ANDY CADMAN
Quando acordei naquela manhã, me sentia extremamente nervoso, não sabia como agir, se estava fazendo o certo, se eu deveria me arriscar tanto, ou se era por uma boa causa, e eu estava fazendo o certo. O problema é que nada parecia certo quando eu estava diante daquela situação, nada parecia ser o que eu queria fazer, por isso me sentiria péssimo com qualquer decisão que eu tomasse, mas não poderia voltar atrás.
A última vez que estive com Drake foi duas semanas atrás, quando disse que não sentia nada por ele, e avisei que estava partindo por um tempo indeterminado, mas eu sabia que parte do que eu lhe disse era mentira, eu tinha sim sentimentos por ele, esses que não poderiam continuar comigo, e daria um jeito de esvair tudo isso quando eu fosse embora, talvez eu conseguisse, ou talvez não, mas saberia somente se eu tentasse, e isso estava fazendo.
Muitos diriam que estou me arriscando por algo bobo, e foi algo que o meu pai me disse, mas como havia dito para Drake, nada faria com que eu mudasse de idéia, não depois de tudo que eu ouvi da minha mãe no dia em que meu pai fora atrás de mim no farol. Lembro-me das suas palavras exatas usadas para dizer que sou um péssimo filho, e que eu merecia morrer por estar envolvido com um Mackenzie, então que seja, se for para eu morrer, que seja em uma guerra, por uma causa nobre.
Meu pai veio a mim, tentou fazer com que eu mudasse de idéia, assim como Valentin, que se desculpou inúmeras vezes, mas era tarde, eu estava partindo para Itália naquela manhã, onde seríamos treinados para lutarmos.
Minha mãe pareceu muito arrependida ao me evitar todos esses dias, e se recusar ao me levar até a estação de trem, alegando que não tinha mais um filho, palavras essas que me deram na alma, mas pelo menos tive a companhia do meu pai, que foi o único a estar do meu lado a todo momento, e Louise também, fiquei bem em saber que ela não estava envolvida em tudo isso, por esse motivo, veio comigo até a estação também.
Estávamos os três de pé, esperando o trem que só chegaria daqui quarenta minutos, mas ainda sim preferi me prevenir, eu não queria acabar perdendo, e ter que ficar mais um dia em Summerside, não planejava voltar alí por um bom tempo, pelo menos não até com que eu me esqueça de tudo que passei nos últimos dois meses.
── Mandarei uma carta assim que chegar, eu lhe prometo ── garanti ao meu pai, que perguntava pela sétima vez como nos comunicaremos. ── Estou indo fazer o bem, papai, uma causa nobre, pense por esse lado ── sorri para o homem que parecia mais nervoso do que eu.
── Estou com muito medo de te perder, meu filho ── confessou, me abraçando. ── Pode não se machucar fisicamente, mas seu psicológico ficará muito abalado, irá morrer por dentro ──
── Titio tem razão, Andy, você voltará outra pessoa ── Louise comentou.
── Ótimo, essa é a intenção afinal ── me afastei do meu pai, e levei uma mão para cada lado do rosto da garota alí. ── Me prometa que cuidará do meu pai, e que não irá deixar ele ver Emma novamente ──
A menina suspirou longamente, e assentiu.
── Eu prometo, titio não voltará para casa de Emma nunca mais ── me garantiu.
Quando eu tive a primeira briga de verdade com a minha mãe, no dia do farol, o meu pai decidiu que não queria mais estar casado com ela, e não só pelas coisas horríveis que ela me disse, mas o casamento deles já havia desandado há muito tempo, então ele saiu de casa, e voltou a morar em sua antiga casa, quando morava sozinho.
Eu lhe disse que foi uma decisão sábia, ele não tinha mais assuntos a tratar com a minha mãe, que mais uma vez fez uma confusão, alegando ser culpa minha, e dizendo que papai sempre ficaria do meu lado, o'que não era bem uma mentira, mas o relacionamento deles já havia acabado há tempos.
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Cartas para Andy Cadman [LGBTQIA+]
Romance*OBRA CONCLUÍDA* Era o começo de 1890, na ilha do príncipe Eduardo -Canadá- quando as famílias Cadman e Mackenzie resolveram tentar quebrar toda richa criada anos atrás, pelos seus ancestrais, mas ainda sim não se suportavam, mantinham sempre distân...