XIX

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Andava a passos rápidos seguindo-o.

- Como assim? Você conhece meus pais? Como eles são? Onde estão? Você sabe por que me largaram? - Alcancei e toquei seu braço em uma tentativa de fazê-lo parar.

Depois de falar aquilo, parece que ele percebeu que falou mais do que devia, ou se arrependeu de falar e saiu andando. Eu ainda tentava processar o que havia escutado quando o vi andando apressado para a tenda.

Eu não sabia se tinha o escutado direito, mas podia jurar que ele havia falado alguma coisa da minha mãe.

Estava tropeçando em meus próprios pés tentando o acompanhar.

Ele me devia uma explicação, qualquer uma que seja.

Meu coração já havia perdido o compasso.

Não, eu sabia perfeitamente o que eu havia escutado!

- Ei... - Esbarrei em seu corpo grande e forte quando parou subitamente.

Estávamos agora, perto da tenda. Longe das pessoas que comiam, dançavam e se divertiam em volta da fogueira, dançando aos sons das batidas.

Ninguém poderia nos ouvir, se quer prestavam atenção em nós.

- O que você quer saber? - Ele me perguntou enquanto eu segurava a ponta gelada do meu nariz que doía minimamente por causa do baque.

- Você me pergunta? Eu quero saber tudo o que você sabe dos meus pais! Você o conheceu? Você sabe onde...

- Calma ae! Não se esqueça com quem está falando - Disse serio e revirei os olhos - E não revire seus olhos para mim. - Repreendeu.

- Eu só quero saber... - Senti meus olhos lagrimejando.

Eu tinha uma oportunidade de saber deles, meus pais. Ele tem que me contar.

Vi ele suspirando e acenando para segui-lo. Andamos então até a tenda, estávamos sozinhos agora e a pouca claridade da fogueira iluminava.

- Eu os conheci - Disse ainda de costa. - Você ainda não havia nascido.

Meu coração acelerou no peito. Sim eu tenho uma chance de saber deles.

- Então? Como eles eram? Cadê eles? - As palavras se atropelavam na minha boca.

Sentamos-nos e eu o fitava, esperando tudo o que ele poderia me contar sobre os meus pais.

- Você não havia nascido ainda, mas ela já estava grávida de você. - Ele pausou e eu não ousei interromper - Eles estavam fugindo, o romance deles era proibido e eles não aceitavam.

" Foi quando você surgiu, quando descobriram que sua mãe estava grávida que eles apareceram por aqui.

Diferente de todas as gravidezes que já presenciei você não tinha cheiro, o que assustava seus pais."

- Como assim?

- Bom, quando uma fêmea fica prenha, o cheiro muda. O que não ocorreu com sua mãe. Eles estavam preocupados então nos procurou.

Minha visão já estava embaçada, já não ouvia direito a música que tocava ao lado de fora e nem o enxergava perfeitamente sobre jogo de sombras e luzes.

- Você era especial... Então quando você nasceu se espalhou para todos que você era diferente. Eles ficaram aqui, até que vieram atrás de você.

- Quem? Quem veio?

Ele soltou um suspiro profundo, cansado...

Eu não queria admitir que, era minha culpa, apenas e unicamente, minha culpa eles não estarem aqui comigo.

- Eu não quero falar sobre isso... - disse virando o rosto, a essa altura já me debulhava em lágrimas reprimidas, lagrimas que me neguei por todos esses anos não derrubar, e saber agora que foi tudo culpa minha.

- Você não pode fazer isso! Você me deve isso! - Os soluços ficaram mais altos, junto com a minha voz que embargava, gritava sem medo em direção ao alfa.

Já não ligava se ele era mais forte, ou se sua autoridade era maior que a minha. Não ligava, ele sabia e tinha eu tinha o direito de saber.

- Eu não te devo nada. - Levantou e saio da tenda.

Eu não aguentava mais ficar no escuro, eu não sou criança, eu quero saber o que aconteceu com meus pais, eu quero ir atrás deles, quero ter eles perto de mim se eu tiver essa oportunidade.

Crescer sem um pai, uma mãe foi o pior da minha infância. Viver toda ela com incertezas do que poderia ter acontecido para me largarem nunca foi tão sufocante como agora.

Sentia-me sem ar, sem escolhas, me sentia solitária. Uma dor no peito me tomou toda e eu fiz uma coisa que nunca sequer cogitei fazer, uivei.

Instinto. Não fiz por querer, nem se quer sei como se uiva. Foi um uivo longo, de dor, alto, sufocante.

Eu queria meus pais, eu queria uma pista de onde estavam. Meus pais podem estar vivos ainda, eu sinto isso. Agora mais do que nunca vou procurá-los.

Meu corpo todo formigou enquanto o uivo soava pela cabana e todo o local. Uma queimação se instalou por todos os meus nervos, minha pele parecia rasgar por toda parte e em meu cociente, percebi que já não teria mais forças.

Eu não tinha mais forças, meu psicológico abalado, me esgotou totalmente e eu só queria sair, encontrar meus pais, saber que tudo isso é só um pesadelo.

Meus olhos estavam pegando fogo, já não tinha mais controle em meu corpo.

Em alguns flashes de consciência, vi as copas das arvores ao brilho das estrelas e da lua, senti o vento batendo em meu rosto, mas não durou muito.

Eu já não havia controle, não havia força.

Sentia meus pés correrem, sentia meus cabelos voarem, sentia mil e uma sensações que me acalmavam, mas nada disso traria meus pais de volta.

Eu deveria parar de lutar? Deixar-me levar totalmente? A minha única força estava se esvaindo, escorregando pelos meus dedos enquanto sentia a brisa passar por mim.

Corria para deixar tudo para trás, queria deixar toda esta historia de lobisomem, ou seja lá o que for para trás e ir a procura de meus pais.

Eu corri como se não houvesse amanha. Abri os olhos e vi a agilidade, que não era minha, vi a visão tão melhor que a minha, vi a precisão dos passos nada comparados com os meus. Eu corria subido a montanha, sem cansar, sem parar. Não havia nada que pudesse me parar, me sentia poderosa, mesmo sem ter o controle. Eu sentia tudo, e ao menos tempo nada. Eu tinha tudo, e ao mesmo tempo nada.

Minha meta pessoal estava perto de ser completada, não havia cansaço, não sou eu.

Se sou eu ou não já não sei, mas precisava chegar ao topo, precisava me libertar, me sufocava ter todo esses problemas, todas essas duvidas.

Eu não quero nada disso, eu só quero uma vida tranquila, em uma casa no meio do nada, com meus pais, se possível.

Ele não tinha o direito. Ele não tinha o direito. Ele não tinha o direito.

Essa frase rondava meu pensamento, eu queria saber, eu tinha uma única chance e ele me negou. Ele tem que me contar sobre meus pais.

A raiva me tomou e novamente eu estava perdendo o controle. O pouco controle que eu tinha sobre mim.

Minha ultima visão foi o luar, que cheia brilhava diretamente sobre mim. A última coisa que eu ouvi foi um uivo. Meu uivo. Forte, longo, sentimental. Em seguida apaguei



Iêiê pessoaaas que leem até aqui >.< Obrigada por estar lendo ainda e estarem votando aiinda e estarem gostando >.< obrigado pela paciencia pelas vezes que eu demorar ou postar um pequenininho. Como prometido( ou só comentado) está ai mais um capitulo. Agora só a proxima semana. Então votem e comentem belezinha ? kk

Se ultrapassar 150 votos eu irei postar um bonus bem #grande#( pov de quem vocês quiserem) *EU SEI QUE VOCÊS CONSEGUEM sO/ .

Então até a proxima semana e pf não ligue para os erros.

A loba [ REVISANDO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora