XX

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Eu acordei, a luz esquentava todo meu corpo, uma dor martelava em minha cabeça. Meu corpo todo doí, como se estivesse caído de uma altura muito alta.

A luz só intensificava mais e mais a dor de cabeça, não lembro certamente do que aconteceu e/ou como vim parar aqui, ou o porquê de estar toda dolorida.

Meus olhos ardem, incomodados com a luz. Minhas mãos formam uma barreira, deixando sombras pelos meus olhos.

Minhas juntas parecem estar todas quebradas, tendo que fazer enormes sacrifícios para me levantar e quase caio ao tentar ficar em pé.

Pisco meus olhos devagar, tentando me acostumar com a claridade, mas é difícil com a dor de cabeça.

Ao longe, ouço barulhos. Devo estar perto da cachoeira.

Olhando a minha volta me assusto com a paisagem. Mesmo com os olhos semicerrados pelo excesso de luz, por trás das minhas mãos que fazem sombra, me encanto com tudo a minha volta.

Deduzo que o sol deve estar a pino, pelo calor que já me faz suar. Um pernilongo pica meu pescoço e passo a mão para espantá-lo. A paisagem sonora é encantadora com os cantos dos mais diversos pássaros.

Cambaleando, ando em direção as arvores, procurando sombra e alguma trilha que possa me levar de volta. O barulho que deduzo vir da cachoeira está longe ainda e escolho segui-la.

Os passos lentos são como barreiras, a cada passo me forço a outro. A dor é suportável, mas cansativa. Não sei se aguentarei chegar até a tal cachoeira.

Passo a mão na testa, tirando os pingos de suor que escorrem pelo calor enquanto a outra mão apoia o joelho. A árvore me dá apoio e minha respiração pesada faz com que me sinta ainda mais cansada.

Pontadas acertam minha cabeça cada vez mais forte, minhas pernas trêmulas, perder a forca e me sinto cair contra o chão.

Minha visão embaça e tudo a minha volta gira. Minhas mãos apoiada no chão tentam me equilibrar, mas não por muito tempo.

Vejo as copas das arvores piarem, o céu escondido por de trás.

...

- Por que ela não acorda? - ouço a voz grave e forte suar como um sussurro. Não reconheço a voz.

Eu não lembro exatamente quando apaguei, muito menos onde estou. Meu corpo já não doe tanto, mas permaneço como uma estátua.

Com meus olhos fechados não vejo nada de onde estou, consigo sentir a presença de duas pessoas, nada mais.

Os passos calmos e precisos em minha volta, silenciosos.

- Ela já deveria acordar, o efeito da droga terminou a duas horas atrás - responde, por algum motivo, essa voz me lembra alguém. Concentro-me e continuo de olhos fechados.

- ENTÃO POR QUE ELA NÃO ACORDOU? MERDA! - um sussurrar nervoso, como se tivesse gritando.

Ouço um bip suar continuamente perto do meu ouvido. Abrindo minimamente os olhos, para não perceberem que acordei, consigo ver fios que me ligam ao aparelho.

Meus olhos tentam ver o Maximo do que esta acontecendo, mas não é o suficiente. O homem ao qual diz que a droga já teria saído do meu organismo está em meu campo de visão.

Os bips soam mais rápidos, mostrando a aceleração do meu coração. Fecho meus olhos e tento controlar minha respiração.

- O que está acontecendo? - pergunta um dos dois, assustado. - Chama a enfermeira.

O homem sai apressado do quarto.

Sinto uma energia passar por entre minhas veias, choques em minhas juntas e sem mais o controle, minha respiração sae do controle, os bips quase sem intervalos entre eles.

Debato-me antes de ver em alguns flash a porta se abrir, entrando alguém de branco vindo em minha direção, lá na porta a pessoa que eu nem sequer imaginei. Nossos olhos se encontram até que a enfermeira entra na minha frente me impedindo de vê-lo. Os brancos da sala vão se borrando e minhas pálpebras pesam, fazendo com que eu já não veja nada. A paisagem sonora já é incompreensível, com ecos e sem distinção.

Meu corpo para de se bater e paro de respirar.

...

-Como ela está? - o homem de voz grossa pergunta. Nervoso.

Não precisava droga-la, ele dizia a si mesmo, agora ela estava em estado grave e ele quase formava um buraco no chão, gastando a sola dos sapatos bem engraxados andando de um lado para outro.

A enfermeira exibia um coque nos cabelos loiros, bem apertado. Sua fisionomia não mostrava nenhum sentimento, com a voz fria, disse:

- O medico virá! - deu as costas e saiu batendo o salto pequeno e branco. Suas costas retas seguindo ao fim do corredor.

O homem rugiu nervoso. Sua vontade era de pular em cima daquela loira e arrancar sua cabeça. Seus pensamentos sangrentos se misturavam com sua preocupação.

Os passos ecoavam na sala de espera, mesmo que a enfermeira já esteja longe. Sua audição aguçava as vezes o irritava.

Sem esperar o doutor chegar, desistiu de ficar em pé vegetando e seguiu o corredor, virando ao lado oposto da enfermeira. Não sabia em qual ala estava, não importava.

Andando a passos apressados, farejou o ar em busca da doce fragrância, encarou o vidro que dava para uma sala e quis se matar pelo que viu.

...

O sol já estava se pondo, dois dias de procura e nada. Ninguém a achava. Os grupos de buscas iam cada vez mais e mais longe. Quase chegaram na pista e invadiram reservas naturais quase sendo pegos.

Não poderia colocar toda a alcateia em perigo.

Dylan coçou a nuca, passando as mãos pelo rosto logo em seguida.

- Alfa, procuramos por todo o perímetro do parque nacional da cidade e...

Dylan não precisava ouvir tudo, ele já sabia a respostas.

- Avisa o James e a Débora que quero falar com eles logo que o sol se pôr. - Disse ao homem que liderava um grupo de busca.

Deixando-o sozinho, Dylan se transformou em seu lobo e seguiu para onde há muito tempo não ia. Não era alfa ainda desde a última vez que foi àquele lugar.

Estava tudo dando errado, sua preocupação já sabia por onde procurar e rezava para que fosse apenas uma intuição errada, mesmo que soubesse que era certa.

Chegou ao topo, de uma montanha qualquer que ia muitas vezes com seu irmão ver o sol se por, antes dele deixá-lo, antes da briga...

O vento bagunçava os pelos ao longo de seu corpo. O corpo era todo castanho, seus pelos brilhavam aos últimos raios solares, macios e sedosos.

Preparava-se para uivar, lavar de si toda a culpa que tinha.

Se ele não a deixasse sozinha na tenda, se ele contasse o que sabia... Ela não teria sumido. Culpa dele, toda a culpa era dele! E isso o matava por dentro.

Ele se sentia incapaz.

Um cheiro o atormentou quando levantou a enorme cabeça para uivar. Era bom, doce e... "Ela esteve aqui" seu lobo falou em uma mistura com seus pensamentos.

Seus olhos dourados olharam para trás, a íris com um brilho determinado.

Farejando fechou os olhos e imaginou a cena. Um cheiro diferente dos que já sentiu chegou as suas narinas e ele abriu os olhos, nervoso.

Tudo o que temia.


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A loba [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora