Capítulo 38

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Maraisa

"Amanhã vamos voltar para o morro"

Eu ainda não estou acreditando nisso, ainda não estou acreditando no que eu ouvi, parei para pensar no que estava acontecendo, e tentei imaginar a quanto tempo a mulher de preto está planejando isso, a quanto tempo essa fuga está sendo armada e sem absolutamente ninguém desconfiar, nem mesmo minha irmã que está até agora sem pronunciar nenhuma palavra, e um pouco que eu convivo com ela, sei que ela fica assim quando ela está nervosa, ou pensando muito sobre o assunto, e posso dizer que eu estou igual.

Como que seria feita essa fuga, de que forma iriamos sair daqui, que jeito que iriamos conseguir sair sem ninguém dar conta que estamos fugindo, quem vai fugir, são perguntas sem respostas e eu sabia que não teria respostas.

O dia de hoje foi muito calado, Mendonça estava até estranhando vendo eu e Maiara quietas, mas não sabíamos o que falar, estávamos realmente nervosas;

- Vocês tem que acreditar mais em mim cara, para que esse nervosismo todo? Confia em mim, eu mandei abrir um túnel a meses já, e vocês nem desconfiaram, ninguém mais sabe disso, já está tudo certo, parem com o nervosismo.

A de preto fala chamando nossa atenção, ela estava deitada na sua cama e Maiara e eu sentadas na minha.

- Mendonça, essas coisas você tem que me contar com antecedência, como você chega pra mim e diz que vamos fugir de um dia para o outro, você é maluca?

Maiara fala em um tom baixo quase sussurrando, mas ela estava nervosa, o sussurro parecia mais que ela estava rosnando, igual minha mãe quando eu fazia algo errado.

- Maiara, dessa vez eu vou também, tudo está organizado, para de sofrer com antecedência.

Vejo Maiara levantar e no mesmo momento a sirene toca alertando que as celas iram se fechar, ela anda em direção até a de preto e sem a Mendonça esperar ela recebe um tapinha na cabeça fazendo a mulher reclamar alto;

- Para você largar a mão de ser cuzona e não me contar as coisas, vaca, boa noite para vocês, e eu espero muito que de certo isso Mendonça, ou eu juro que eu vou acabar com você.

Maiara sai do quarto deixando eu e a de preto sem reação, a sirene toca novamente e o barulho das celas se fechando se faz presente;

- Sua irmã é muito abusada, só não bato nela por que sou contra a agressão em animais.

Acabo rindo da sua piada e as luzes se apagam, deixando só um feche de luz branca no meio do quarto que vem da iluminação de fora;

- Vem cá Ratinha, vem dormir aqui comigo.

Eu sorrio com o seu pedido, e logo me levanto e caminho até sua cama, ela deixa um pequeno espaço para mim deitar, e eu me deito em seu braço, minha mão pousa em seu peito e ela faz carinho em meu braço em cima dela;

- Marília. - Desde que descobri seu nome se tornou o meu preferido.

- Hm

- Isso vai dar certo mesmo? Eu não quero que aconteça algo de ruim com nenhuma de nós.

- Você confia em mim Ratinha? - Ela me pergunta olhando nos meus olhos.

- Confio. - Eu respondo sem pestanejar.

- Então fica calma, eu sei o que eu estou fazendo, e eu jamais deixaria algo acontecer com você ou com a Mai, vocês duas são muito importantes para mim, vai dar tudo certo.

Ela beija a minha testa e eu sinto uma calma muito grande ao ouvir a pequena declaração dela para mim, eu estava perdidamente apaixonada por ela, e eu estava feliz em saber que o sentimento era recíproco.

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