Five

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Homens normais costumam mandar um buquê de flores para sua namorada. Mas um buquê de... balões? No mínimo soa esquisito, não? Muito esquisito! Esquisito demais. Há pelo menos três dúzias de balões, e um deles se destaca no meio. É um coração vermelho.

Não consigo enxergar o rosto dela e nem o corpo, ela está encoberta por balões, mas eu poderia reconhecer aquelas pernas em qualquer lugar. Suas pernas são a personificação do pecado quando ela usa saltos. Aliás, as panturrilhas dela são uma delícia de qualquer jeito, mesmo quando ela está vestindo tênis e meias brancas, como agora. Meredith provavelmente saiu hoje cedo para a sua corrida matinal.

Meredith oferece os balões a qualquer um que passa em seu campo de visão. E, as pessoas o recusam. Meredith bufa, frustrada quando uma criança também recusa. Sigo caminhando em sua direção.

— Vamos ver se eu consigo adivinhar. Você vai largar o bar para ser vendedora de balões? Ou será que Deluca atacou de novo?

O que você precisa saber sobre Andrew Deluca? Deluca é o ex babaca da Meredith.

— É a segunda vez essa semana. Aposto que os outros moradores estão falando sobre o plano dele para voltar comigo, porque todos com certeza já sabem que é ele que faz essas coisas. — Meredith suspira irritada.

— Ele acabou de enviar isso, não foi?

— Sim! — ela responde brava. — Logo depois que falei com você, eu estava saindo para tomar um café rápido quando o porteiro interfonou para avisar que haviam deixado esses balões para mim. Mas eles eram grandes demais para caber no elevador. Mesmo que eu quisesse ficar com essa tralha gigante, eu não conseguiria levá-la para o apartamento.

— E você está tentando dá-los? — pergunto e estendo a mão, gesticulando para que Meredith entregue os balões a mim.

— Eu imaginei que uma criança pudesse aproveitá-los melhor do que eu.

Agarro o emaranhado de cordões e puxo os balões para mim, então os seguro no alto, sobre a minha cabeça.

— E se a gente simplesmente soltasse? Deixasse que voe por Manhattan, boa ideia, não?

Ela balança a cabeça numa negativa.

— Não dá. Balões acabam perdendo gás hélio e caíndo. Daí vão parar nas árvores ou no chão e os animais podem comê-los e adoecer. Isso não é nada legal.

Meredith é muito especial. Ela adora os animais. Que fofa, espero que ela continue assim quando souber o que estou prestes a contar.

— Tem toda razão — respondo. — Bem, então vamos direto ao ponto. Você suportaria testemunhar o massacre de três dúzias de balões estúpidos bem aqui?

Ela responde que sim, balançando a cabeça com determinação.

— Talvez eu fique traumatizada e chore, mas vou acabar superando...

— Tape os ouvidos — eu digo, então pego minhas chaves com a mão livre e começo a golpear os balões. Um a um, eles estouram fazendo um grande barulho — incluindo aquele com formato de coração.

Enfio os balões flácidos em uma lata de lixo na esquina.

— Pronto. Agora os animais estão livres desse flagelo.

— Obrigada — ela diz aliviada, tirando um elástico do pulso e o usando para prender o cabelo em um rabo-de-cavalo. — Como essas porcarias fazem barulho quando explodem. Mas quando você acaba com elas, elas ficam pateticamente frouxas.

— Igual ao Deluca? — pergunto, arqueando as sobrancelhas.

Os lábios dela se curvam em um leve sorriso. Ela está se esforçando para não rir e cobre a boca. Meredith não é o tipo de pessoa que compartilha segredos íntimos. Ela jamais me contou detalhes de sua vida sexual. Não que eu tivesse curiosidade em saber. De qualquer forma, ela era um túmulo.

Why me? - Merder Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora