A primeira vez é surpreendente

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Algumas semanas se passaram desde que todos haviam concordado em me deixar viver no mundo lá fora. Meu pai e o tio Sam vivem me falando como tudo pode ser uma ameaça lá fora, mas o anjo Castiel esteve quieto durante esse tempo, o que era estranho. Mas eu estava tão empolgada com tudo, que acabei deixando passar despercebido. 

E estava realmente acontecendo, outra vez todos juntos no Impala, Dean dirigia devagar demais para quem sempre o faz como um louco. Talvez ele quisesse que tudo passasse mais lento, o que tornava ainda maior a espera. 

Agora estamos a caminho da casa da Jody, que embora seja uma grande amiga deles, eu nunca a conheci. Ouvi algumas histórias sobre ela há alguns anos, mas nada que realmente me fizesse sentir mais próxima dela...

Jody havia oferecido a sua casa para que eu possar ter onde passar as noites durante  a minha temporada longe do bunker. Confesso que estou nervosa, com medo, ansiosa, até já pensei em pedir para voltar para o bunker e esquecer toda essa história, mas estou prestes a viver tudo o que sempre desejei desde muito nova, não posso simplesmente voltar atrás por uma insegurança boba. 

Enquanto tento não encarar as três faces desoladas dentro do carro, repito para mim mesma que tudo vai ficar bem. 

Minha nossa! Foram as horas mais demoradas que já se passaram, nossa, nossa! 

— Chegamos! — Dean avisou assim que estacionou o carro em frente à uma bela casa. Antes mesmo de descermos, Jody saiu de casa e se apressou para nos receber. 

— Rapazes! — Disse animada. Primeiro envolveu tio Sam num abraço, em seguida fez o mesmo com Dean. Castiel também a cumprimentou e sorriu amigavelmente. — Você só deve ser a Kate, certo? 

— Sim. — Deixei escapar o meu melhor sorriso enquanto observo a mulher se aproximar sorridente. 

— Espero que sinta-se em casa. — Falou enquanto me abraçava. — Vamos entrar, acabei de preparar o jantar e as meninas estão loucas para te conhecer. 

— Meninas? — Perguntei surpresa já que ninguém havia me falado de meninas ou qualquer outro detalhe que possa parecer importante. 

Minha pergunta foi respondida assim que entramos na casa. No sofá da sala, duas jovens estão a nos esperar. E lá veio outra cena daquelas em que todos se cumprimentam... 

— Meninas, essa é a Kate. — Jody nos apresentou. — Kate, essa é a Clarisse. — A garota loira me ofereceu um sorriso amigável. — E essa é a Linda. — A outra jovem, essa de cabelos negros, me ofereceu um tímido sorriso. 

E foi a primeira vez que conversei com garotas. Eu me senti uma formiga perdida num ninho de gafanhotos. Ainda assim, foi a conversa mais legal que já tive em muito tempo.

[***]

Depois de um jantar animado e barulhento, acompanhei os rapazes até o impala estacionado em frente à casa. Em silêncio, estamos os quatro lado a lado.

— Katherine. — Tio Sam rapidamente me alcançou. Não pensei duas vezes antes de abraçá-lo ao estarmos finalmente ao lado do carro.

— Tio Sam. — Sussurrei.  — Cuida bem do meu pai. Não deixa ela se afogar nas cervejas e nem se empanturrar de tortas. — Pedi.

— Claro que sim, Kate. — Ele confirmou. — Me prometa que não vai fazer nenhuma loucura e que vai ficar longe de confusão.

— Farei o possível, tio Sam. — Apontei. — E não deixa o anjo Castiel se enfiar dentro do meu quarto. Ele vive bagunçado as peças que preparamos o chá da tarde.

— Manterei ele bastante ocupado, Kate. — O grandão me encarou em expectativa. — Não nos faça voltar aqui antes do tempo.

— Não vamos nos ver por muito tempo, tio Sam! — Reforcei.

— Anjo Castiel! — O peguei de surpresa ao me aproximar do anjo do outro lado do carro.

— Pequena Kate. — Ele me olhou rapidamente. — Você cresceu. — Ele comentou.

— E ainda continua me chamando de pequena kate. — Comentei. — Você é a minha pessoa preferida, não sabe?

— Sou? — Perguntou em expectativa.

— É sim, anjo Castiel. — Confirmei. — Não deixa o meu pai se perder durante o tempo que eu estiver longe.

— Sam e eu cuidaremos bem do Dean, Kate. Não se preocupe.— Ele pediu. — E não se esqueça de mim enquanto estiver levando uma vida normal.

— Me dá um abraço, anjo Castiel! — E sem mais esperar, ele me abraçou forte.

Por último, me aproximei do rapaz com a expressão séria próximo ao porta-malas do carro.

— Dean... Pai... — Seu olhar desolado me fez mudar as palavras. — Não é o fim do mundo, ok?

— Isso é o que você pensa, Kate. — Ele retrucou. — Eu fico louco só de pensar em te deixar aqui... — Sua confissão me fez estremecer. — Você mal conhece o que tem aqui fora e... E... — Ele se perdeu nas palavras assim que o abracei.

— É você quem parece a criança da relação, Pai. — Apontei.

— Não seja boba, Kate. — Ele pediu. — Não me faça voltar aqui e te levar de volta pro Bunker.

— Eu sei, eu sei... Tio Sam e Cas já deixaram isso bem claro. — Apontei. — Não voltarei no Bunker tão cedo.

— Assim espero. — Ele cruzou os dedos. — Pegou os cartões de   crédito? — Confirmei rapidamente. — Use com moderação.

— Claro. — Sorri animada. — E será que eu poderia ficar com a... — Antes que eu pudesse terminar, Dean me ofereceu sua faca. — Cuida bem dela, é a minha preferida.

— Obrigada, pai. Eu te amo! — Disparei.

— Você... — Agora estou a encarar um homem em choque. Ah, fala sério!

— Acho que te dei algo pra raciocinar pelas próximas semanas. — Dei de ombros.

Instantes se passaram e Dean não tinha dado se quer uma palavra.

— Vai processando isso no caminho, Dean. Agora voltem pra casa! — Pedi. — Me liguem quando chegar!

— Você sabe que pode me ligar se não conseguir dormir. — Castiel comentou. — Eu posso te contar uma história.

— Eu conheço todas as suas histórias, anjo Castiel. E todas são sobre um pai super poderoso e seus filhos brigando por atenção. Acho que posso adormecer sem elas. — Conclui. — Agora saiam daqui!

E foi então o momento exato em que me apressei para entrar no meu lar pelos próximos meses. 

[***]

É a minha primeira noite fora do bunker, longe dos rapazes e como eu me senti feliz. Com um pouco de saudade, não posso negar, mas que sensação maravilhosa!

Sem histórias aterrorizantes, sem cheiro de cerveja...

Estou na cama, o quarto tem cheiro de flores e as meninas já estão dormindo. Ainda encaro o teto, o sono não me alcançou e nem mesmo sei no que pensar no momento.

Me sinto ansiosa, amanhã será um grande dia... Estou com medo, nervosa... Ah, eu finalmente serei uma garota normal.

Mas logo saí do devaneio ao escutar me celular tocar. O nome de Dean na tela me pegou de surpresa.

— Pai? Aconteceu alguma coisa? — Disparei.

— Eu também te amo, Kate. Você é uma garota incrível.

E antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele encerrou a ligação.

Aquela era a revelação que me faltava para me deixar ainda mais distante do sono...

Meu pai me ama, ele disse que me ama!

Dean Winchester, me ama!

A Filha de Dean Winchester (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora