V

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Acordo com o toque, deve ser o de recolher.

Apresso-me ao lembrar que ainda não tomei banho. Credo! Como consegui?

Corro para o banheiro levando roupas já que não tenho mais privacidade nenhuma no quarto.

O banho me relaxa e me sinto renovada. O sonho ainda roda em minha cabeça.

Bel?

Já sei o que esta pensando.

O que? Vo-você acha...?

Eu sou linda! Meu deus me amei!

Nem se acha né?

Não sou fruto da sua imaginação! Agora tenho certeza.

Faço uma careta.

E por quê ?

Você não imaginaria algo perfeito assim!

Concordo, mas é estranho.

Volto para o quarto e James já está deitado no colchão. O quarto está escuro então acendo a luz do abajur que fica lado da minha cama para arruma-la e me deito em seguida. Minha mente está inerte em pensamentos. O sonho, Bel, o lobo, deve ser tudo ilusão, apenas uma imaginação fértil.

Meu próprio mundo agora tem mais sentido sem nenhum sentido. Minha mente me instiga para conhecer mais, não o que eu posso pensar, mas sim o que posso criar sem cria-lo. Sei que está confusa, nem eu me entendi agora.

Decido ir dormir, já esta tarde e amanha é outro dia de aula novamente. Apenas mais dois dias de aula antes do final de semana.

Deito e deixo os sonhos me invadirem, ao contrário de outras noites, está tive pesadelos, mas não me lembro de nada.

Acordo atrasada, bem fora do normal. James esta se arrumando o que quer dizer que eu realmente estou atrasada.

Levando, e na pressa me enrolo toda na colcha e caio de cara no chão. Olho para cima e ele esta rindo de mim.

*Triiiiiiiiin*

Droga.

Não vai dar tempo de tomar banho. Pego minha roupa que esta jogada em um canto e corro para o banheiro e troco de roupa em tempo recorde, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo, pego minha mochila e corro para fora onde todos seguem rumo a escola.

Sigo por detrás das crianças, encontro James ao meu lado. Por que será que ele tem que estar lindo até com o uniforme brega da escola.

- Demorou.

A única palavra que diz em todo o caminho até a escola. Antes, me sentia estranha, me considerava estranha, mas agora estou revendo minha conclusão. Ele é muito estranho, oras está tentando se aproximar de mim, oras está grosso, longe e oras fica indiferente a minha presença.

Chegamos à escola. Quem é o idiota que inventou ela, poxa poderia ser um dia ao mês, ficaria muito feliz, mas não, tem que ser 5 dias da semana todo mês com ferias curta. Às vezes tenho uma vontade louca de explodir a escola e assistir ao espetáculo comendo pipoca com caramelo, minha favorita, sentada em frente à mesma. 

Entro na escola enquanto Helen fala a mesma frase de sempre. Será que os dias não mudam não? É sempre a mesma coisa.

Chego à sala. Dessa vez a Giulia não esta, mas vejo se a cadeira esta com tinta ou algo assim, não quero cometer o erro duas vezes.

A aula transcorre tranquila, James, Giulia e certas outras pessoas se encontram em uma distancia boa. Estou torcendo para que nada aconteça hoje.

A aula termina e sigo para a cantina, resolvo pegar o lanche grátis que se resume em sucrilhos essa manhã, queria ter dinheiro para comprar algo mais saudável, mas estou guardando as poucas moedas que às vezes acho na rua ou ganho fazendo algumas tarefas para ajudar no orfanato, são poucas mais junto.

Termino o lanche e vou para o campo de sempre, sento e espero até o fim do intervalo, o que não demora muito e então sigo para sala para as ultimas aulas.

Que dia chato!

Bem vinda ao meu mundo. Pensei que não ouviria você hoje.

Que nada! Estou sempre aqui.

E assim termina minhas aulas. Conversando com a Bel.

Hoje ninguém mexeu comigo e agradeço, pois estou com o humor do cão literalmente. Quase surtei por errar uma palavra da matéria e me irritou profundamente, até me assustei.

Cheguei em casa e subi para o quarto, estava me sentindo impaciente e no caminho gritei com 3 garotos que estavam passando na minha frente e me senti mal, não gosto de brigar com ninguém aqui, já não basta ter ou perdido a família ou largado pelas mesmas.

Entro no quarto e sigo direto para o banheiro, preciso de um banho bem gelado para relaxar, mas parece que nem isso esfria minha cabeça.

Saio do banho e me visto com um short laranja larguinho e uma regata branca. O sono me bate e me jogo na cama, hoje não é meu dia literalmente. Caio em um sono profundo.

Acordo com uma forte dor de cabeça e vejo que James já esta dormindo no fino colchão ao lado da parede. Pelo jeito dormi muito, nem vi o sinal tocar.

A dor de cabeça me lembra do por que de eu ter acordado e me levando para pegar um remédio que fica na cozinha onde Helen sempre deixa.

O caminho parece longo e a dor piora. Meus silenciosos passos parece tiro de canhões dentro da minha cabeça e sinto como se ela fosse explodir. Uma falta de ar me vem e já na cozinha me sinto sufocada.

Deus, vou morrer assim?  Falta de ar?

Com passos lentos me dirijo ate a porta que fica no fundo da cozinha me dando acesso ao quintal dos fundos.

Uma pequena brisa gelada se encontra com meu rosto e sinto cada célula de pele se esticando e uma grande queimação como se estivessem arrancando-a de mim.

Caiu de joelhos no grande gramado e minha vontade é de gritar, acabar com essa dor que está me matando, mas nem um fio de voz sai de mim.

Com as duas mãos em punhos apoiada no chão e ainda de joelhos, apoio minha cabeça nas mesmas, pois sinto-a como se estivesses 10 vezes mais pesadas. Meu corpo dói, minha cabeça dói e me sinto sufocada. Sinto cada osso do meu corpo se quebrar e acho que e meu fim.

Fecho meus olhos com todas as força do meu corpo e sinto uma lagrima cair. Uma onda de alivio me atinge levando embora todas as dores e deixando apenas meu corpo relaxar, ainda deitado na grama.

A loba [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora