11- Faço tipo, falo coisas que eu não sou

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WILLIAM CADMAN

    Diferentemente dos dias anteriores, ao acordar nesta manhã, notei imediatamente que faltava algo em casa, talvez um pequeno enfeite fora do lugar, ou um quadro que estava torto, porém ainda não havia conseguido identificar o que era, mesmo estando mais fácil agora, que todos ainda estão em seus quartos, e talvez não soubesse mais o'que não estava por aqui, quando todos acordassem, e aquela casa virasse um fuzuê.

Caminhei por toda sala, analisando cada pequeno espaço, mas tudo me parecia, e então pisei lentamente no degrau da escada que me levava para o andar de cima, onde haviam os quartos do Andy, e o que agora pertencia a Valentin e sua irmã.

Não acreditava realmente que algum deles pudesse ter saído logo cedo, ou que estivessem todos no mesmo quarto, e nem seria problema, porém estava sentindo que o real 'problema' que eu estava sentindo, a falta de algo, poderia ter algo haver com os garotos.

Lentamente abri a porta do quarto daqueles que se hospedavam aqui, e pude vê-los dormindo tranquilamente, oque de forma foi um alívio, e então segui para a porta ao lado, abrindo a porta também devagar, porém em vão. Meus olhos se arregalaram minimamente ao ver a cama do meu filho completamente arrumada, e sem qualquer sinal dele.

── Não, não, não...── repeti para mim mesmo, ao cogitar o que novamente poderia ter acontecido.

Soube da noite em que Andy estava nos Mackenzie, e soube que passou a noite, mas ele tinha um motivo aceitável para que minha esposa acreditasse nele, menos hoje...ele realmente não teria esse motivo.

Desci a escada novamente, e passei pela porta de casa, depois de pegar um casaco. Sem pensar direito, segui caminho para casa do Drake, mas dei meia volta, e segui para o lugar menos óbvio, e que eu sabia que seria uma possibilidade deles estarem.

Eu deveria ser o pai rígido, causar uma grande balbúrdia por algo pequeno, e certo, mas felizmente não consigo, se o meu está feliz, eu também estou, e sabia que nesse exato momento, ele se encontrava muito feliz, caso ele tenha realmente passado a noite com o outro garoto.

Passei rapidamente pelo caminho da floresta, e acabei por adentrar no clube do livro fundado por Andy e alguns outros amigos, mas eles não estavam, então me restava somente um lugar, que eu com certeza iria preferir não voltar, mas no momento não havia escolhas.

Ao chegar no final da floresta, pude ver o campo vasto, o farol branco com a listra azul, sendo uma das coisas que mais chamam atenção entre aquele mato verdinho. O céu estava tão lindo e límpido, eu poderia vê-lo por horas.

Por um momento, senti uma grande saudade da minha juventude, e o tempo que eu poderia ter aproveitado muito mais se eu fosse inteligente, porém falhei, e não poderia deixar meu filho fazer o mesmo.

Ao me aproximar do farol, não pude vê-los, eles não estavam por ali. Procurei embaixo de todas as árvores presentes por perto, e somente então eu cogitei a pequena cabana.

A cada passo eu rezava para que estivessem alí, e não tenham sido pegos.

Parte de mim hesitava sempre que eu pensava o'que iria encontrar, mas era inevitável pensar em coisas assim.

A dois metros de chegar na porta da casinha, pude ver quem eu menos queria no momento, provavelmente também atrás do seu filho, e não me surpreende que tenhamos vindo procurá-los no mesmo lugar, afinal, era bem conhecido por nós no passado.

Engoli seco, e voltei a caminhar para perto do determinado local, e acabei por chamar a atenção do homem, em um ato não intencional de pisar em um maldito galho.

  ── William?! O que faz aqui? Não venha me dizer que está envolvido nessa confusão com o Drake e o seu filho ── seu tom de arrogância era mantido a cada mísera palavra que saía da sua boca.

Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]Onde histórias criam vida. Descubra agora