31 de outubro de 2015

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Sábado

Olá diário!

Não aconteceu nada muito relevante nesses últimos dias, por isso nem escrevi muito aqui. O que lembro é que a Amanda não parava de falar sobre como ela tinha treinado a música do mágico de Oz para a audição do musical da escola e cada pouco estava cantando uma parte dela. Acho que já sei de cor e até poderia interpretar a Dorothy no fim do ano letivo se quisesse.

A Emily também tá animada para o dia das audições, já que ela sonha em se tornar uma atriz famosa e quer muito ser a personagem principal no musical da escola. 

Eu tô torcendo pras duas. Confesso que torço mais pra Emily, já que a Amanda tá muito grosseira esse ano, mas pra mim não faz muita diferença quem vai ganhar ou perder.

Hoje foi a noite de Halloween, uma das festividades que eu mais gosto no ano, depois do natal. Nosso apartamento tá todo decorado, embora seja mais difícil de as crianças virem aqui em cima só pra pegar doces. 

Alguns pais que moram aqui no prédio saem com seus filhos pelos apartamentos para pedir doces, já que é mais seguro aqui dentro, mas a maioria prefere sair pelas ruas de casa em casa.

A escola foi decorada pelos alunos e professores. E o Martinelli's também ganhou decoração de Halloween, com velas e teias de aranha falsas, além de uns fantasmas de guardanapo que eu fiz junto com o Lorenzo, a Emily e o David pra colocar nas mesas no nosso tempo livre.

Hoje teve a festa à fantasia do David e o Luigi nos liberou na noite de Halloween, já que ele gosta de passear pela cidade e ver as decorações das casas, como fazia com sua falecida esposa. 

O Lorenzo conta que o Luigi sai todas as noites de Halloween para ver as casas e leva com ele um monte de doces pra distribuir pras crianças. Adoro o Luigi. 

O bom é que ele deu folga pra todos os funcionários, então o Lorenzo e eu fomos na festa à fantasia. Eu me vesti de Cowboy e o Lorenzo se vestiu de pirata, com direito a tapa-olho e barba falsa feita com lápis de olho, o que ficou hilário, já que ele não sabia desenhar barba.

Combinei com o Lorenzo de buscar ele em sua casa, que fica no andar de cima do Martinelli's, já que ele não sabe onde fica a casa do David e então a gente foi juntos pra festa.

Ontem a Amanda me convidou pra ir na festa de Halloween que teve hoje na casa dela e que foi organizada pelo irmão. O Sr. e a Sra. Hawkins saíram para uma festa da empresa, que deve ser bem chata como aquele jantar de aniversário, e deixaram a casa sozinha pros filhos.

Eu disse pra ela que já tinha marcado com meus amigos, e embora a gente já tenha se acertado novamente, eu ainda tô magoado. Ela nem pediu desculpas pra Emily pelo que fez no outro dia.

Hoje tava um pouco difícil de dirigir pelos condomínios residenciais, já que um monte de crianças e adolescentes fantasiados estavam passeando pelas ruas, mas quando chegamos, o David veio lá fora recepcionar a gente e tirar o carregamento de pizzas do carro. Agora a gente só comprava pizza no Martinelli's para as festas.

O David tava vestido de príncipe e quando entramos na casa, vimos a Emily muito animada vestida de Dorothy, falando para todos sobre seus planos de interpretar a personagem no musical da escola. 

A festa foi muito divertida. Bem mais divertida que qualquer festa que eu já fui na mansão dos Hawkins e aposto que eles não estavam se divertindo tanto quanto a gente.

Um amigo do David trouxe um aparelho de karaokê e conectou na televisão da sala. Era só o que faltava para deixar a noite mais maluca.

A Emily foi a primeira a querer cantar e foi direto cantando a música da Dorothy que eu tinha decorado de tanto ouvir a Amanda cantando na sala de aula. 

Até eu cantei. E olha que detesto me apresentar na frente das pessoas, mas o que surpreendeu a todos, foi o Lorenzo cantando alguma música em italiano que eu não entendi nada. Todos pararam pra escutar. 

A voz dele é muito boa pra cantar e aposto que conseguiria um papel facilmente no musical da escola, mas como não é aluno, não pode participar.

A festa tava muito legal e gostei de ver o Lorenzo interagindo com as outras pessoas, já que eu achava que por ele estar em um lugar cheio de estranhos, ficaria só sentado em um canto parado.

Tudo tava correndo bem até que uns caras meio bêbados começaram a mexer com o Lorenzo e encher o saco dele. Eles pediram pro Lorenzo arrumar umas garotas italianas pra galera e começaram a querer forçar ele a beber e fumar coisas que nem queria.

Quando o Lorenzo recusou, os garotos riram dele e começaram a chamar de mariquinha medrosa, então ele saiu correndo pra fora e eu fui atrás.

Ele parou do lado do meu carro e disse que não tava gostando deles, então eu disse que a gente podia ir pra casa. Entramos no carro e o Lorenzo pediu desculpas por isso. 

Quando eu pedi se ele tava bem, começou a me contar mais um pouco da sua história.

Lorenzo disse que na Itália, trabalhava no restaurante dos seus pais e após se assumir gay, sofreu muito preconceito da família que era muito conservadora até que foi expulso de casa, então se mudou para os Estados Unidos e veio morar com seu tio em Nova Winterfield, onde passou a viver uma vida nova e não vê seus pais há mais de um ano e meio.

Eu fiquei muito triste com a história do Lorenzo e imagino que deve ser muito complicado. Não sabia nem o que dizer naquele momento, mas sabia que agora ele precisava de um abraço.

Depois disso, levei ele pra casa e voltei aqui pro apartamento dos meus pais.

O Diário de Anthony CooperOnde histórias criam vida. Descubra agora