27 de outubro de 2015

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Terça-feira;

Olá diário!

Agora que comecei a trabalhar no Martinelli's, não tenho tido muito tempo à noite pra escrever e quando chego cedo em casa, preciso dormir pra não acordar cansado no outro dia. Nem sei por quanto tempo ainda vou escrever aqui, mas não tenho vontade de parar. Por enquanto.

Ás vezes gosto de ler o que aconteceu nos dias passados e ficar lembrando de alguns momentos, mas enfim. Preciso atualizar as informações sobre o que aconteceu nos últimos dias.

Até foi bom a Emily ter ficado de suspensão aquela semana, já que nessa época do Halloween, muitas pessoas entram em contato com a Sra. Collins para ajustar e fazer figurinos e fantasias para essa tão aguardada época do ano. Então ela pôde ajudar sua mãe na costuraria e agilizar o serviço.

Naquela mesma semana, eu fiquei ignorando a Amanda, porque tava muito chateado com a atitude dela, sendo grosseira com meus amigos e me fazendo escolher entre ela ou eles, mas já voltamos a conversar normalmente.

Inclusive, no sábado, dia vinte e quatro, a Amanda me convidou para ir na casa dela para um jantar de aniversário do Sr. Hawkins. 

Eu nem sabia direito como agir naquele lugar chique cheio de gente estranha e da alta sociedade, e embora eu já conhecesse a família da Amanda, era como se eu nunca tivesse estado ali com eles.

O Sr. Hawkins tem os cabelos acinzentados, uma feição malvada no rosto e está sempre de terno. Aposto que dorme de terno e sapato também.

A Sra. Hawkins, nem parece que tem mais de quarenta anos, com sua pele lisa de bebê. Vive cheia de maquiagem e de joias que parecem que podem ser usadas pra comprar um monte de casas para os desabrigados.

E ainda tem o irmão mais velho da Amanda, o Carlos Hawkins, de vinte e seis anos. É muito festeiro e mal-encarado. Tem o mesmo estilo malvado e robusto do Nathan e é do tipo que quer pegar todas as garotas que puder conquistando elas com o dinheiro do pai.

O jantar de aniversário foi bem sem graça e não via a hora de vir embora. Ainda não acredito que peguei folga no restaurante para ir lá e não poder dizer uma palavra a noite inteira. O pior é que eu nem podia sair de lá, já que estava como o namorado da Amanda e teria que ficar até o final por ser da família.

Na escola foram abertas as inscrições para os papéis para a peça da escola, mas como eu disse, não vou participar, já que não gosto desse tipo de coisa, embora a Emily queira que eu participe.

Tenho dó do David que foi praticamente obrigado a colocar o nome dele na lista. O que as pessoas não fazem por amor, né? Só espero que a Emily e a Amanda não briguem na hora de decidir quem vai fazer o papel principal, mas não tenho tanta certeza.

Quanto ao trabalho no Martinelli's, posso dizer que já me acostumei bem e já fiz uma grande amizade com os funcionários e alguns dos clientes fiéis, como o Sr. Andrews que vem toda sexta-feira de meio dia comer lasanha bolonhesa com molho extra e que sempre me chama de Tony. 

É difícil alguém me chamar por esse apelido. Meus pais me chamam assim desde que eu era bebê e sempre lembro do meu falecido avô que me chamava assim também. Ah, a Amanda também me chama de Tony e ás vezes a Emily me chama por esse apelido. Mas é preciso bastante intimidade pra isso. 

Com quem eu mais converso no restaurante é o Luigi e principalmente o Lorenzo. Ás vezes a Emily e o David aparecem aqui de tarde para que a gente converse e faça trabalhos de aula no meu tempo livre. Eles até já viraram amigos do Lorenzo e se dão super bem. 

Inclusive, o David convidou o Lorenzo para a festa à fantasia que vai fazer na casa dele no dia do Halloween. Não sei se o Lorenzo e eu vamos ir, já que vai ser em um sábado e em pleno feriado, mas vamos ver bem certo com o Luigi.

Por falar nele, o Lorenzo contou que uma das mulheres que aparecem nas fotos antigas do Martinelli's é a Diana, falecida esposa do Luigi, de quem ele sente muita falta. 

O Luigi se mudou da Itália para Nova Winterfield para morar com sua amada que era daqui, onde abriu seu restaurante, e cinco anos depois ela faleceu vítima de um câncer enquanto estava grávida de seu primeiro filho. Uma história muito triste.

Hoje aconteceu algo que me deixou muito envergonhado e acho que preciso falar disso aqui pra que eu possa desabafar e me libertar dos meus sentimentos, que é justamente o motivo de eu estar escrevendo um diário.

Conforme o Luigi vai confiando em mim e gostando do meu trabalho, eu vou ganhando novas funções. Já comecei a ajudar em algumas receitas na cozinha, onde aprendi várias técnicas novas e hoje eu fui com o Lorenzo fazer umas entregas.

Na verdade, fui com ele para mostrar onde era um lugar que ele não conhecia e também pra ele me mostrar como aquela lambreta funcionava, já que eu nunca tinha pilotado uma dessas na minha vida. 

A gente amarrou as encomendas na moto e ele subiu e pediu pra eu subir e segurar firme. Mas eu não sabia que deveria me segurar atrás da moto. 

Na verdade nem tinha um bom lugar pra me segurar  por causa das encomendas e acabei abraçando ele por força do hábito, como geralmente fazia quando andava de moto com meu pai.

Ele deu uma risadinha e na hora eu percebi o que tinha acontecido. Pedi desculpas e ele disse que tava tudo bem, que entendia que não tinha lugar pra segurar atrás e que não fazia mal eu segurar nele.

A gente seguiu com o trajeto e eu fui indicando o caminho pra ele. Como eu estava entre ele e as encomendas, tava um pouco apertado e eu comecei a ficar nervoso, já que aquilo estava constrangedor, tanto que a gente nem conversou direito pelo resto do dia.

Fiquei mais aliviado depois que fizemos a entrega e na volta vim me segurando atrás da moto porque eu tava com muita vergonha.

Hoje eu me senti desconfortável, mas não tão desconfortável quanto achei que seria. Parece que o perfume dele ficou impregnado em mim, porque mesmo no meu quarto, depois de tomar banho, sinto o cheiro dele. 

E até que não é tão ruim.

Agora vou dormir, porque amanhã tenho que acordar cedo. 

Até mais, diário!

O Diário de Anthony CooperOnde histórias criam vida. Descubra agora