Equalize.

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Duas coisas se passaram pela minha cabeça durante o trajeto para casa.

Primeira: Ricardo estaria uma fera assim que chegássemos em casa. E segunda: ele ia me bater. Tinha quase certeza da segunda opção, era a mais provável, porque ele tinha o motivo perfeito para enfiar a mão na minha cara ou chutar as minhas costelas. O Dr. Francisco Ávila deu em cima de mim, estava me cercando no banheiro e ainda disse na cara do meu marido que eu sou uma mulher espetacular. Óbvio que a culpa não é minha, eu nunca dei abertura para nenhuma das bobagens que o Dr. Ávila fala, mas Ricardo tem razão, homem nenhum daria em cima de uma mulher casada sem motivos, por isso, lá no fundo, eu acho que tenho culpa no cartório, que falhei em algum momento ou que fiz algo para que Francisco interpretasse de maneira errada. Fora isso, ainda tinha o fato de termos encontrado com Clarissa Ferrari no restaurante acompanhada de um homem que não fazia ideia de quem fosse. Meu marido ficou enciumado, por mais que tentasse esconder e se controlar, estava estampado na cara dele que ele não tinha gostado nem um pouco de ver Clara com outro homem.

Mas para a minha surpresa, meu marido conseguiu rir, conversar e aproveitar o resto da noite.

Uma mulher espetacular — Ricardo faz uma imitação barata da voz de Francisco. — Se ele se referir assim a minha mulher de novo...

— Sua é? — coloco as chaves de casa sobre a mesa de centro e me inclino para lhe dar um demorado beijo nos lábios. Ricardo continua com o maxilar cerrado, com raiva. — Gosto quando você demonstra que ainda sente ciúmes de mim. Me sinto importante pra você.

Ricardo segura meu queixo, os olhos azuis agora escurecidos e cobertos de desejo fixam em meus lábios vermelhos. Mordo o lábio inferior para provocá-lo, uma tentativa boba para tentar te seduzir e que funciona muito bem, pois seus dedos cravam em minha cintura e a pequenos passos caminhamos juntos até o quarto.

A noite foi quase perfeita. Quase, porque não teve nada de romântico, o nosso sexo foi animal, Ricardo fez amor comigo como não fazia há muitos anos. Eu nunca tinha feito o meu marido gemer tanto o meu nome e aquilo despertou a Bianca poderosa e sexy que fui um dia e que acabei perdendo durante todos esses anos de casamento. Enquanto estive em seus braços, na nossa cama, com ele dentro de mim, eu não pude deixar de me dar conta de como o sexo é importante para um casal, pois ao mesmo tempo em que fazíamos amor feito loucos, fomos capazes de conversar e rir de algumas situações.

Quando acordei pela manhã, a primeira coisa que fiz foi pegar o meu celular para checar as mensagens que não tive tempo de responder ontem à noite por causa do jantar. Não quis ser a mal educada que não estava envolvida na conversa sobre casos clínicos, já era o suficiente não fazer a menor ideia do que o meu marido e o Dr. Lucas estavam falando. Emma e eu ficamos observando nossos maridos conversarem por minutos, não fazíamos ideia de como falar metade das palavras científicas que os dois falavam, volte e meia olhávamos uma para a outra segurando o riso para não cair na gargalhada.

Tateio a mão na cama à procura do meu marido e tudo que encontro é o vazio ao meu lado. Olho para o relógio em cima da mesa de cabeceira, são quase oito da manhã. A essa hora, Ricardo já deve estar atendendo seus pacientes.

Fechei os olhos e voltei a dormir.

Havia semanas que eu não falava com Clara, sabia que ela estava bem porque via as fotos que ela postava no status do WhatsApp, em festas, aniversários e com amigos. Amigos homens, nunca nenhuma mulher. Me perguntei se o seu círculo de amizades era restrito ao gênero masculino, não estranharia se fosse, com a beleza que ela tem, as mulheres poderiam se sentir um pouco intimidadas. Eu me sinto. Clara tem um caso com o meu marido e não tem como olhar para ela e não desejar ter metade da beleza que ela tem. Ser jovem ajuda, não tenho dúvidas em relação a isso, o corpo fica no devido lugar, seios durinhos e bumbum empinado sem precisar de plásticas.

EXtraconjugal (Romance lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora