Famous - Rocksalt

Capítulo 11:

A mãe de Nina era muito parecida com a filha, tinha cabelos cacheados longos e era da mesma altura da minha amiga. Ela falava um inglês quebrado e junto com o meu português mais quebrado ainda fez com que Nina rolasse de rir toda vez que interagimos.

— NINA VALENTINA O QUE SIGNIFICA ISSO? — Apesar de eu não ter entendido quase nada do que a mulher tinha dito, era bem óbvio que ela estava brava.

— Mainha se preocupe não, são da minha amiga. Deixe de coisa, vá.

— Esse monte de pedra?! Você só faz amizade com gente esquisita, valha-me Deus.

As duas discutiam o dia inteiro praticamente, então eu me refugiava na faculdade para deixar as duas com mais espaço.

— Millie, tô pensando em apresentar o Seb pra minha mãe. — Nina falou quando eu estava arrumando minhas coisas.

— O Seb? — Ela concordou. — Vocês conversaram sobre isso?

— Bem, sim. Nós estamos saindo faz um tempo já e eu não sei quando ele vai ter outra oportunidade de conhecê-la. — Ela disse, mais séria do que o normal. Enquanto isso, músicas brasileiras tocavam alto na cozinha, a mãe de Nina tinha insistido em fazer o almoço e ela cantava animadamente junto da música.

— Se vocês conversaram sobre isso e os dois acham que é uma boa ideia, então tudo bem. Eu só não sabia que estava sério a esse ponto. — Falei franzindo o cenho enquanto fechava a minha mala. O carro que a tal Glynnis iria mandar para me buscar iria chegar a qualquer momento.

— É eu... Eu não quis falar muito sobre o assunto porque, eu não sei, eu gosto de quando somos só nós dois sabe? Ele é uma bagunça, bagunça mesmo, mas não é tão ruim quanto parece ser.

— Bom, parece que isso é de família. — Suspirei. — Eu sei como é, mas acho que sua mãe vai adorar conhecê-lo.

— E EEEU! PAPAPAPA! GOSTAVA TANTO DE VOCÊÊÊ! — Ela cantou alto da cozinha, animadíssima. — NINA ESSA É DA MINHA ÉPOCA!

— Eles vão se dar super bem. — Conclui, ela riu alto e negou com a cabeça.

— Mas você vai mesmo sair? Minha mãe já disse que não liga de dormir no meu quarto. — Nina cruzou os braços, ainda apoiada no batente da porta.

— Vou sim, eu ia ficar na casa da Sakshi, mas ela tá na casa do pai dela junto do Perry e eles levaram as chaves. — Suspirei. — Mas a Flora arranjou pra eu ficar no apartamento dela.

— Caramba, tá sério assim? — Ela perguntou e eu dei de ombros. — E ela não tava na França?

— Não tô afim de pensar sobre isso. — Suspirei ficando em pé. — E ela está na França, esse negócio de princesa sabe?

— Sei sim. — Ela disse, ficamos em silêncio por um segundo. — Não acredito que de todas as pessoas nós duas pegamos os gêmeos reais.

— Não é? Quem diria. A Flora disse que vai tentar voltar amanhã, mas não sei.

— E aquela cafeteria que você tava trabalhando faliu mesmo? — Ela perguntou, eu terminei de colocar as últimas coisas.

— Pois é, vou ver se consigo um estágio ou outro trabalho. — Fiquei de pé e me espreguicei. — Ai minhas costas.

— Você tá parecendo uma velha. — Ela comentou e eu lhe dei um tapa.

— NINA FALA PRA SUA AMIGA QUE A COMIDA TÁ PRONTA!

— A comida tá pronta. — Nina traduziu, nada energética quanto sua mãe. — Agora você vai comer comida de verdade!

Fiquei surpresa com o quanto a comida estava boa, eu tinha certeza de que essa mulher tinha feito alguma magia, algum tipo de feitiço porque essa é de longe a melhor comida que eu já comi na minha vida. Com sorte minha avó nunca vai saber disso, ela iria ter seu terceiro ataque cardíaco e morrer de vez.