Passar a tarde na companhia de Agnes não é de forma alguma algo que imaginei fazer por diversão, sem sombra de dúvidas Agnes é muito mais divertida e humana quando nos aproximamos do que no geral.
Ela é uma safada também, e isto acho que eu poderia ficar sem saber, afinal de que adiante tentar enterrar meus pensamentos sobre o corpo do Chris se ela vem quase grita-los ecoando minha voz interior no meu ouvido.
- Anya, você não pode simplesmente olhar para esse homem e ficar indiferente. - Agnes diz indignada.
- Tens razão, por isso me concentro vigiando as crianças, tendo certeza que ninguém está se afogando. - Respondo quase rindo de sua expressão indignada.
- Sem comentários, achei que uma mãe de três filhos conseguisse ser mais desinibida.
- Eu pelo menos não, mesmo tendo muita informação, acabei ficando só na teoria, nenhuma prática além do que eu fazia sozinha quando eu tinha mais liberdade. Depois de vir para cá nunca mais me senti relaxada o suficiente para me satisfazer.
- E relaxada o suficiente para deixar aquele gostosão te satisfazer? – Ela arqueia as sobrancelhas enquanto mantes um sorrisinho de canto para mim.
- Eu admiro o corpo dele, não, eu admiro ele como todo, por tudo que ele fez e faz, mas não sei se me sentiria bem tendo QUALQUER contato sexual agora, com ele ou sem, ou mesmo sozinha. Muito mudou dentro de mim.
- Nadinha? Um beijinho uns amassos... Nada? - Seu tom sai neutro, mas percebo suas mãos estalando os dedos.
- É. Nós dormimos na mesma cama juntos, e ele faz questão de não me tocar, mas durante o sono ele sempre me abraça bem apertado, eu gosto, me faz sentir seguram, como se por caua dos braços dele ninguém pudesse me tirar dali sabe.
- Antes de você vir morar com o Christopher... Aconteceu alguma coisa, bem, alguma coisa NÃO legal, né?
- Eu realmente prefiro não falar sobre isso. Não quero ser grossa, é só... - Parei de falar antes que minha voz fique embargada e meus olhos se encham de água, eu não sei se um dia vou conseguir não reagir a isso, mas agora eu não quero ter que lembrar e reviver.
Eu levanto e vou para o nosso quarto, eu quero me cobrir, vestir uma roupa que me proteja.
- Esse é o seu quarto?
Não percebi Agnes me seguindo, e não a respondo antes de sair do closet.
- Eu durmo aqui. - Ela olha pelas minhas costas, onde sei que pode ver uma variedade de Ternos e smokings, além dos meus jeans e moletons e um ou outro vestido que Lucia decidiu que eu precisava e comprou para mim.
- Você dorme mesmo com ele né. Não só isso, vocês compartilham o quarto como casados, isso está ok para você?
- Eu tenho escolha, já achei que não tinha, mas tenho, e por agora eu escolho estar com ele. Sei da diferença de idade, classe social, desenvolvimento pessoal, sei de tudo isso, mas estou aqui para ele assim como ele está aqui para mim. E vir você, ou qualquer pessoa dizer que é errado só por eu ter 17 e não ter perguntado a idade dele uma vez sequer não vai mudar nosso apoio um para o outro.
- 31. - Quase não me dei ao trabalho de me virar, sabia que Chris poderia ser silencioso, mas ele soou como um ninja, saídos das sombras só para executar a missão de me deixar vermelha com a minha declaração, se ao menos minha pele permitisse. - Mas só faço em novembro.
Seu olhar descia quente sobre mim, acho que não registrou a presença de Agnes.
- Você subiu correndo, achei que tinha passado mal. Está se sentindo bem? Não está com insolação, não é?
- Estou bem. - Caminho até ele, ainda pardo na soleira da porta. Me encosto em seu peito e contorno meus braços em sua cintura, me sentindo confiante em abraça-lo, sabendo que serei acolhida e correspondida.
- Se está bem vou descer, deixei as crianças sozinhas na piscina. - Ele beija minha testa, ficou com esse adorável hábito depois de me ajudar quando eu surtei.
- Vocês são fofos, mas não vivo sem minha Cat, que saudade dela. - Ela fala isso pressionando a palma de sua mão direita em seu tórax.
- Quem é essa?
- Minha namorada, desculpa, minha ex. - Ela suspira e sorri.
- Achei que gostasse de homens, ficou a tarde toda comendo Chris com os olhos, boca, dedos, e buceta, mentalmente claro.
- Gosto de homens, como gosto, mas homens são simples, básicos. Mulheres não, elas são profundas, poéticas. Veja, para mim os homens são úteis, como objetos, mas as mulheres são essenciais, como a arte. - Ela sorri e olha para a parede, onde sei que tem um quadro que nunca parei para olhar de verdade. - Mulheres são forças da natureza, e os homens força da humanidade. Eles levam todos para frente, mas nós levamos todos para cima.
- É encantador a forma que vê o mundo.
- Mas é mentira, bem só a segunda parte, quem pensa assim é a minha Cat, ela é incrível. - Ela me olha de novo, bem no fundo dos meus olhos. - Mesmo que coisas ruins tenham acontecido, você está aqui agora, e por você mesma, deveria se explorar e aprender a se dar prazer, pois no fim nós só temos nós mesmos.
Não a respondo, não tenho voz para isso, ela caminha até o meu lado e toca o meu ombro, me chamando para descermos de volta a piscina.
Mesmo voltando fisicamente, minha cabeça persiste repetindo as palavras de Agnes. Essa semana cheia de autos e baixos me rendeu mais um decreto interno... Vou parar de ignorar a existência do meu corpo, e o prazer que posso ter, eu não vou mais me reduzir a um evento traumático, eu sou mais que isso.
Eu sou uma força da natureza.
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Vendida e Herdada
RomanceHistória Original Wattpad https://my.w.tt/HTPiI1AbE6 Capa by: @beatrizmayara5661 Mesmo após ser sequestrada e semi resgata, Anya ainda persiste com a esperança no futuro, não um futuro para si, mas para seus irmãos menores. Anya foi entregue como...