DRAKE MACKENZIE
Nos esquecemos completamente que estávamos em uma casa onde ainda tinham pessoas, e a porta do quarto dele foi aberta, fazendo eu sair rapidamente do seu colo, e encarar quem estava diante da porta.
Eu e Andy nos entreolhamos, e eu não conseguia decidir se estava nervoso, ou com muita vontade de rir da sua expressão. Estava assustado, é claro, mas talvez pudesse ser bem pior, e Andy deveria estar bem mais preocupado do que eu estava, pois não sabia um terço do que eu sabia.
E se soubesse, não acreditaria.
Ele ajeitou suas vestes rapidamente, ficando de pé ao encarar o seu pai, que foi quem abriu a porta do quarto, e por isso me encontrava menos nervoso do que esperava, cogitei sua mãe, ou algum dos seus primos.
── Drake! É uma surpresa te encontrar aqui ── o homem disse, e eu assenti, dando dois passos à frente para cumprimentá-lo. ── Me parece que o assunto daquela nossa conversa deu muito certo, não é mesmo? ──
── Confesso que fiquei surpreso com a facilidade em conseguir o'que eu queria ── respondi com um pequeno sorriso em meus lábios.
── Fico feliz em saber. Só não façam isso com a porta aberta quando Emma estiver em casa ── sussurrou ao se aproximar minimamente.
Andy, ao notar que estava sendo completamente excluído da conversa, pigarreou, chamando nossa atenção, que logo foi voltada totalmente para ele, que ainda estava de pé, com os braços cruzados na frente do corpo.
── Então papai, posso saber o motivo da sua chegada ilustre sem ao menos bater? ── perguntou no mesmo instante.
── Queria pedir, se não for incomodo, que deixe a pintura de lado pelo menos por um minuto, e dê atenção aos seus primos ── o homem pediu, e ele assentiu. ── Acho que eles vão gostar de conhecer o Drake ──
── Claro papai, irei mandá-los subir assim que guardar tudo
── Obrigado, filho. E Drake, se não for incomodo, poderia me acompanhar um momento? Quero te mostrar algo ── negativei, me virando para Andy, que apenas sorriu ladino, fazendo um breve aceno com a cabeça.
── Claro, senhor
Deixamos o quarto do menino aloirado, e seguimos para o andar de baixo, onde logo deixamos a casa pela porta dos fundos, chegando então a um lugar já conhecido por mim.
De longe eu tinha a vista da fazenda, o estábulo, celeiro, tudo como um dia eu imaginei, só não pensei que conheceria tão logo, mas parece que pelo menos uma vez, a sorte está ao meu lado.
Caminhamos um pouco mais para fora, andando por baixo das árvores que ali estavam presentes. Confesso que estava ansioso para tal conversa, talvez até mesmo um pouco nervoso.
── Você e o Andy...── iniciou, tendo minha atenção enquanto caminhávamos em passos lentos. ── Parecem estar muito bem ──
── Realmente estamos, ele parece menos inseguro quanto a tudo, seus toques, palavras. Até mesmo o medo de sermos pegos desapareceu ── comentei animado, ao deixar meu olhar sobre a vista que eu tinha. ── Ele diz que não acredita no amor, mas acho que ele está mentindo ──
── Torço por vocês, filho! ── trazendo-me algo que nunca tive do meu pai: conforto, ele passou uma mão por volta dos meus ombros. ── Não tenham pressa, apreciem os mais pequenos detalhes, não quero que acabe antes do meu filho confessar que está apaixonado ──
── Senhor Cadman, eu tenho uma pergunta ── cocei a garganta, pensando em como perguntar isso de modo que não parecesse indecente. ── Andy me contou que iria colocá-lo para casar. Se quer que ele seja feliz, por que conseguiu uma esposa para ele? ──
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Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]
Romance*OBRA CONCLUÍDA* Era o começo de 1890, na ilha do príncipe Eduardo -Canadá- quando as famílias Cadman e Mackenzie resolveram tentar quebrar toda richa criada anos atrás, pelos seus ancestrais, mas ainda sim não se suportavam, mantinham sempre distân...