07 de setembro de 2015

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Segunda-feira;

Pensei que não ia voltar a escrever aqui tão cedo, mas voltei.

O dia de hoje não foi tão ruim. O primeiro dia de aula do último ano teve algumas emoções, mas vou começar do começo.

Acordei de muito mau-humor então desci pra cozinha preparar o café da manhã e decidi fazer uma das coisas que mais gosto de comer: Panquecas. Inclusive, adoro cozinhar. Isso sempre melhora meu humor.

Por falar nisso, depois que terminar o Ensino Médio, quero fazer faculdade de gastronomia, mas não é qualquer faculdade. Meu maior sonho é estudar gastronomia na Itália e me especializar na culinária italiana. Minha favorita.

Não sei explicar exatamente o motivo de gostar tanto da Itália, mas acho que todo mundo tem gostos malucos que não sabe de onde vieram. Amo a textura das massas, a espessura dos molhos e só de sentir o cheirinho de pizza, fico doido.

O meu problema, é que não tenho condições de viajar para a Itália. Muito menos para ir morar sozinho fora do país. Eu tinha juntado um bom dinheiro, mas gastei com a carteira de habilitação e com meu primeiro carro, e embora tenha sobrado alguma coisa, não é suficiente.

Fiz alguns serviços nas férias, ajudando alguns vizinhos a organizar seus jardins, fui babá de gatos e crianças, e até vendi alguns cookies e brownies com a Emily, mas não foi suficiente.

Ás vezes eu me desanimo e quero desistir de tudo, mas acho que isso faz parte da vida de qualquer sonhador. Já pensei em não fazer a minha festa de formatura, mas ela também é um dos meus sonhos e não posso desistir dela.

Eu posso imaginar como vai ser, quando entrar no salão de festas usando um terno elegante junto com a Amanda, que vai usar um vestido lindo e brilhante pra combinar com seu cabelo, enquanto todos olham admirados para nós. 

A gente pode até ser coroado como rei e rainha do baile. Isso seria perfeito para fechar a noite com chave de ouro, embora eu não me importe muito com esse detalhe.

O que importa é me manter focado no meu objetivo, e se não der certo meus planos de estudar na Itália, me contento com outra faculdade por aqui.

Agora que eu tenho carro, vou dirigindo pra escola e passo na casa da Sra. Collins para dar carona pra Emily, já que a casa dela fica no caminho. A Amanda reclama disso também, mas eu não dou muita bola e continuo ajudando minha amiga.

Atualmente não existe um serviço de transporte para os alunos da nossa escola, já que a grande maioria é filho de pai rico e ninguém liga para os bolsistas, por isso dei prioridade para comprar meu carro.

Quando chegamos na escola a gente se encontrou com o David e ficamos conversando no pátio por um tempo, até que uma limusine branca parou na entrada da escola. Um motorista de terno preto e quepe desceu e abriu uma das portas do lado direito para que a Amanda pudesse descer.

Vários alunos pararam para admirar a beleza dela. E bota beleza nisso. A Amanda estava muito bonita. Sou apaixonado em seus cabelos brilhantes, seu sorriso radiante e sua pele sedosa. Ela usava um óculos de sol de lentes bem grandes e todas as suas roupas tinham um tom pêssego. Acho que essa é a cor favorita dela.

Amanda veio na nossa direção e chegou me abraçando e me beijando. Na hora eu percebi que a Emily olhou atravessado para ela. As duas não se dão muito bem. 

A Emily me diz que a Amanda é metida, mimada e forçada, mas eu acredito que essa é só a imagem que a escola tem de uma garota popular de filmes de romance adolescente.

Eu vejo a Amanda como uma garota de coração bom e que, embora seu pai seja o dono da maior empresa da cidade, conversa com os alunos mais humildes da escola. Se ela não fosse bondosa e humilde, por que namoraria comigo?

A Amanda já teve um outro namorado, que inclusive, estuda na mesma sala que a gente. O Nathan Ross. Nathan é um cara alto, robusto, com o cabelo raspado e que é filho do dono de uma loja de carros. O típico babaca do Ensino Médio que sempre bebe e fica doidão nas festas, embora seja ilegal beber aqui nos Estados Unidos antes dos vinte e um.

Ele passa pela gente cada pouco e fica nos encarando, como se fosse me agredir. Confesso que ele me dá um pouco de medo. Já ouvi falar de casos onde o cara não aceitou o fim do seu relacionamento e quis acabar com o atual da sua ex. Tomara que Nathan não seja assim.

O meu primeiro dia desse ano foi a mesma coisa de sempre. Os professores perguntaram sobre as férias, a Amanda olhou para o espelho de mão de cinco em cinco minutos, a Emily me falou o tempo inteiro sobre como a Amanda era metida, o David me pediu material emprestado o tempo todo e o Nathan não parava de me encarar.

Eu imagino que vai ser assim até o último dia de aula.

O Diário de Anthony CooperOnde histórias criam vida. Descubra agora