10- Mas depois me entrego

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ANDY CADMAN

 
    Assim que Drake foi embora, dizendo que me esperaria às oito, eu me ocupei com algo que fizesse as horas passarem mais depressa, então entrei em uma conversa com Valentin e Louise, que não pararam de falar naquele que eu estava tentando não pensar.

Louise repetiu inúmeras vezes que achou ele muito bonito e cortês, e as coisas que Valentin falava não eram muito diferentes, o único problema é que eu estava incomodado, me sentia estranho ao ver outras pessoas falando dele assim, em minha presença, e eles pareceram perceber.

Não me sentia enciumado, ou algo do tipo, era somente estranho, não me senti bem, e agradeci mentalmente quando não tocaram mais no assunto. Mesmo me sentindo assim, foi bom ver que os meus primos estavam pensando em outra coisa que não fossem seus pais.

Lou teve crises de choros constantes, desde que chegaram aqui, mas agora ela parecia melhor, e Val tentava sempre acalmar sua irmã, sendo forte pelos dois.

── Louise, poderia ir com o Tio William por um momento? Quero conversar com o Andy ── Valentin pediu, e ela assentiu, se retirando do quarto.

Confesso que fiquei bem curioso para saber oque ele queria conversar, já que simplesmente disse isso, sem falar nada comigo antes.

Assim que a porta se fechou, e ficamos sozinhos no cômodo, ele se virou para mim. Estávamos sentados na cama, com as pernas cruzadas em cima do colchão, e eu esperava um início de conversa.

── Preciso que seja sincero comigo, primo ── começou, e eu assenti, me sentindo nervoso. ── Eu não sei por onde começar, mas eu percebi, quando aquele seu amigo Drake, estava aqui, você pareceu incomodado com o que minha irmã disse ──

── O que quer dizer?

── Eu estou aqui, não como príncipe Francês, não como alguém que pode interferir em sua vida, mas sim como seu primo, que te ama mais do que qualquer coisa, e independente de qualquer coisa ── senti meu coração acelerado, porque sabia o que viria a seguir. ── Você está apaixonado por ele? ──

E o silêncio se estabeleceu, um silêncio agonizante, e por um momento eu desejei muito desaparecer, dar um jeito de não responder aquela pergunta, e esquecer aquela conversa, mas não podia fazer nada disso.

Somente responder, seja com a verdade, ou com a mentira.

── C-como? ── gaguejei, precisando respirar fundo. ── Não! Somos apenas amigos próximos, eu nunca pensei nele dessa forma ── disse rapidamente.

── Sabe que pode falar comigo ── insistiu.

── Eu já disse que não tem nada, Valentin! Somos amigos, nada mais ── bradei, mostrando uma falsa irritação. ── Se me dá licença ──

Ia me levantar, mas ele segurou em meu braço, e eu me sentei novamente ao seu lado, o olhando como quem esperava uma nova insistência, mas ele me olhou com receio.

── Eu sei que não deveria, e que isso é visto como errado, ainda mais quando Lou demonstrou interesse pelo seu amigo. Não quero que goste menos de mim por isso...── aquilo não estava acontecendo. ── Mas teria alguma chance do Drake não ter a mente como a dessas pessoas, e gostar um pouquinho de mim? ──

Novamente precisei respirar fundo.

Não poderia contar toda verdade agora, quando tão pouco atrás, eu disse com tanta certeza que não havia nada entre Drake e eu, mas não poderia imaginar que Valentin perguntava isso porque estava interessado nele.

Jamais imaginei isso.

── Eu...não...── proferi confuso em minhas próprias palavras. ── Desculpe-me primo, eu não sei se o Drake é esse tipo de pessoa, mas se quiser mesmo isso, posso conversar com ele, e ver o que pensa ── 

Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]Onde histórias criam vida. Descubra agora