27 Srta. Anya Castle

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 - Mãe, mãe. Eu quelo a minha mãe, eu não quelo injeção. – Ouço o choro do outro lado da porta sem poder fazer quase nada, e mesmo sabendo que deveria me abster, pois ninguém morre por tomar injeção, vou lá ver como posso ajudar minha pequena Sara.

- Sara, já conversamos, sua mamãe não está aqui. – Chris continua tentando acalma-la, mas sem sucesso algum. Entrei e sem pedir licença peguei minha caçula no colo pondo seu rosto contra o meu pescoço.

- Meu bebe, calma. – Ela envolve meu pescoço em seus bracinhos, se recusando completamente a me dar ouvidos. – Bebe, olha para a sua irmã, ela é uma mocinha que está se comportando. – Digo chamando sua atenção para Jasmim quietinha no canto olhando a enfermeira esterilizar o seu braço.

- Mãe, eu não quelo, eu quelo você. – Ela diz sem soluçar, mas ainda com o rosto repleto de lágrimas em uma expressão muito sentida, quase traída. Continua segurando-a no colo e a ninando para que se acalme, fato que em poucos minutos acontece.

Na chegada ao hospital tinha me separado do Christopher e das crianças para receber cuidados na minha mão, o ferimento foi pequeno, porém fundo, recebi um único ponto e a médica que me atendeu me receitou anti-inflamatório e remédios para caso eu sinta dor, além de repouso para mão machucada, coisa que já estou desrespeitando carregando Sara no colo.

- O que está acontecendo? – Pergunto a Christopher, que me olha acusador. – Achei que só a Jasmim e o Artur que iam tomar injeções.

- Mamãe, o papai quer me furar. – Sara reclama com a face ainda molhada das lagrimas que estava derramando. – Eu quelo ir pra casa mãe. – Continuo com a Sara no colo e vou até a cadeira onde Jasmim acabou de receber uma injeção, olhando em volta não vejo Artur.

- Jasmim, minha pequena, como foram suas injeções? Agora você está imunizada contra várias doenças, mas vamos precisar fazer isso outras vezes para ficar 100% ok? – Abraço jasmim com meu braço enfaixado mantendo sara no meu colo com o braço bom.

- Está sendo indulgente demais com a Sara, Anya. Ela precisa tomar vacinas tanto quanto Jasmim e Artur, e ser pequena não a faz ser exceção. Justo pelo contrário, por ser pequena ela está na idade e época de tomar vacinas e elas serem mais eficazes até. – Ela respira fundo, deixando de olhar para os meus olhos para encarar a manhosa Sara. – E que história é essa de ficar chamando Anya de mãe, Sara?

Eu me calo completamente, não tenho mais argumentos contra ele. Sua filha deve estar sob sua tutela, e realmente não posso ser uma intrusa e ficar me pondo no lugar de mãe. Mesmo nunca tendo ouvido falar de sua mãe por ninguém, suponho que a tenha e que sinta sua falta, eu com toda a certeza sentiria falta de estar com a preciosa sara, assim como sinto falta quando estou longe da minha doce Jasmim ou do meu corajoso Artur.

- Gostaria de uma resposta para ainda hoje, de preferência das duas. – Sua inquisição perde um tom julgador dando vez a uma voz cansada, desgastada, de quem está há muito tempo lidando com vários compromissos e responsabilidades.

- Anya, o gato fugiu. – Artur diz entrando na sala correndo e ofegante, fazendo com que todos nós foquemos nossa atenção nele. – Eu não gostei do gato por que ele te mordeu, mas eu não queria que ele fugisse, eu juro que foi sem querer.

- Onde você estava? – Ignora a fuga do felino completamente, e prendo minha atenção no meu filho para fugir da inquisição do meu... Meu.... Não sei o que Christopher é meu, e não tenho certeza do que ele quer ser meu, mas gosto de trata-lo como meu... É sem sombra de dúvidas gostoso repetir " Meu Christopher" –Fiquei preocupada quando entrei e não o vi aqui, precisamos que empreste sua coragem para a Sara.

- Como assim emprestar coragem Anya? – A expressão engraçada e confusa que meu menino faz é hilária, mas não posso rir e perder a chance de aproxima-los e dar a injeção em Sara. Serão dois coelhos com uma cajadada só.

- Sara está com medo, e precisa de coragem, acho que pode emprestar a sua para ela tomar a injeção que precisa não?

- Claro, empresto minha coragem sim, mas e o gato? – Sua voz inocente e apressada me levou longe em minhas memorias, em menos de um segundo revi eu e ele quase na mesma situação, mas era eu quem iria lhe emprestar minha coragem, mal sabe ele que toda a minha coragem vem deles.

- O gato voltará se quiser, nos encontrou da primeira vez e é capaz de nos encontrar de novo, a prioridade agora é a coragem da Sara. – Sara nos observa absorta, curiosíssima para saber como receberá a coragem de Art para usar como se fosse a dela própria. – Agora vá para o chão minha menina e deixe o Artur te abraçar, mas você também tem que abraça-lo o mais forte que puder.

Observo a cena enquanto minha cintura é rodeada por um único longo, definido e conhecido braço, sinto sua mão se encaixando em meu ventre e seus sábios soprares as palavras " Precisamos conversar" diretamente em meus ouvidos, fazendo arrepios se espalharem por todo o meu corpo, identicamente ao que acontece quando deitamos para dormir.




Devo a um pedido de desculpas e explicações reais a todos que acompanham este livro. Na semana em que deveria postar um capitulo por dia ( coisa que não consegui cumprir até o final) descobri que iria me mudar, de Manaus-AM para Taubaté-SP. Desde então estou profundamente ocupada com passagens roupas malas e viagem, faz já uma semana que me mudei e nesta semana pintei paredes, construí moveis e fiz pequenas reformas em meu novo lar. Peço perdão pela minha ausência e gostaria que não me abandonassem, pretendo terminar este livro de todo modo. 

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