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Olhei os olhos incrédulos de Wai e como se a sobriedade me alcançasse tentei mudar de assunto, mas não obtive sucesso

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Olhei os olhos incrédulos de Wai e como se a sobriedade me alcançasse tentei mudar de assunto, mas não obtive sucesso.

Não era de falar muito sobre minha vida com Earn para ninguém, mas algo maior sempre me fazia sentir necessidade em compartilhar com Wai.

— Porque você quer terminar o noivado? — ele tomou o copo da minha mão e entornou o resto de whisky de uma vez, fazendo careta pelo gosto amargo.

— Às vezes eu acho que noivar foi um erro — merda, por qual motivo eu estava abrindo minha boca suja para ele? A bebida, só podia ser a bebida.

— Se você não sente nada por ela, sim, foi um erro — não sei se ele estava com raiva ou algo do tipo, mas vi ele se levantar e sair caminhando a passos lentos — É melhor você dormir — falou fazendo um gesto com a cabeça pro quartinho dos fundos.

— Não me diga que você está dormindo aqui? — perguntei ao entrar no pequeno cômodo e notar alguns objetos de Wai.

— Se fosse um ladrão teria levado todo seu dinheiro seu idiota — ele disse me encarando com semblante fechado, mas não era raiva, ele parecia pensativo — Faz mais de uma semana que estou dormindo aqui — explicou indo até a cama e trocando os lençóis.

— Você brigou com a sua namorada? — perguntei no automático, mais animado do que deveria, mas diferente de fugir, o que achei que ele faria, ele deu um meio sorriso balançando a cabeça levemente.

— Ela terminou comigo — ele mencionou dando de ombros — Segundo palavras dela, eu estou em um nível diferente do dela — ele deveria estar triste, não só pelo término, mas também por essa palavras infundadas, contudo diferente disso, ele exibia um semblante neutro quando tocava no assunto — Pronto, você pode tomar banho e dormir um pouco — falou aproximando seu rosto do meu.

Maldita respiração que falha quando mais eu preciso dela. Minha cara deve ter sido engraçada, porque o bastardo riu, ao mesmo tempo que, arregalei os olhos e deu meio passo para trás.

Entrei no banheiro às pressas e quando retornei pro quarto não encontrei Wai, deduzi que ele estava arrumando o restante da bagunça no bar, então só deitei e dormi.

°°°

Maldita ressaca, eu tenho que parar de beber tanto assim, minha cabeça estava pesando uma tonelada e meu corpo parecia que um caminhão tinha passado por cima.

Sentei na cama e olhei pelos quatro cantos do quarto, contudo não vi Wai. Levantei e caminhei até o bar coçando os olhos, ainda tentando abri-los e me adaptar com a claridade.

— Pensei que você fosse dormir um pouco mais — Wai falou atrás do balcão, me assustando. Parei por alguns segundos e arregalei os olhos, incrédulo com o que estava vendo — Que foi? — Wai perguntou me olhando confuso.

— O que você está fazendo? — Perguntei indo até o seu lado, observando sua concentração.

— Consertando sua caneca — falou sem desviar o olhar do trabalho que fazia — Não vai dar mais para você beber nela, mas pelo menos você vai poder guardar a lembrança do seu avô — fiquei sem reação diante dessa nobreza, Wai realmente era alguém incrível.

— Como você achou? — perguntei depois de um tempo olhando ele finalizar seu serviço.

— Você só trouxe uma muda de roupa e esse embrulho — explicou apontando pro local onde os pedaços da caneca estavam — Por isso você discutiu com a Earn?

— Não discuti com ela — respondi dando um longo suspiro, escorando minhas costas no balcão com uma mão apoiada de cada lado do corpo.

— Ooooh, de onde surgiu esse Korn que não arranja briga? — diferente da noite anterior, ele estava feliz e isso acabou me contagiando.

— Se fosse você, talvez eu não tivesse deixado passar — respondi o encarando por cima em meio a um sorriso.

— Seu bastardo, eu nunca iria quebrar um presente seu, ainda mais a caneca de boa sorte dada pelo seu avô — a triste realidade me atingiu com a fala de Wai e isso era algo que sentia falta em Earn, a preocupação com o simples.

— Você lembra da nossa inauguração? — perguntei sorrindo em nostalgia.

— Oooh, você quer desenterrar isso? — ele falou imitando minha posição escorado no balcão, passando um de seus braços pelos meus ombros — Aquele velho era audacioso — disse me encarando com um largo sorriso e uma piscadela.

Fiquei feliz por receber a benção do homem que mais admirava ao abrir o bar, mas pensar que ele morreu logo em seguida e agora minha única ligação com ele era uma caneca estilhaçada e remendada, fazia meu coração se apertar, contudo, o idiota que prometeu não me largar no processo ainda sorrir lindamente tentando me consolar.

— Eu tenho uma coisa para você — ele falou se afastando de mim e indo até uma prateleira, pegando no meio das bebidas uma caixa embrulhada em papel presente — Toma — falou me entregando o embrulho.

— O que é? — olhei o objeto em suas mãos receoso, Wai já tinha aprontando comigo e não queria cair uma segunda vez em pegadinhas dele.

— Relaxa — falou sacudindo o presente na minha direção para que eu pegasse — Kooorn — olhei do presente para Wai e de novo para o presente, por fim pegando em minhas mãos, ao que Wai sacudiu a cabeça em negativa, talvez pela minha falta de crença nele.

Abri o embrulho com cautela, mesmo ele tendo garantindo que não era nenhuma pegadinha, se tratando de Wai, todo cuidado era pouco, mas me surpreendi quando tirei o embrulho e abri a caixa.

— Isso...

— Hum... uma caneca nova, não é como a do seu avô, mas pelo menos é parecida e...

Não esperei que ele continuasse, num movimento automático o envolvi em um abraço sem jeito que para minha surpresa foi retribuído na mesma intensidade.

Uma Da Manhã↬KornWai ◈Bad Buddy The Series◈Onde histórias criam vida. Descubra agora