Eleven

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Meredith se joga em um sofá, deixando a bolsa cair ao seu lado, e se acomoda de modo totalmente relaxado. Retiro-me para fazer nossos pedidos e volto com um Old Fashioned para ela e um bourbon com gelo para mim.

— À Meredith Sincera — eu brindo, erguendo meu copo.

— Ao herdeiro das indústrias Shepherd — ela diz antes de dar um gole. Então geme quando experimenta a bebida e olha para o copo com um sorriso no rosto. — Isso é divino. Prova.

Ela me entrega o copo e eu bebo um pouco. Um sabor delicioso explode em minha boca. Minhas papilas gustativas devem estar dançando agora.

— Deus. Será que conseguimos roubar a receita?

Meredith ri.

Na faculdade, nós éramos conhecedores de cerveja e costumávamos brincar durante as festas que iríamos abrir nosso próprio bar algum dia e que arrasaríamos porque sabíamos dizer se uma cerveja era de qualidade ou não. Não que isso seja uma habilidade tão especial assim, mas acabou sendo o nosso ponto de partida.

Meredith e eu estamos relembrando a época em que iniciamos nossa sociedade, enquanto o Gin Joint vai se enchendo de gente. A porta do bar se abre e por ela entra um grupo de várias garotas lindas, usando calças jeans muito justas e sapatos com os maiores saltos que já vi na vida. Numa reação automática, vinda das profundezas da minha mente, uma parte de mim pede que eu dê uma boa olhada nelas, mas o pensamento desaparece tão logo quanto surgiu.

Meredith e eu terminamos nossas bebidas quase ao mesmo tempo. Partimos para a segunda rodada e passamos a falar sobre os clientes mais
interessantes que tivemos ao longo dos anos. A conversa é leve e agradável e isso me faz lembrar o motivo de trabalharmos tão bem como amigos e por que será muito mais benéfico à nossa amizade se não voltarmos a praticar beijos novamente. O fato é que eu não quero abrir mão do que temos. Com Meredith eu posso ser simplesmente eu mesmo, e não tenho isso com mais ninguém. Gosto de estar aqui com ela, em uma conversa descontraída. Nós não fizemos muito isso quando Deluca estava por perto.

Como se fosse capaz de ler a minha mente, Meredith suspira com felicidade e diz:

— E pensar que perdi tantos momentos como esse quando estava com aquele idiota.

— Eu estava pensando a mesma coisa.

— É mesmo? — Ela inclina a cabeça e olha para mim com as sobrancelhas franzidas. A expressão em seu rosto é um misto de curiosidade e surpresa. — Quer dizer que funciona, então?

— O que é que funciona? — pergunto, curioso.

Meredith passa um dedo pela lateral do meu cabelo.

— Ora, o dispositivo que implantei na sua cabeça para poder ler a sua mente — ela responde com uma seriedade sarcástica.

Eu rio e dou um apertão no ombro dela.

— Você me pegou. A próxima rodada é por minha conta.

— É bom que todas as rodadas sejam por sua conta.

— A propósito, eu também senti falta de você. Quer dizer, senti falta de passarmos um tempo juntos quando você estava com ele.

— Ir para a sua casa e passar o tempo vendo televisão, comendo balas de goma ou tortas de limão e bebendo tequila ou vinho, dependendo do que achamos que vai combinar melhor.

— É, nós sabemos casar bebidas e doces como ninguém.

— É verdade. — Meredith me olha com carinho e chega mais perto de mim, quase como se tivesse a intenção de me abraçar. — Sabe, eu estou feliz por ter apanhado Deluca fazendo sexo com aquela mulher. Sei que isso parece estranho, mas é assim que eu me sinto. Comprar um apartamento com ele teria sido um erro enorme. Foi como se alguém estivesse me protegendo, cuidando de mim de um jeito estranho. Isso parece loucura?

Why me? - Merder Adaptação Onde histórias criam vida. Descubra agora