XIV

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Já havíamos esquecido parcialmente do risco que corríamos. Estávamos comendo e não havia pressa na mesa. James havia ido ao banheiro então eu e a Débora continuamos na mesa, eu comendo e ela, que já havia terminado, me olhando.


#Vrrrrr... Vrrrrr


Algo vibrou na mesa, o celular que Débora trouxe com ela acendeu a tela, piscando. Seus olhos me encontram e veem as duvidas de minha expressão. Logo ela pegou o celular, se levantando parecendo, num misto de surpresa, preocupação e nervosismo.


- Err... Eu preciso atender, n-não demoro. - ela parece nervosa então não falei nada e ela seguiu para fora do estabelecimento.


Estava agora literalmente, do único jeito que eu não queria estar, só. Meu coração se comprimiu no peito, a solidão me envolveu.


Poderia dizer que é um momento "normal", não estou fugindo - nesse instante -, não estou tendo pesadelos estranhos e nem "visões" como antes, mas ainda estamos fugindo.


Débora estava demorando no telefone e James parecia ter sérios problemas no banheiro, eu já havia terminado de comer, estava satisfeita. Levantei e segui para deixar os pratos - meu e deles - no balcão onde pedia. Não havia nada no prato, estávamos famintos.


Poucos homens comiam, outros bocejavam indo em direção ao alojamento para os descansos obrigatórios para os caminhoneiros.


De repente, tudo parou. A musica do fundo parecia ter acabado e o homem barbudo que havia nos atendido, agora estava estático a minha frente, como se fosse um filme em pausa ou até mesmo uma estátua.


Olhei ao meu redor e parecia surreal. Pessoas que iam colocar o garfo na boca, outras bocejavam, nas mais diversas pose e todas com elas tinham uma coisa em comum, estavam imóvel.


Lá fora, Débora estava com uma cara nervosa, também parada no lugar, com uma das mãos puxando fortemente o cabelo perto da raiz. Eu não sai do lugar, apenas virava para todos os lados a procura de flash de realidade para jogar na minha cara que eu estava apenas mais e mais louca vendo tudo isso.


Ouvi som de palmas, girei, girei, mas não encontrei ninguém. Eu estou assustada, acho que esse adjetivo é pouco comparado a como estou.


- Quem é? - Pergunto girando e girando. As imagens a minha volta junto as pessoas vão se misturando, borrando, ficando incompromissíveis ao meus olhos, logo tudo é apenas um borrão preto.


O ar me falta, me sufocando. Não consigo enxergar a minha frente, os meus pés e nem minhas mãos a frente do rosto.


Uma risada maléfico, um grito agonizante.


Como um soco no estômago, uma tosse incontrolável me toma. Com um passo para trás caiu.


A ar parece comprimir a minha volta, me apertando. A tosse não cessa.


Me vejo encolhida em uma... cela?


A loba [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora