Capítulo 29

3.3K 330 105
                                    

Maraisa

Pela janela da biblioteca eu vejo uma movimentação fora do normal, várias e várias meninas correndo, gritaria, saio do meu setor e vou em direção ao barulho, algo dentro de mim fica muito feliz com a imagem, Paola algemada e muitas meninas de vermelho também, estavam sentadas no meio do pátio externo, mais precisamente na quadra de futebol, vejo as de faixa amarelo sentada na arquibancada, inclusive minha irmã, vou andando por trás de todos e subo ali também, o mais engraçado é eu ser a única ali sem nenhuma peça de roupa ou acessório amarelo, subo e me sento ao lado da minha irmã, a de preto olha para mim com um sorriso singelo nos lábios;

- Olha aí ratinha, graças a você o plano deu certo. - A mulher de preto susurra para mim e eu fico sem reação;

- Graças a mim? Mas o que eu fiz? O plano era seu, você fez tudo acontecer.

- Se você não tivesse falado com o Maximus, se você não tivesse avisado a Paola no momento certo, se não tivesse levado ela até a isca, nada teria acontecido, você fez acontecer Ratinha, tenha orgulho.

Ela fala e minha irmã me olha com um sorriso lindo, parecia que seus olhos estavam brilhando ela estava muito orgulhosa de mim, posso dizer que até mais que a mim mesma.

Ficamos olhando todas aquelas mulheres sentadas ali no meio, cabeça baixa, policiais em volta, vejo um homem chegando, ele vestia uma jaqueta de couro, uma camisa social, uma calça social e um sapato social preto, cabelo grisalho, nitidamente mais alto que todos ali;

- Esse aí é o detetive da polícia de São Paulo, ele está atrás dos maiores traficantes de droga da cidade a muitos anos, ele que fez a emboscada que me pegou no morro, e ele que pegou a Mendonça em uma outra operação policial, esse cara é foda, e ele esta louco atrás do Patrício e do pai dele, na verdade, ele está atrás sem saber de quem está atrás, Maximus é uma gangue invisível para ele, não existe ninguém e nem nada que ligue tudo isso a eles.

Maiara me fala as coisas e eu fico quieta prestando atenção em tudo;

- E se eu fosse até esse cara aí e desse as informações todas sobre o Patrício, sobre o Maximus, desse o número para ele, o império deles iria cair.

Eu falo animada, mas vejo a cara da mulher de preto fechar ao olhar para mim, e vejo que talvez minha ideia não tenha sido tão boa assim;

- Se você fizer isso Maraisa, eles vão saber, e em menos de dez minutos, eles vão desaparecer do mapa, vamos perder tudo que temos, e vamos ficar a cegas sobre eles, eu não posso deixar que o Maximus pai suma, eu tenho um negócio muito sério a tratar com ele.

A de preto fala e seu olhar que antes estava sereno, agora estava escuro, e me dava medo, o mesmo medo que eu tinha antes de conhecer ela.

O detive examina a droga e indentifica como a droga nova do país, e faz os policiais levantar todas as meninas e sair dali, elas são levadas, e o resto das detentas do presídio voltam a circular novamente, vejo a Mendonça se levantar e descer em direção a diretora do presídio, Maiara me segura e me arrasta junto a ela, ficamos em uma distância razoável, mas dava para escutar a conversa;

- Eu só sabia diretora, e eu detesto essa nova droga assim como vocês. - A de preto responde a diretora de uma pergunta que eu não havia escutado.

- Para você ter feito isso Mendonça, você quer algo em troca, você não faz nada sem ter planejado algo, então diz o que quer. - A diretora pergunta, e eu vejo a de preto sorrir e abaixar a cabeça;

- Não é nada demais, só passar para a imprensa que você e a sua equipe já estava desconfiando do tráfico pela cozinha a um tempo, e que estavam programando a operação, só isso, não dizer que recebeu a denúncia, só falar que vocês fizeram tudo, só isso.

Prisão Sem GradeOnde histórias criam vida. Descubra agora