48. Srta Anya Castle

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Os meses estão passando em uma velocidade impressionante, eu mal tenho conseguido acompanhar a escola e ajudar as crianças em casa, ano passado eu achei que eu estava bem comparada aos riquinhos nerds, mas descobri que os professores estavam sendo muito legas comigo por eu ter caído de paraquedas na escola no fim do ano letivo.

Minha matéria preferida ainda é física, mas eu simplesmente não consigo me concentrar na aula do Sr. Ross sabendo tudo sobre a relação dele com a Agnes, parece que tem algo fora do lugar nessa história, como se metade da história faltasse, a metade que ele não contou.

Eu posso estar sendo intrometida na situação, mas de qualquer forma eu vou precisar de aulas a mais e vou entrar no grupo de estudos das aulas avançadas. Preciso de orientações mais profundas sobre a solução de questões pertinentes aos vestibulares universitários, quero cursar uma área como engenharia da computação ou algo relacionado.

Afinal eu não tenho mais que cuidar integralmente da Sara da Yasmim e do Arthur, eles se adaptaram bem com a Olivia, em certos aspectos ele realmente tem mais conhecimento sobre a psicologia infantil e está ajudando os meus irmãos a passar por um processo tardio de luto, por tudo que passamos.

Eu sei que contestei a decisão do Chris, mas eu realmente vejo agora que ele estava pensando em todos nós, em me dar tempo de estudo e assistência para eles se desenvolverem plenamente, e não precisar fazer isso como adulto como ele precisou fazer.

Aquela distância que ele me mantém da sua cama continua, perdemos certa intimidade privada, mas ganhei certa liberdade com ele. Sábado passado simplesmente se sentou do meu lado para ver um filme comigo, o Heitor a Yasmim e a Sara, ele simplesmente me puxou para deitar-me no seu peito, eu não resisti e aproveitei para dormir, dormir como eu não fazia a tempos.

A aula mal acaba e a Agnes pula da cadeira e sai correndo da sala, eu sei que ninguém mais percebeu, mas eu vi o Sr. Ross ficar muito tenso com isso, não quero me meter, no entanto eu quero profundamente ajuda-los seja para ficar juntos ou só se resolverem esse clima tenso faz mal para os dois, e as notas da Agnes ainda estão baixas, nem tanto pois eu a ajudo, mas no limiar do aceitável.

- Professor? – Chamo sua atenção, ele se vira para mim meio surpreso meio desconfiado, em quase 1 ano de escola nunca vim atras dele para depois da aula, as vezes antes, ou durante, mas eu respeito o fato de a aula ter acabado. – Embora eu tenha conseguido ir até agora sozinha, eu percebi que preciso de ajuda com as questões elaboradas para o vestibular, o senhor poderia me auxiliar com isso? Eu quero entrar para o grupo de estudos, é possível?

- Claro que sim Srta. Castle, é aberto para qualquer estudante que queira se aprofundar em questões de vestibular, e as vezes levo questões da faculdade para vocês fazerem.

- Obrigada professor, nos vemos de tarde na aula.

***

Saindo da sala dele fui almoçar com Agnes e Tomaz no refeitório externo da escola, peando um pouco de sol e esquentando minas mãos geladas por ter dedos finos e pouca gordura corporal.

A conversa foi leve na mesa, até a fatídica pergunta:

- Por que você demorou a sair da sala? Ia te esperar, mas fui ao banheiro, cheguei aqui e você não estava. – Agnes questiona com o garfo no caminho da boca.

Termino de mastigar e engulo antes de responder - Vou entrar em um dos grupos de estudos, as questões de vestibular são assustadoras para mim. – Tomo um bom gole de água pois minha garganta repentinamente secou.

Sua cara não nega a insatisfação, mas ela não coloca sua vida pessoal acima das outras pessoas, porém eu já a conheço o suficiente para saber que ele vai demorar para esquecer esse assunto, ou o considerar irrelevante.

- Certo, boa sorte com a aula, hoje eu vou para casa mais cedo, não precisa se preocupar de não me ver nas aulas. – Diz se levantando e indo em direção ao estacionamento.

Embora não seja de prática comum, alguns poucos alunos têm passe livre com permissão dos pais na escola, e Agnes é uma dessas sortudas, ou não, ele me confidenciou que é por causa do pai dela que existem esses passes livres, uma vez ele teve que vir aqui liberá-la e não foi bonito de se ver, não entendi isso até hoje, mas aceitei.

***

Para não ficar perambulando pela escola esperando dar a hora do grupo de estudos, vim para a biblioteca ficar sentada no chão em um canto do mezanino comum livro infantil na mão, daqueles que minha mãe lia para mim há muito tempo, parece que foi ontem.

- Não te via como uma leitora de clássicos infantis – Tomaz me assusta aparecendo do nado do outro lado da estante. – Te visualizei como uma leitora de não ficção histórica, algo como o diário de Anne Frank ou algo do gênero.

- Eu li esse recentemente para a aula de história, eu não gostei, me identifiquei de mais com a personagem para apreciar com distancia a trajetória de vida e morte dela. – Minha voz é melancólica, mas se ele percebe não demonstra. – Prefiro contos com finais felizes, me deixam com o coração quentinho. – Sorrio olhando a boca carnuda dela formar um sorriso preguiçoso de um gato manhoso.

- Gosto da sua sinceridade, e vou ser sincero, eu ainda quero te pegar, como amigo ou não. - Não aguento o comentário e rio de nervosismo.

- Eu não acho uma boa ideia isso – respondo e avalia, eu quero mais beijos quentes? – Pelo menos não aqui. – Completo pegando sua mão e o levando porta a fora para os cantos de pegação da escola.

Sua risada completada com um sorrisinho de lado me deixa animada com a ideia de lamber a boca dele. Tomando a iniciativa, seu braço redei-a minha cintura e me guia para um corredor vazio sem saída com uma grande pilastra estrutural no canto final.

Sem cerimônia me coloca contra a parede ainda com o braço na minha cintura me contraindo em sua direção e me apoiando na parede ao mesmo tempo. Sua outra mão sobe pelo meu ombro e apoia meu pescoço, agarro seus ombros e aprecio o início da sua sedução.


***

21/02/2022

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