Conversas, cerveja e esperança

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Ponto de vista - Dean 

— Vamos conversar antes de... — Tentei chamar a atenção de Kate assim que estacionei o carro na garagem do bunker, mas muito facilmente a garota me ignorou e apressou os passos para dentro. 

— Parece familiar? — Sam perguntou ao me acompanhar para fora do carro. 

— Pelo visto ela está entrando na fase rebelde... Não sei se aguento não, rapaz. — Reclamei. — E quanto à você Castiel, temos alguns assuntos para tratar! — Alertei o anjo que acabara de sair do carro. 

— Eu vou falar com a Kate. — Sam avisou antes de entrar. — Não pegue pesado com o Castiel. Embora ele mereça uma dura por sumir sempre que pode! — Ele ressaltou. 

— Dean... Eu... — O anjo até tentou, mas eu estava furioso demais. Em silêncio, me aproximei dele até estarmos de frente um para o outro. Eu poderia facilmente esganar esse anjo sem juízo! 

— Você não tem o direito de falar nada, Castiel! — Esbravejei. — Você deveria cuidar da Kate, mas ao invés disso você resolveu bancar o espertão e saiu sem avisar. — Continuei. — Você ao menos imagina o quão preocupado eu fico toda vez que você some?! Droga!

— Dean... — Ele tentou outra vez, mas nem preciso dizer que eu estava disposto a pôr toda a minha frustração para foca. 

— Droga, Castiel! Eu vi o Sammy arrancar a cabeça da minha filha e depois eu tive que arrancar a sua! — Reclamei. 

— Eram metamorfos, Dean. — O anjo alertou cautelosamente. 

— Mas tinham a aparência de vocês! Eu nunca me acostumo com aqueles malditos! — Não posso parar de reclamar. — Eu não faço mais nada da vida a não ser me preocupar com você ou com a Kate! 

— Dean, eu já sou bem crescidinho. Posso me cuidar sozinho. — Ele ressaltou. 

— Acontece que eu me preocupo, Castiel! — Disparei. — Se algo acontecer com você... Eu não sei do que sou capaz... — Deixei um suspiro escapar. 

— Dean, daqui a pouco você vai estar cheio de cabelos brancos... Não pense que pode sempre controlar tudo em sua volta! — Afirmou enquanto parece me avaliar. — E por falar nisso, acho que tenho algumas informações sobre o paradeiro do Kevin. 

— É mesmo? — Pareci interessado. O anjo confirmou. 

— Da última vez que ele foi visto, Kevin estava comprando uma passagem de ônibus com destino à Las Vegas. — Castiel apontou. 

— Ih... Rapaz, eu não sabia que o tal profeta curtia uns cassinos. — Brinquei. 

— Isso é sério, Dean. — O anjo pareceu não achar graça na minha piada. — Precisamos encontrá-lo. 

— E quais as chances disso acontecer, Castiel?! Uma em um milhão?! — Questionei. — Olha, Sam pode tentar localizar ele de alguma maneira. — Deduzi. — Vamos esperar mais um pouco antes de sair às cegas... Você viu o que aconteceu. 

— Dois dias, Dean... Você sabe que eu posso me teletransportar pra lá num minuto. — Isso me pareceu uma ameaça. 

— Não brinca, Castiel. Vamos achar esse fujão juntos! Sem fazer loucura, pelo menos dessa vez. — Pedi. — Agora porque não me acompanha e vem tomar um cerveja comigo? 

— É sério, Dean? — Ele pareceu descrente. 

— Muito sério, Castiel! — Afirmei. — Minha filha está se tornando uma rebelde indomável!


Ponto de vista - Kate 

— Tio Sam, eu sei que está aí. — Apontei assim que vi a sombra do homem alto se aproximar. Estou guardando todas as minhas facas, armas... Logo mais pretendo empilhar as dezenas de livros que li nos últimos anos... Isso não é para mim. 

— Kate... — O homem se aproximou em silêncio e parou a me observar. — O que está fazendo? 

— Não está óbvio, tio Sam? — Perguntei ao encará-lo. — Eu não quero mais fazer nada disso! — Apontei e voltei a guardar as facas numa caixa de madeira sobre a mesa. 

— O que está falando, Kate? — Ele pareceu confuso. — Caçar é o que mais ama! 

— Não, tio Sam, não mais! — Afirmei. — Depois de hoje ficou claro que eu não sirvo para nada disso. — Conclui. 

— Olha, Kate... Todos nós já caímos em armadilhas também. Faz parte do nosso trabalho. — Apontou ele. 

— E como recompensa perdemos pessoas pelo caminho?! Ou sei lá, escapamos da morte por um fio?! — Questionei em tamanha frustração. — Tio Sam, eu fiquei cara a cara com o monstro que estava lá quando a minha mãe morreu e eu não pude fazer nada! 

— Ele está morto agora, Kate. É o que importa. — Tio Sam apontou.

— E existem outras centenas de monstros como aquele... — Reforcei. — E isso nunca vai parar... Sempre terá alguém atrás de mim. Seja pelo nome que carrego, ou simplesmente por ser filha do Dean... Vocês são as pessoas mais insanas que eu já vi na vida, tio Sam! — Afirmei. — Quando vemos um monstro, devemos correr, mas vocês simplesmente correm em direção ao perigo! — Estou me sentindo completamente frustrada. 

— Kate... — Tio Sam tentou falar, mas o interrompi. 

— E agora na primeira oportunidade que eu tive para caçar, fui sequestrada e feita de refém... Quando na verdade eu poderia estar fazendo alguma coisa que realmente fosse nos ajudar na busca daquele maldito profeta fujão! — Não posso evitar de me sentir irritada. — Eu nunca mais quero caçar outra vez, tio Sam! Eu tive a chance de vingar a morte da minha mãe, mas não consegui fazer nada! 

— Não fale isso, Kate. — Tio Sam pediu calmamente. — Não é a sua primeira caça. — Ele comentou enquanto se aproxima e parou ao meu lado. — Ou se esqueceu de quando fugiu sozinha para a sua primeira caçada? 

— Eu era uma criança que sonhava demais, tio Sam. — Comentei sem interesse. 

— E que tinha esperança e a certeza de que era capaz de qualquer coisa, Kate. E eu sei que essa garotinha ainda está aí dentro. — O homem apontou para mim. — Eu também já passei por essa fase, Kate. — Alertou. — E saiba, você pode se esconder o quanto quiser, mas o nosso destino sempre nos alcança. Caçar está no nosso sangue, Kate. Você é uma Winchester. 

— E se eu realmente não quiser nada disso, tio Sam? — Questionei. — Eu só queria viver experiências normais... Eu sei que não devo sentir falta de algo que já não tenho há muito tempo, mas sinto falta de conviver com pessoas normais, de ter amigos... De ver o mundo... Não foi você quem fugiu só para ir pra faculdade? 

— Eram outro tempos, Kate. E não tinham tantos monstros atrás de mim. — Ele apontou. — Eu não era tão valioso quanto você. 

— E o que eu tenho de valioso, tio Sam? Acho que é mais como um fardo super complicado... Ser filha do Dean... Fazer parte dessa família... Eu não pedi nada disso, tio Sam. — Agora estou chorando feito uma menininha... Talvez eu seja apenas uma menininha com uma falsa pose de garota durona... 

— Vem aqui, pequena... — Afetuosamente, tio Sam me abraçou. — Vamos dar um jeito, ok? 

— Me promete, tio Sam? — O encarei por alguns segundos. 

— Você tem a minha palavra, Kate... 

E naquele instante me surgiu uma pontinha de esperança sobre um futuro que eu apenas imaginava antes de adormecer... Talvez os meus sonhos estejam ainda mais próximos de se tornarem reais. 

A Filha de Dean Winchester (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora