Abro o computador para ver o resultado da faculdade, demorou um pouco para o site carregar, mas quando carregou, lágrimas saíram do meu rosto. E não foram lágrimas de felicidade.
Eu não tinha passado.
Eu já sabia que as chances eram mínimas, então eu não coloquei muita esperança nisso. Mas eu achava que dessa vez eu iria conseguir. Talvez eu não precise de faculdade, não é?
Pego meu celular e mando uma mensagem para Bailey. Eu queria conversar com ele. Nem que fosse por pouco tempo.
bay
me
saiu o resultado da faculdade
eu não passei
e você?bay
eu passeime
parabéns 🥳bay
que pena que você não passou
você vai conseguir na próximame
quer vir aqui amanhã?
só se você quiserbay
pode serme
acho que quero conversar sério
com você
sobre nossos sentimentos
a gente não teve tempo no hospitalbay
tudo bem
a gente pode conversar sobre
isso
até amanhãDesligo o celular e deixo em cima da cama. Levanto a cabeça quando vejo minha mãe abrir a porta. Ela tinha acabado de chegar do trabalho.
—— Como foi?
—— Não era compatível.
—— Imaginei. E a faculdade?
—— Também não passei.
—— Eu falei para você não colocar esperança. —— disse dando de ombros.
—— Não coloquei...
Antes que eu pudesse terminar de falar, ela saí do quarto e fecha a porta. Não acredito que ela fez isso. Por um momento, achei que minha mãe se importasse comigo, tanto sobre o hospital, tanto sobre a faculdade.
Me deitei na cama, eu tinha acabado de lembrar que na sexta iria fazer seis anos que meu pai tinha morrido. Hoje era quarta, amanhã era quinta e bom... sexta.
Eu sentia falta dele todos os dias, talvez a minha irmã também, ela não demonstrava, mas eu demonstrava muito. Pelo menos, no início. Mas isso não fez que minha mãe mudasse sobre o que ela pensa ao meu respeito.
Agarro o travesseiro o mais forte que eu podia para poder evitar as lágrimas. Eu não queria chorar outra vez. Eu não queria.
Mas eu não consegui evitar. Lágrimas já estavam pelo o meu rosto. Me levanto e pego um dos remédios para eu dormir. Isso me ajudava.
E adivinha? Me ajudou. Eu tinha dormido.
Eu vivi por muito tempo na base de remédios, porque eu não tinha amigos e minha mãe nunca quis pagar um psicólogo para me ajudar. Então, acho que os remédios foram as coisas que mais me ajudaram.
Um tempo depois, acordo e vejo pela janela que estava escuro, provavelmente já era de madrugada. Olho para a tela do celular e vejo que era quatro da manhã. Madrugada.
Eu perdi o sono, eu não consegui dormir. Tentei ler algum livro ou até ouvir música. Mas nada estava me ajudando.
Saio da cama e vou até a varanda do meu quarto, eu costumava fazer isso quando eu perdia o sono. Não ajudava, mas eu ficava tranquila. Eu gostava de observar o céu, principalmente a lua, eu adorava fazer isso.
—— Está acordada? —— me viro quando ouço Nour.
—— Chegou agora da faculdade?
—— Cheguei. E vim ver como você estava. Aconteceu alguma coisa?
Neguei.
—— Não. Eu só perdi o sono.
—— E você fica na varanda quando perde o sono?
—— Fico. Isso ajuda. —— ela foi até mim —— Sinto falta do papai.
—— Eu também sinto. —— me abraçou de lado.
Eu sabia que ela sentia falta. Ela só não demonstrava.
—— Mas fica tranquila, tá bom? Ele está com a gente, não fisicamente, mas está com a gente.
—— Bailey passou na faculdade. —— mudei o assunto.
—— Isso é bom.
—— E eu meio que falei o que sinto por ele.
—— Você tomou coragem?
Assenti.
—— A gente vai falar amanhã sobre isso.
—— Boa sorte, maninha. —— se levantou —— Preciso ir dormir, boa noite.
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𝗮𝘁𝗲́ 𝘀𝘂𝗮 𝘃𝗼𝘇 𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮𝗿
Fanfiction༆ 𝗦𝗛𝗜𝗩𝗟𝗘𝗬 ᯾ Onde Bailey se muda para uma nova cidade e conheçe sua nova vizinha, Shivani. Mas o que ele menos esperava era descobrir que a garota não falava por não ter voz.