𝗮𝘁𝗲́ 𝘀𝘂𝗮 𝘃𝗼𝘇 𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮𝗿

cinco

Fazia dois dias que eu, minha irmã e meus pais tínhamos se mudado para Chicago. Meu pai foi transferido no trabalho e tivemos que fazer a mudança. No começo, eu não queria por conta dos meus amigos na antiga cidade, mas isso mudou quando eu conheci minha vizinha.

O nome dela é Shivani, a gente se conheceu no primeiro dia quando eu já tinha me mudado, e mesmo que ela não fale por não ter cordas vocais, eu acho ela bem legal. Eu não estou gostando dela, não, eu quero passar na faculdade primeiro para depois decidir o que fazer. E acho que Shivani faria o mesmo, já que a mesma está esperando abrir as inscrições.

—— Qual faculdade você vai fazer? —— pergunto.

—— Literatura .

—— Abriu. —— falei, mas ela pareceu não entender ——Abriu as inscrições, Shivani.

Ela olhou para a tela do computador e logo entrou onde tinha que passar os dados para a inscrição. que acabou não demorando muito, ela era rápida. Quando terminou, ela se encostou na cadeira e suspirou fundo.

—— Demora duas semanas para sair o resultado.

—— Você vai conseguir.

—— Você acha?

Assenti.

—— Que faculdade você vai fazer?

—— Minha mãe quer que eu faça engenharia.

-—— Mas você quer isso?

—— Por um momento, eu me interessei por isso, mas virou apenas uma obrigação. —— falei.

Acho que eu só iria fazer faculdade de engenharia para poder orgulhar um pouco a minha mãe, já que ela diz que eu não fiz nada disso a minha vida toda.

—— Então, você não quer isso?

Assenti novamente.

—— Acho que eu só quero orgulhar ela.

Nós dois ficamos em um total silêncio. Talvez a pior escolha foi ter dito isso, eu poderia ter falado outra coisa, não é?

—— Quer aprender algo em libras? Qualquer coisa mesmo, eu posso te ensinar.

—— Pode ser.

E foi assim a nossa tarde, e por incrível que pareça, foi divertido. Eu gostava de me divertir com ela. E acho que ela também gostava de se divertir comigo, ou pelo menos eu achava isso.

Quando anoiteceu, me despedi de Shivani e fui para a casa. Logo, encontro minha irmã no sofá enquanto mexia em seu celular.

—— Está gostando dela?

—— De quem?

—— Da loira do banheiro. —— respondeu irônica —— Da Shivani, lerdo.

—— Não. Quer dizer, somos bons amigos e acho que ela não gosta de mim.

—— Então, você gosta dela? Não acredito que está apaixonado, você vai ficar insuportável. —— reclamou.

—— Eu não gosto dela, Hina. Somos apenas amigos.

—— Você falou a mesma coisa sobre sua ex-namorada.

—— Podemos não falar dela, Hina? Que mania de trazer coisas do passado.

Ela suspirou.

—— Você está fugindo do assunto. Olha, mas eu tenho certeza de que desse jeito que você passa grudado nela, uma hora vão acabar se beijando. —— diz.

—— Por que você acha que tudo vai acabar em beijo?

—— Porque eu te conheço na palma da minha mão.

Ela foi em direção as escadas.

—— Ela é tão bonita. Se você não quiser, eu quero.

—— Não acredito que falou isso.

—— Não quebre o coração dela. Boa noite, insuportável.

Eu não iria quebrar o coração dela. Eu não sou tão idiota a esse ponto.