Me levanto quando ouço várias batidas na porta, por um segundo, eu tinha esquecido o que estava acontecendo, mas agora que eu lembrei, eu estava desesperada.
—— Shiv, você está aí dentro? A porta está trancada.
A porta estava trancada. Vou até a minha escrivaninha, abro as gavetas e tento procurar a chave reserva do meu quarto. Como que eu esqueci dessa chave?
Tento colocar a chave no buraco da porta, mas minhas mãos estavam tremendo. Assim que abro, abraço ele, tentando me acalmar.
—— Ei, ei, ei... 'tá tudo bem, eu estou aqui. Fica calma.
Ele era meu porto seguro.
—— Me diz, o que aconteceu?
Nós estávamos deitados na minha cama, eu não sabia como contar o que aconteceu antes dele chegar. Mas eu sabia que ele queria me ajudar.
—— Minha mãe aconteceu.
—— Ela te trancou no seu quarto? Por que ela fez isso?
—— Hoje faz seis anos que meu pai morreu. E ela me acha igualzinha a ele. Então, todo quartoze de junho, ela surta comigo. Literalmente. Mas acho que essa foi a primeira vez que ela me trancou no quarto.
Ele não soube o que dizer. Nem eu.
—— Não vou deixar isso acontecer de novo com você, entendeu?
—— Você não tem como impedir isso.
—— Se eu estiver com você, sim. Não vou te deixar sozinha de novo.
Assenti.
A gente não falou mais nada. Ficamos apenas deitados um do lado do outro. Me assusto quando nossas mãos se encostam.
Nós dois estávamos de mãos dadas. No meu quarto.
—— Eu posso soltar se você quiser.
Neguei.
Eu tinha gostado daquilo.
—— Não quero que você solte.
—— Não quero soltar.
Nossos rostos se aproximaram e a gente acabou se beijando. Eu e ele se beijamos. No meu quarto.
Se encaramos por um tempo, não era muito longo ou curto esse tempo. Mas eu gostava de ver ele, e acho que ele gostava de me ver.
—— Acho que essa foi a nossa melhor escolha.
—— Eu também acho.
Se beijamos novamente. Um beijo curto dessa vez.
Aquilo foi muito bom.
—— Olha, se você quiser, você pode passar a noite aqui, eu não queria ficar sozinha. E eu gosto da sua companhia.
—— Eu durmo com você.
Sorri.
Eu não queria que a gente virasse um casal sério, porque daqui a dois meses, ele vai para a faculdade. Sei que ainda tinha a internet para a gente conversar, mas não era a mesma coisa.
Não vou impedir dele ir a faculdade, mas um certo lado meu queria que ele ficasse comigo, mesmo que isso seja um pensamento egoísta da minha parte. E o outro lado dizia que eu não poderia me apegar ele, sabendo que daqui a dois meses tudo pode mudar. Isso inclui a nossa amizade, ou o que seja além disso.
Talvez seja mais que amizade. A gente só não sabe.
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𝗮𝘁𝗲́ 𝘀𝘂𝗮 𝘃𝗼𝘇 𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮𝗿
Fanfiction༆ 𝗦𝗛𝗜𝗩𝗟𝗘𝗬 ᯾ Onde Bailey se muda para uma nova cidade e conheçe sua nova vizinha, Shivani. Mas o que ele menos esperava era descobrir que a garota não falava por não ter voz.