5- Eu tenho medo de te dar meu coração

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DRAKE MACKENZIE

   Eu estava acordado a uns quinze minutos, mas sequer havia me dado o trabalho de abrir os olhos, pois em minha mente passava todos os segundos de ontem a noite, e como foi maravilhoso ter a companhia de alguém interessante. Eu poderia passar todo aquele dia pensando nisso.

Minha mente trabalhava em me lembrar perfeitamente do momento em que ele me beijou, e foi muito melhor do que eu imaginei, aqueles lábios tão convidativos tiveram junto aos meus, achei que até fosse sonho, mas qualquer dúvida sumiu quando resolvi abrir os olhos, e ver que ele ainda estava alí, o que me fez sorrir, mas me mantive quieto, não queria acordá-lo, pois sabia que quando isso acontecesse, ele iria diretamente para sua casa, as pressas, e eu perderia a bela visão do seu rosto tranquilo, enquanto dormia ao meu lado, na minha cama.

Pelos dez segundos que observei outra coisa a não ser o seu rosto, notei o papel de código azul em cima da escrivaninha. Esse código foi criado pela minha tia Jane e por mim, para conversarmos sem o meu pai interferindo, então deixávamos papeizinhos no quarto um do outro.

Me sentei lentamente, e estiquei meu braço, conseguindo alcançar o papel, e então desdobrei, vendo a caligrafia bem familiar da minha tia.

Drake, querido, sabe que eu te amo, por isso peço para tomar mais cuidado com os garotos que trás para casa, principalmente se ele é um Cadman, mas saiba que não estou brava, e que seu pai não vai saber de um certo loiro bonito que está na sua cama.

-Titia Jane

Fechei o papelzinho e o segurei em minha mão, assentindo como se ela pudesse me ver, ao que voltava o olhar para o que estava ao meu lado.

── É sim tia, ele é maravilhoso ── sussurrei para mim mesmo, tirando as mechas de cabelo que caíam sobre seu rosto. ── Ele é como a mais bela melodia, que vem tocando na minha mente desde que o conheci ── meus dedos brincavam com os fios de seu cabelo, enquanto eu falava sozinho.

Foram cerca de cinco longos minutos até que ele começasse a se mexer, então tirei minha mão de seu cabelo, ao que o observava despertar. Ele conseguia ser lindo de todas as formas.

Seu olhar tranquilo e sereno se tornou desesperado no momento em que suas orbes castanhas encontraram as minhas, e ele percebeu que não estava em casa, sentando-se rapidamente, e deixando seus olhos estudarem cada detalhe.

── Andy? Está tudo bem? ── talvez não fosse o melhor momento para perguntar aquilo.

── Como pode estar bem? Eu estou encrencado ── ele levou uma das mãos até seus fios de cabelo, jogando-os para trás, daquela forma encantadora. ── Acho que me deixei levar pela adrenalina, agora vou ficar um bom tempo sem poder te ver, a menos que...── ele voltou a me olhar, ficando em silêncio por um tempo.

── A menos que você minta para os seus pais?── sugeri, vendo ele concordar. ── Não precisa fazer isso por mim ──

── Não vou fazer isso por você, vou fazer isso por mim, eu só saio de casa para me encontrar com você, e não vou perder isso porque resolveu dar um de orgulhoso ── apesar de tentar ser autoritário, acabou por conseguir um sorriso meu.

── Claro, então vamos lá

── Vamos lá? Você vai comigo?── perguntou confuso, e eu assenti.

── Eu preciso conversar com o seu pai, na verdade eu já deveria estar lá, não é tão cedo, Andy ── de fato não era cedo, e se o meu pai soubesse que ainda não havia ido até os Cadman, estaria encrencado.

Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]Onde histórias criam vida. Descubra agora