22 de maio de 1892, Summerside, ilha do príncipe Eduardo- CanadáDRAKE MACKENZIE
Hoje fazem exatos dois meses desde que enviei a última carta para Andy, quando decidi que estava na hora de parar de agir como adolescente, já que agora estou para me tornar um homem, e prestes a me casar, mesmo que contra a minha vontade, mesmo que esteja sendo obrigado pela minha mãe, que descobriu dos meus reais sentimentos por Andy, e está me forçando a casar com sua prima, somente para manter nosso nome intacto.
As coisas não têm sido fáceis, todos estão muito abalados desde que Andy foi para guerra, quase três anos atrás, e conforme o tempo passou, e notícias sobre mortes surgiram, quase todos os moradores de Summerside começaram a perder as esperanças, até mesmo disseram que Andy deveria ter sido uns dos primeiros a morrer, o que não ajudou muito com a situação de William Cadman, que ficou louco por um tempo, chegou até mesmo a ser internado, mas agora está bem, se conformou com a possível morte do filho, e está tentando ser feliz.
Também perdi as esperanças quando Andy parou de me escrever, eu não poderia ficar me magoando dessa forma, acreditando que ele está vivo, quando no fundo sinto que não, que ele está muito machucado, ou até mesmo morto, mas era difícil acreditar em algo relacionado ao seu fim. Andy foi, e sempre será o grande amor da minha vida, mesmo que não seja recíproco, eu não consigo deixar de amá-lo, ele estará sempre em meu coração, eu o amo mais do que tudo.
Louise, sua quase prima, foi quem me deu mais apoio nesse tempo, ela têm sido uma grande amiga, mas ainda sim não consigo pensar nela como a minha esposa, eu não a amo, e ela também não me ama, mas Valentin é seu responsável legal, e por ela não ter idade o suficiente para decidir o que quer, ele está obrigando ela a se casar comigo. Será uma vida infeliz para ambos, mas não podemos fazer nada a respeito.
Às vezes eu preciso ir a lugares que me lembram o Andy, para manter a memória viva, para que eu não me esqueça dele, mas em certo ponto eu começo a esquecer o seu rosto, a sua voz, e tudo passa a ser somente um borrão em minha mente.
Daria tudo por mais um dia ao seu lado.
Estava sentado em minha cama, segurando uma orquídea murcha mandada por ele, enquanto as lágrimas molhavam meu rosto. Eu estava me sentindo péssimo, amanhã mesmo entraria em uma igreja com a prima daquele que amo, era como traí-lo, trair sua memória.
A porta do quarto fora aberta repentinamente por uma Louise ofegante, e desesperada, e a minha primeira reação foi me levantar, e colocar a flor sobre a escrivaninha, antes de ir até ela.
── O primo Andy...── proferiu ofegante, me deixando ansioso. ── Ele voltou ──
── Que brincadeira é essa? Está me torturando? ── eu estava nitidamente nervoso.
── Drake, eu não estou brincando, o Andy voltou, está na casa do tio William ── respondeu ainda ofegante, com uma mão sobre o peito. ── Vá logo, o que está esperando? Eu lido com os seus pais ──
Eu ainda estava tentando processar aquela informação, não sabia se ela estava falando a verdade, mas preferi acreditar, porque eu queria que fosse verdade, queria chegar e vê-lo lá. Antes de sair, eu deixei um beijo em seu rosto, a agradecendo.
Corri escada abaixo, e saí de casa como um louco, sequer precisaria de uma carruagem ou de um cavalo, não estava com tempo para todo o processo de esperar, eu queria chegar logo, e a casa nova do senhor Cadman nem ficava tão longe da minha, por isso corri rápido, para chegar logo.
Estava ofegante e ansioso, meu coração batia aceleradamente, simplesmente não conseguia me controlar. Se aquela fosse alguma brincadeira, eu ficaria desesperado, pois toda esperança nasceu em mim novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]
Romance*OBRA CONCLUÍDA* Era o começo de 1890, na ilha do príncipe Eduardo -Canadá- quando as famílias Cadman e Mackenzie resolveram tentar quebrar toda richa criada anos atrás, pelos seus ancestrais, mas ainda sim não se suportavam, mantinham sempre distân...