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Quando eu perdi a voz, minha mãe praticamente me obrigou a aprender a falar em libras, porque ela achava muito vergonhoso eu ter que levar um caderno em todo lugar que eu fosse

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Quando eu perdi a voz, minha mãe praticamente me obrigou a aprender a falar em libras, porque ela achava muito vergonhoso eu ter que levar um caderno em todo lugar que eu fosse. E não foi só que eu tive que aprender, Nour e ela também aprenderam.

Me levanto da cama e olho para o post-it que estava ao meu lado. Leio o que tinha ali e um sorriso bobo aparece em meu rosto. Por que eu estava sorrindo?

eu tava com medo da sua mãe me ver e eu saí antes que ela chegasse, desculpa se eu fiz algo que você não gostou
me manda mensagem depois que acordar
bay vizinho

Achei fofo ele deixar uma mensagem em um post-it, só não entendi porque ele pediu desculpas, mas isso eu ia deixar de lado por enquanto. Mas antes pego meu celular e mando uma mensagem para ele, falei que já acordei e agradeci por ele ter me ajudado ontem a noite.

Me assusto quando Nour abre a porta. Escondo o post-it embaixo do travesseiro e largo meu celular na cama.

—— Se divertiu com seu amigo ontem?

Assenti sorrindo.

—— E seu amigo é aquele vizinho que se mudou agora pouco? —— perguntou.

Assenti de novo.

—— Viraram amigos... interessante. Que bom que fez amigos. Já se beijaram?

—— Não! Só somos bons amigos, Nour! Por que acha que a gente se beijou?

—— Porque vocês vivem grudados. Uma hora, vão acabar se beijando.

—— Eu não sei o que eu sinto por ele.

Ela tentou pensar em algo para dizer após ler o que eu escrevi.

—— Você gosta de quando ele está com você?

—— Gosto.

—— E seu coraçao bate muito rápido quando você está com ele?

—— Sim.

Largo o caderno na cama e levo as mãos até o rosto sem acreditar. Eu gosto dele. Eu gosto do meu amigo.

—— Você gosta dele. —— falou rindo.

Aquilo não tinha graça. Eu conheço Bailey fazia uma semana e poucos dias, como que eu posso gostar de uma pessoa que eu não conheço há mais de um mês? Uma semana e poucos dias!

Eu realmente adorava a companhia dele. Mas eu não imaginava que eu poderia criar um sentimento por ele.

Assim que Nour saiu do quarto, pego meu celular e vejo pela barra de notificação que tinha três mensagens de Bailey. E uma delas era perguntando se ele podia vir aqui hoje.

Normalmente ele vinha aqui em casa porque eu não saio de casa —— eu já contei isso para ele —— , e isso era bem divertido. Não é mais, não a partir do momento que eu descobri que eu tenho um sentimento por ele.

Acabei não respondendo sua mensagem. E também não respondi todas as outras que ele me enviou durante o dia. Eu achei que a melhor opção era ignorar ele até eu ter certeza do que fazer.

Me levanto quando ouço minha irmã gritar pelo o meu nome várias vezes. Desço as escadas correndo e encaro ela.

—— O hospital ligou.

Uma gota de esperança apareceu dentro de mim.

—— Acharam um doador. Ainda precisam fazer exames... você sabe como funciona.

Eu sabia como funcionava. Isso já aconteceu três vezes.

—— Só tem um problema. A mamãe está no trabalho e eu preciso ir para a faculdade, eu não posso te deixar sozinha no hospital.

—— Eu tenho 18 anos.

—— Do mesmo jeito. Se não for compatível, vai precisar de um amigo para ter apoio.

Por que ela deu ênfase na palavra "amigo"? Aí meu Deus, não acredito que ela fez isso!

—— Você ligou para ele? Está doida?

—— Vocês vivem grudados. E para a sua informação, maninha, ele que me ligou porque estava preocupado com você. —— suspirou —— Daqui a pouco, ele aparece. Eu 'tô dizendo, esse aí é para casar.

—— Você pediu para ele me levar para o hospital? Para ele ficar comigo?

—— Pedi. A voz dele até mudou quando eu pedi. Parecia uma criança quando ganha doce. —— riu enquanto pegava sua mochila.

—— Eu não acredito que você fez isso, Nour! Eu estava ignorando as mensagens dele por justamente não saber o que fazer.

—— Mais um motivo para vocês irem juntos. Precisam conversar.

Eu não tive muita escolha, mas quando eu saí de casa, ele não falou nada e eu não tive coragem de escrever nada. Ou nem tentar puxar um assunto.

Eu sei que eu não saia de casa, mas quando tinha algo em relação ao hospital, não era eu que decidia se eu deveria ir ou não.

—— Você está nervosa?

—— Só um pouco.

Abri a porta e saí do carro. Encarei a porta do hospital por cinco minutos e só depois tomei coragem de entrar. Me sentei na cadeira da sala de espera e eu estava tentando não surtar.

—— Já acharam três doadores para mim nos últimos anos. Mas nenhum era compatível. Eu tenho medo de acontecer isso de novo.

—— Isso não vai acontecer.

—— Não me dê falsas esperanças.

—— Olha, se não for compatível, não fica triste, uma hora aparece. E eu vou estar aqui com você caso você precise.

Sorri.

Me levanto da cadeira quando ouço meu nome ser chamado.

𝗮𝘁𝗲́ 𝘀𝘂𝗮 𝘃𝗼𝘇 𝘃𝗼𝗹𝘁𝗮𝗿 Onde histórias criam vida. Descubra agora