29 | Saudade

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boa leitura meus amores


Por Deus!

O alfa quase gemeu ao levar mais uma colherada do sorvete à boca, sentindo-o derreter e aliviar as dores em sua gengiva ainda mais do que os próprios remédios haviam feito durante todo o período que passou trancado no apartamento, seu cio tendo acabado completamente com qualquer vontade que tivesse além de atar-se a alguém.

Muito semelhante ao que seu aroma tinha feito com o apartamento, eliminando todo e qualquer cheiro diferente do seu próprio, fazendo o alfa sentir-se um pouco mais confortável no local agora que o “território” estava “conquistado”, ajudando-o a descansar naquele momento, já que mesmo a partida de seu rut não havia acabado definitivamente com aquela sensação, os instintos ainda agindo fortemente sobre seu corpo.

Apesar disso, parte de si não podia deixar de lamentar-se, dando a falta do aroma familiar que havia sentido tanta saudade, imaginando-o perto de si − até demais − nos últimos dias, praguejando por isso.

Tinha sido a única vez que ele entrara em seu apartamento e, ao invés de preservar o aroma pela maior quantidade de tempo possível para apreciá-lo, seus instintos idiotas de lobo haviam feito com que agarrasse a primeira almofada que viu ao poder sair do quarto, arrastando-a de volta para o cômodo consigo e usando o cheiro impregnado nela para aliviar-se de alguma forma, acabando com quaisquer resquícios da fragrância.

Era humilhante.

Ele se sentia terrivelmente envergonhado e, para sua sorte, nem mesmo existiam testemunhas daquele fato. Algo que, definitivamente, seria pior. Muito pior.

Mas aquela atitude, certamente, era parte do motivo dele não ter mandado uma mensagem sequer para o dono da fragrância de melancia.

Isso, e as mensagens que seu lobo já tinham mandado.

Porque, é, sim.

Como se já não bastassem as vergonhas que ele passava sozinho no dia a dia, em meio ao rut, seu lado animalesco e sedento por um companheiro − o dele, não pensou duas vezes antes de desbloquear o celular ao que seus sentidos estavam voltando após diversos orgasmos, mandando mensagens desesperadas para Harry, implorando não só por sua presença, mas questionando-o sobre a vontade que sentia de receber seu nó, marca e filhotinhos.

Deus.

Louis realmente havia dito para o Styles que a barriga dele ficaria grande e cheia dos filhotes deles. Que teriam os característicos olhos verdes, pelos quais estava apaixonado, e seu cheiro.

Ele não se sentia apenas envergonhado, mas sim pronto para morrer. Preferencialmente, antes que se esbarrasse com Harry porta afora.

Suspirando, ele levou mais uma colherada do doce à boca, afogando suas mágoas naquilo, tristemente torcendo para nunca mais encontrar com qualquer rastro dos Styles por aí, não sabendo como agiria na possível ocasião, tendo apenas uma certeza: acabaria em um desastre.

Algo como ele pagando algum mico.

De novo.

Tentando ignorar isso e a saudade latejante em seu peito, pegou o celular por um breve instante, perguntando a Zayn sobre como Larry estava, não sendo apenas da pequena família que sentia saudades, seu filhotinho também fazendo falta, Louis praticamente conseguindo ouvir novamente seus miados soando em sua mente, principalmente no dia em que teve que partir, a situação estressante repetindo-se tantas vezes em sua memória quanto a visão dele brincando carinhosamente com as pequenas crianças de seu companheiro, a cena que aquecia seu coração e trazia uma paz indescritível.

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