leves tons rosados e sua boca cor de pêssego, chamava a atenção onde passava e eu deveria estar feliz por tê-la ao meu lado, mas porque nunca consigo focar só nela, quando estamos sozinhos? Por que aquele maldito Wai tem que sempre invadir minha mente?

— Você está estranho, Korn — ouvi ela falar, enquanto fechava o livro e se sentava no sofá me encarando — Tem alguma coisa te incomodando?

Seu semblante preocupado me deixava mal, mas como poderia dizer que em algum momento fiquei em dúvida sobre nosso noivado? E ainda mais grave, como poderia dizer que estava pensando no meu sócio?

O sentimento de está encurralado em um beco sem nenhuma saída com um enorme e feroz cachorro latindo em minha direção, enquanto alguém me estende a mão para segurar e sair dali em segurança, não estava me ajudando, ainda mais pelo fato de não ter a certeza de quem realmente é o cachorro da história.

— Eu estou bem, só um pouco cansado — respondi depositando um beijo em sua bochecha rosada, me aconchegando em seu ombro.

Acontece que o dia de folga do qual tanto precisava, não estava saindo como planejado, contudo não podia e nem devia culpar ninguém que não fosse eu mesmo.

Me assustei com o movimento brusco feito por Earn ao se levantar e correr até a cozinha, voltando com uma cerveja em mãos e a minha tão conhecida caneca.

— Obrigado — agradeço em um tom baixo, pegando a caneca em mãos e preenchendo com o líquido, enquanto Earn me olhava confusa, balançando a cabeça em negativa.

— Qual seu problema com essa caneca? Até parece que você tem mais ciúmes dela do que de mim.

Parei minha atividade no ar para encarar aquela com ar ofendida. Nunca parei para pensar sobre isso antes, mas agora com seu comentário pude constatar que nunca tive realmente ciúmes de Earn, mas isso é sinônimo de confiança, certo?

Não sei dizer ao certo por qual motivo, mas vi Earn fechar os olhos e respirar profundamente como se buscasse calma e ao abri-los me encarou com certa frieza, o que me fez arquear o corpo até recostar no sofá.

Bom, talvez a culpa de seus stresses seja o fato de que eu não sabia disfarçar muito bem quando não tinha uma resposta concreta.

— Qual é Earn? Você não vai discutir por isso de novo, certo? — perguntei na esperança de que a mulher voltasse à realidade, mas pela sua expressão não seria assim tão fácil.

Peguei o celular em mãos quando chegou o aviso de nova mensagem, mas o olhar mortal da mulher ao meu lado fez com que eu devolvesse o aparelho sobre a mesinha de centro, sem responder o remetente.

— Você é inacreditável, Korn, não posso nem tocar essa maldita caneca, mas mesmo na sua folga, seu sócio não te deixa em paz e para você está tudo bem?

Talvez para muitos seja uma idiotice da minha parte, mas o fato é que existe uma ligação sentimental com a caneca e prometi que nunca deixaria que outras pessoas a usassem, nem mesmo Earn. Contudo, a insinuação de sua parte que prefiro a companhia do Wai me deixou inquieto e analisando o rosto da mulher parada na minha frente, comecei a falar, enquanto coçava a nuca.

— Earn, não é dessa forma que...

— Não? Korn Sinceramente, às vezes eu acho que você gosta mais da companhia dele, do que da minha — a voz irritada da mulher em pé me encarando de cima estava me deixando nervoso.

— Não viaja Earn, eu...

Antes mesmo de concluir minha frase, Earn arrancou a caneca das minhas mãos e arremessou no chão, fazendo com que se desfizesse em vários pedaços, assim como meu coração.

Não tive reação diante da ação da minha noiva a não ser tentar juntar todos os cacos, enquanto uma lágrima solitária era sufocada.

Vi a mulher pisar duro no chão e bufar pela minha atitude, na verdade, eu não queria discutir e acabar falando coisas desagradáveis, por isso muitas vezes evitava conflitos e por isso resolvi pegar alguma roupa e os cacos recolhidos e seguir até o bar, único lugar onde sei que não serei julgado.

— A noite está muito tranquila hoje — o condutor do táxi falou olhando pelo retrovisor interno, ao que apenas concordei com a cabeça.

Não demorou muito até chegar no meu destino e estranhamente me senti em paz.

Andei calmamente até a entrada, quando ouvi risos que não reconheci de imediato, mas ao abrir um pouco a porta pude ver Louis sorrindo, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha de Wai, que também sorria ao levar um copo de cerveja até a boca.

Uma Da Manhã↬KornWai ◈Bad Buddy The Series◈Onde histórias criam vida. Descubra agora