Capítulo 2

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Maraisa

Agora eu teria que esperar pois logo mais Patrício iria descobrir que eu fui pega e ele iria dar um jeito de me tirar daqui, tenho certeza disso.

- Senhora Carla Maraisa, pega em flagrante com uma quantidade alta de Chronos, a mais nova droga que esta circulando pelo país, poderia me dizer aonde a senhora conseguiu essa quantidade, e por que estava levando para Marrocos?

É claro que eu poderia dizer, mas é obvio que não vou entregar meu namorado;

- Não falo sem a presença do meu advogado.

- A senhora sabe que você vai ficar presa aqui dentro não é?

Eu não iria mais abrir minha boca, eu assisti muitas séries e filmes, sabia o que eu deveria fazer e fiz, ao ver aquela quantidade de pessoas presas, meninas tão novas, homens velhos, a única coisa que separava a celas femininas das masculinas era um corredor, e aquilo me dava ânsia aquele cheiro de suor, com mais cheiro de coisa suja, eu iria vomitar a qualquer momento, eu não deveria estar aqui, eu não posso ficar aqui, tentei ligar para o Patrício e é obvio que deu fora de área, tentei ligar para meu sogro, numero não existe, eu estava sozinha, ou pensava isso até meu celular tocar e um numero desconhecido aparecer;

- Alô?

- Maraisa?

- Sim, quem é?

- Maraisa eu sou o Miguel, serei seu advogado a partir de agora, o Max pediu para te avisar que você não precisa se preocupar que tudo ficara bem, que ele ira cuidar de tudo e para você não falar nada pois você sabe como as coisas funciona.

Eu sabia muito bem como as coisas funcionam, e isso não era uma mensagem carinhosa, e sim uma ameaça, mas era vinda do meu sogro, e não do meu Patrício, Patrício jamais iria me ameaçar ele me ama e eu sei disso.

- Eu entendi Miguel, mas por favor, ande logo com isso, eu não vou suportar ficar aqui por tanto tempo.

- Você não irá ficar Maraisa não se preocupe, estamos correndo com isso.

Eu não sei como eu vou sobreviver essa noite aqui dentro, só espero que seja a primeira e a ultima, eu não deveria estar aqui, não era para eu estar aqui, não é justo comigo. Por que tinha que ser eu aqui;

- O que uma boneca como você faz aqui dentro?

Meu Deus que coisa mais horripilante, aquela mulher, com aquele cabelo totalmente desgrenhado, aquele rosto acabado, aquele dente amarelo e com espaços entre eles, aquela roupa que com certeza não via uma maquina de lavar a muito tempo, aquele cheiro azedo eu poderia ousar em dizer que consigo ver até uma pequena crosta em sua mão, e eu me recuso em se quer imaginar o que seria aquilo.

- Estou aqui por engano, não deveria estar aqui.

- Ah boneca, não me diga, todos nós aqui estamos por engano, ninguém aqui nunca fez nada, mas me diz, qual é o engano que te fez estar dividindo essa humilde cela comigo hoje?

- Pegaram uma coisa em minha mala que não era minha, nem sei como foi parar lá.

- Tráfico de drogas, que isso boneca, você nem tem cara de fazer esse tipo de coisa.

- Como eu disse, foi um engano, estou esperando meu advogado chegar para resolver isso.

- Bom você ira pegar aproximadamente uns três anos com muita sorte, se colaborar com a policia dando o que eles querem, ira diminuir sua pena em um ano a um ano e meio caso não queira ajudar, bem vinda ao inferno, boneca.

Cada palavra que ela soltava por aquela boca asquerosa me dava arrepios, eu estava mesmo em um grande problema, e eu realmente não consigo ver como irei sair dessa, mas Miguel disse que ira me tirar, e eu vou confiar;

- E como você sabe de tudo isso, fala com uma convicção.

- Eu já estive aqui dentro por inúmeros casos.

- Como assim? Você fugia?

- Fugir? Claro que não – Ela começou a dar uma risada rouca, se sentou em uma das camas que havia ali, e olhou nos meus olhos, e eu pude sentir o sofrimento que eles passavam.

- Quando sua vida é bem melhor aqui dentro, você não pensa nunca em ir embora, o que eu tive e tenho aqui dentro, eu jamais vou ter lá fora, eu nunca fugi, eu cumpri todas as minhas penas, e sempre fui liberada, mas quando eu sentia a realidade de lá de fora, e eu pude ver que eu não sou nada, não tenho nada, e não irei ser nada lá, eu sempre fiz de tudo para voltar pra cá, mas nunca foi algo muito grave, por isso minhas penas sempre foram pequenas, penas que consiste em muito tempo eu não teria coragem de fazer, jamais conseguiria tirar a vida de alguém, por mais que a vida da pessoa seja uma merda, eu não tenho esse direito.

- Você cometia crime de proposito para voltar para cadeia?

- Você jamais entenderia boneca, sua vida é muito superior a isso tudo, mas é melhor ir se acostumando por que essa será sua nova realidade por alguns anos.

- Não! Me recuso, Max jamais me deixaria aqui!

- Quem?

Sinto meu corpo gelar, meu coração parou de bater por alguns segundos, eu nem percebi que tinha falado o nome dele ou melhor o apelido dele, agora essa mulher vem andando em minha direção e eu sinto que será meu fim a qual quer momento;

- Nin... Ninguém!

- Não me diga que você esta envolvida com os Maximus.

Aquele tom de voz em forma de sussurro, estava me dando calafrio, o que eu iria dizer agora, eu estava perdida, mas o que mais me intrigou era essa mulher saber quem ele era, e com certeza minha cara de duvida ficou nítida;

- Garota, eu não sei com quem você esta se envolvendo, mas vou te dar uma dica de ouro, nunca, jamais, em hipótese alguma, diga que você tem alguma ligação com eles para qual quer pessoa que seja lá dentro, por que no momento em que você fizer isso, sua vida irá se tornar mil vezes pior lá dentro.

A curiosidade multiplicou por cem, o porquê dela estar me falando isso, e por que minha vida pioraria?

- Quem é você?

- Me chamo Alma.

- O que você sabe sobre o Max?

- O que eu sei é o mínimo que devemos saber, nunca se envolva com um Maximus, e o que eu pude perceber é que você está envolvida até o seu ultimo fio de cabelo.

E eu com toda certeza estava envolvida, muito envolvida, mas eu nunca iria confirmar isso, Patrício iria ficar muito bravo se soubesse que eu falei de mais sobre ele e sobre a sua família que agora era a minha família também, mas irei usar a dica de ouro dela, eu já não iria falar nada mesmo, mas com o que eu acabei de escutar aqui, iria falar menos ainda.

Continua...

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