Capítulo 21

4.1K 415 651
                                    

Marília

Dia chuvoso, para muitos, um dia ruim, um dia feio, um dia triste, para mim, um dia tranquilo, um dia bonito, um dia bom, eu amo o cheiro da chuva, amo o clima frio, a sensação boa que esse dia me trás não tem explicação.

Digo isso pessoalmente, por que empresarialmente não é muito bom não, não conseguimos manter nosso circuito funcionando como funciona lá fora, é mais complicado com todos os guardas em um só lugar, mas não nos impede de trabalhar, dias assim a biblioteca é nosso mercado, o correio é nosso caixa, a sala de TV é nosso escritório, tudo se acerta.

Hoje seria um dia muito importante, vamos usar uma ocasião para dar um ponto final em algo que está solto e me incomodando muito, não posso mais vacilar com pontas soltas no meu presídio, a cor vermelha está começando a aumentar, e as que estão à mais tempo aqui já estão trocando a cor do uniforme para o padrão do presídio, elas já estão se misturando, e eu já não sei quem é quem, agora aqui paredes tem ouvido;

- Chefe, vai ser como a gente combinou mesmo?

Amanda senta perto de mim, e me pergunta sobre o plano disfarçadamente, já que eu fiz uma reunião com todas avisando do perigo que estamos começando a ter;

- Sim, do mesmo jeito que combinamos, não vou tolerar erros.

- Não terá, vou me encarregar disso.

Amanda sai, e me faz pensar o quanto essa garota é prestativa com o nosso clã, já ouvi muito tempo atrás que ela sempre teve o sonho de entrar pros Guardiões, mas não achava que seria boa o suficiente para estar aqui, e ela é a que mais está presente e fazendo meus planos acontecerem, Amanda é uma pessoa que confio muito, e eu estar pegando a "namorada" dela não é legal.

Sim, eu me envolvi com a Maraisa, e isso é uma coisa que não sai dos meus pensamentos, para uma hetero ela se sai muito bem uma lésbica, desde o primeiro beijo no banheiro, sempre que temos uma brecha estamos no pegando novamente, o tanto que isso é errado é muito gostoso também, não sei explicar o meu sentimento, o que eu estou sentido, é igual droga, vicia, depois de experimentar uma vez, não quer parar mais.

Preciso conversar com a Amanda e falar para ela o que está acontecendo, não quero que para os outros fique parecendo que a chefe pega a namorada das amigas.

Em falar nisso, a Maraisa já tinha colocado o plano em prática, começou fazer uma amizade com a Paola, que eu sabia que não seria difícil, o mais difícil era ter que olhar a Maraisa e não pensar nela me segurando para não parar de beijá-la, isso era mais difícil, só de pensar eu consigo sentir a unha dela na minha nuca;

- Que isso chefinha, tá arrepiada, de duas uma, ou quer fazer xixi, ou tá com tesão, eu diria que é a segunda opção, já que estava encarando minha irmãzinha até agora;

- Maiara você não tem o que fazer não? Só me enche o saco, que isso cara;

- Pior que não, já fiz a ronda, já fui na cozinha pra ver se estava tudo no esquema, já olhei lá no salão para ver se estava tudo organizado, e esta tudo certo, nenhum problema, aí te vi aqui em cima escorada na grade, olhando para baixo como se fosse a rainha de tudo, e pensei, tô fazendo nada, ela também não, vou dar pra ela minha humilde companhia, aqui estou.

- Eu parei de prestar atenção na parte da ronda já.

- Credo Chefinha, você está precisando desestressar sabia, esta muito tensa, quer que eu chame minha irmã?

Eu ameacei de bater nela e ela saiu correndo escada a baixo rindo igual uma louca, essa garota gosta de me encher o saco desde que me conheço por gente, mas também não consigo me imaginar sem ela, nada daria certo se ela não estivesse comigo, e isso é um fato.

Prisão Sem GradeOnde histórias criam vida. Descubra agora