Capítulo 14

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Marília

Eu tinha prometido para a Maiara que eu iria tentar me dar bem com a Maraisa, não sou uma mulher que se entrega fácil, e muito menos que deixa se levar pela emoção dos outros, mas a Maiara é como se fosse minha irmã, crescemos juntas, ser amiga da irmã de sangue dela, não vai me matar, eu acho;

- Por que você vai levar a minha irmã para a ronda hoje Mendonça?

Maiara só me chama pelo sobrenome quando esta nervosa, e eu acho isso muito engraçado, uma criatura de um metro e meio tentando se fazer de forte pra cima de mim;

- Sua irmã tem que aprender a ser forte, ela é muito menininha que não consegue se defender, tem medo até da própria sombra dela, e você me pediu para ser amiga dela, então estou sendo ué.

- O problema é que você senhora Mendonça, não sabe o significado da palavra limites, Maraisa pode ser inocente, mas não quero uma irmã traumatizada.

- Relaxa baixinha, vai ser só uma ronda, nada demais.

Eu sorrio de canto para ela o que a deixa mais fora de si, e eu me divirto mais.

Hoje era o dia da ronda, e eu queria fazer pessoalmente, sinto que tem algo muito quieto nesse presídio, e eu não estou gostando de nada disso, preciso ficar interada das minhas coisas, não deixar escapar nada das minhas mãos.

As horas foram passando e quem eu estava esperando logo apareceu no pátio, Maraisa é sim uma menina ou melhor, uma mulher muito bonita, ela se parece com a Maiara, mas da para ver claramente que elas são diferentes, Maraisa parece ter mais corpo, o cabelo preto na pele branca da o destaque perfeito nela, não me espanta a quantidade de mulheres que ficam atrás dela, que ficam encarando ela;

- Olha só, não é que ela veio mesmo;

- Ué, era uma opção não vir? - Ela faz piada e eu me deixo levar pela graça e acabo rindo;

- Não, não era, mas que bom que veio, estamos atrasadas já.

Eu me levanto e vejo a Maiara levantando também;

- Você fica, e fica com algumas meninas aí, você sabe que tem que ter alguém na supervisão aí.

Maiara revira os olhos e volta a se sentar, e eu sabia que ela estava muito irritada, por que ela simplesmente não falava nada, por que ela sabe que se ela falar, vai acabar fazendo merda, então ela fica quieta, e eu acho isso maravilhoso.

- Vamos Maraisa, vamos por aqui.

Eu ia na frente com a Maraisa ao meu lado e as meninas atrás, mantendo uma certa distância, não gostava delas grudadas em mim;

- Bom, a ronda é bem simples, nós vamos passar por todas as áreas do Presídio que eu comando, ou seja, todas.

Enquanto andamos ela vez ou outra me encarava, parecia estar nervosa, mas estava mais relaxada hoje;

- A primeira área é o jardim, verificamos se nossas meninas estão seguras.

Assim que entramos na estufa, as mulheres com a bandana amarela estavam rasgando os sacos de terra e adubo e tirando lá de dentro vários e vários pacotes de drogas, nossa mercadoria, como também doces e bolachas, nem só de drogas se vive aqui dentro.

- O que é isso? - Ela pergunta com os olhos arregalados olhando tudo aquilo;

- Minhas mercadorias, por que você acha que eu estou no topo? Por que eu comando tudo isso aqui, e se alguém aparecer com algo que não seja meu, morre.

Vejo ela se endurecer, e acho engraçado ela ficar assim;

- E ai garotas, tudo em ordem?

- Sim chefe, tudo no esquema, só a nova guardinha que tá embaçando nosso lado, queria fazer revista nos sacos e quase deu merda se não tivesse tido uma ocorrência e ela saído;

Prisão Sem GradeOnde histórias criam vida. Descubra agora