Capítulo 22

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Maraisa

Estou pagando com a língua sobre tudo que um dia eu falei desse mundo que estou vivendo agora, não estou falando da prisão não, por que esse mundo eu continuo odiando, mas sim o mundo colorido, o mundo onde jurei que não faria parte jamais na minha vida, o mundo que eu sempre brincava e caçoava das pessoas que eram, hoje olha eu aqui, olhando fixamente para aquela mulher do outro lado do pátio sorrindo para alguma piada sem graça que minha irmã deve ter contado, olhando para ela com uma admiração que eu jamais achei que sentiria por uma mulher nesse sentido, eu admiro muitas mulheres, não pense o contrário disso, mas a admiração por aquela mulher de preto está se tornando algo diferente, você deve estar pensando, coitada da Maraisa ela criou uma síndrome de Estocolmo, ou qual quer coisa do tipo, não, a Mendonça não me mantém em um cativeiro, sim o governo, ela não abusa de mim, e nunca tentou fazer nenhum mal à mim, pelo contrário, eu estou aprendendo mais com ela aqui dentro do que eu aprendi minha vida toda lá fora.

Eu estou criando algo com ela que não sei denominar, só sei sentir, arrepios, calores, espasmos, tudo acontece quando estou com ela, e até quando não estou, só de pensar em estar, meu corpo responde.

Eu tive que dar um jeito na Alma e nas meninas que queriam entender o que estava acontecendo comigo, por eu estar grudada na Mendonça cujo a mulher que eu morria de medo, e agora sempre estou junta, a desculpa foi a mais esfarrapada possível;

Dias antes:

- Vai falar ou não Maraisa? O que é que está acontecendo? - Alma pergunta e as três me encara.

- Eu não posso mais querer andar com a minha irmã mais? Eu acabei de descobrir que tenho uma irmã gêmea e não posso aproveitar o tempo perdido?

Respondi entrando na cela e arrumando minha cama;

- O problema Maraisa é que você nem sempre está com a sua irmã, você esta com a Mendonça na arquibancada, sozinhas, conversando, rindo, fazendo ronda, você acha que a gente não , mas a gente , conta, o que é que está acontecendo?

- Meu Deus, não tem nada acontecendo, o Patrício mandou eu ficar junto dela, descobrir coisas sobre o clã, e contar para ele o que eu descobri, as mulheres de vermelho sabem disso, por isso ando com a Mendonça, assim as de vermelho me deixa em paz e as de laço amarelo também, pronto feliz?

- Você está passando a informação dos Guardiões para o Maximus Maraisa?

A Amanda pergunta e eu pude jurar ver lágrimas nos olhos dela, eu sabia que ela era realmente da família Guardiã, ela amava aquela família verdadeiramente;

- Não Amanda, a única coisa que passei pra ele é sobre quem está comandando o morro agora, por que ele mandou, e se eu não falasse quem era, ele iria mandar as de vermelho me machucar.

- E você falou? - Amanda pergunta novamente;

- Sim ué, eu descobri e contei que é um tal de André.

Amanda arregala os olhos e Alma encara ela, e ali eu entendi que elas sabiam do truque, mas ei fingi que eu não sabia;

Prisão Sem GradeOnde histórias criam vida. Descubra agora