19- Mas pra que viver fingindo

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DRAKE MACKENZIE

   Havia se passado cerca de uma semana desde o dia em que Andy entrou na igreja, e me fez um homem mais feliz. Uma semana que não consigo parar de sorrir ao me lembrar de todas as coisas que aconteceram daquele dia em diante. É como se eu tivesse voltado alguns anos para o passado, parecia um adolescente de novo.

Minha mãe resolveu que não queria falar comigo, por isso não me olha, e finge que não estou presente em momentos onde toda a família está reunida, como no jantar. Eu ainda estou aprendendo a lidar com isso, e tentando achar uma forma de ter sua aprovação quanto ao Andy e eu.

Os gêmeos não disseram nada, talvez por medo do que a mamãe vá dizer, já que ela sempre acha uma forma de dizer que estou errado, e pergunta para si mesma onde errou. Outro dia vi ela rezando, e no final da oração, em voz alta, ela disse: "faça com que meu filho volte para o senhor, o diabo já entrou em sua mente", sendo que ela sabe que eu sempre fui ateu, e é como se ela soubesse que eu estava no mesmo lugar que ela.

A tia Jane, bom... ali está ela, sorrindo para mim enquanto caminha em minha direção, e se senta ao meu lado no sofá. Sua primeira reação fora me abraçar. Um abraço apertado, finalizado por um beijinho sob meus cabelos.

── Como está, querido? ── assim que rompeu o abraço, colocou suas mãos sobre as minhas.

── Nunca estive tão bem, Tia. Me sinto vivo, como se de tudo eu fosse capaz ── ela sorriu, e eu também. ── Esses últimos dias tudo parecer estar finalmente onde deveria, fora a mamãe...──

── Está mesmo radiante. Nem me lembro o último motivo que sorriu assim, antes do Andy ── maneei positivamente. Nem eu mesmo conseguia me lembrar. ── Quanto a sua mãe, ela logo virá falar com você, e se não vier, apenas vá ser feliz, não se preocupe tanto com os outros, aproveite que está finalmente com o Cadman, sei bem como demorou para fisgar aquele peixão ── gargalhamos juntos.

── Demorei mesmo, mas não desisti, um Mackenzie não desiste nunca ── disse ao me esconstar no estofado. ── Pelo menos não eu ──

── Sabe, filho...── Tia Jane disse, soltando uma das minhas mãos, e levando a sua para afastar uma mecha de cabelo do meu rosto. ── Acho que eu sempre soube que iriam ficar juntos, desde antes do dia do baile, quando seu pai me chamou para uma conversa ──

── E disse que estava com medo da história se repetir, porque vocês já sabiam que eu estava apaixonado pelo Andy ── sorri, assentindo. Me lembrava bem desse dia. ── Eu ouvi ──

── Eu sei que sim

── Tia, acha que algum dia o Andy e eu vamos acabar como o meu pai e o William? ── eu realmente queria saber como éramos vistos de fora do nosso conforto.

── Eu não posso te responder isso, não tenho certeza de nada, a não ser que está visível que se amam, e sei que isso pode não ser o bastante, mas estou aqui para vocês, para o que precisarem ── ela me levou para perto, e me abraçou novamente. ── Vocês têm um ao outro agora, então aproveitem isso, nunca se sabe quando algo vai acontecer ──

── Tem razão, não preciso ficar me martirizando com isso agora, ou irei acabar esquecendo de aproveitar os bons momentos ── disse com a cabeça encostada em seu ombro. ── Obrigado tia, por ser sempre a mãe que eu nunca tive ──

── Eu estou aqui, para qualquer coisa, assim como sempre estive para o cabeça dura do meu irmão ── ela riu baixo, afagando meus fios de cabelo. ── Acho que nasci para ficar ao lado dos homens dessa família

Tia Jane sempre esteve ao meu lado, em qualquer discussão dentro desta casa, ou quando mamãe brigava comigo, até mesmo quando meus pais me proibiram de ver o Andy. Ela sempre fez de tudo por mim, é como uma irmã mais velha e protetora, mas que apenas quer me ver feliz.

Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]Onde histórias criam vida. Descubra agora