Capítulo 31. Esclarecimentos

530 48 44
                                    

Já se faziam dois dias desde que saímos daquele maldito repouso, nunca tinha odiado tanto o quarto do Hiram como odiei nesses dias.
Algo estava estranho, Lucas e Jacob nos evitavam o máximo possível, os almoços em horários diferentes, a conversa era mínima, talvez isso seja por conta do que eu vi no quarto, mas o Hiram não sabia de nada.
Eu não iria contar uma coisa que não me pertence, Hiram estava achando entranho o comportamento do amigo, entretanto, sempre ficava quieto, sem perguntas.

Acordamos e fomos para a sala, onde os dois estavam em uma conversa ótima, tão boa que não perceberam nossa chegada.
Sentamos em frente à eles e o silêncio predominou, eles olhavam para as mãos (eu também), enquanto Hiram olhava fixamente para Lucas, como se pedisse uma resposta.

— Estou esperando alguma resposta, tenho todo tempo do mundo.

— O que você tá falando? Que resposta? Fala Lucas tentando escapar da conversa.

— Você acha que sou idiota?! Hiram responde com os punhos serrados.

— Jacob, vem comigo. Faço uma cara de "vem logo antes que dê merda".

Jacob vem comigo até um cômodo que nem eu sabia para o que servia. Haviam quadros e poltronas, com uma janela enorme que refletia para um jardim ao lado de fora. Nos sentamos e tomei a iniciativa da conversa.

— Por quê tá me evitando? O que te fiz?

— Nada, claro que nada. É que... acho que tive vergonha e queria pensar sobre o que aconteceu.

— Ei! Não precisa ter vergonha. Tô do teu lado pra sempre. E sobre seu tempo pra pensar, eu espero o quanto precisar, você só não vai se livrar de mim. Sou um carrapatozinho que não larga. Falo dando uma risada e o mesmo corresponde.

— Lizzie, pode escutar o que estão falando? Tô ansioso.

— Claro.

🛋Na Sala🛋

— Por quê nunca me contou isso?

— Sei lá, acho que sempre tive medo de te contar o que sou, achei que ia me odiar.

— Para de ser besta Lucas, acha que eu ia parar com nossa amizade por conta de você gostar de homens?

— Parece que não me conhece.

— Foi mal, deveria ter falado.

— Relaxa, o importante é que você tá feliz.

— Humm.

Acho que esse "humm" veio com um sorriso de canto.

— O quê?

— Agora entendo, não sei como nunca percebi isso.

— Até agora não entendi!

— Quando tínhamos 16 anos e saíamos para as baladas, pegar garotas...- Dá uma risada-... Você sempre ficava na sua, sempre quieto e não pegava nem moscas.

—Ah, não zomba da minha cara, acho que ainda peguei uma e me lembro que foi horrível!

— Fui meio burro em não perceber.

— É, também acho.

Enquanto eles conversavam, eu contava para o Jacob o que estavam dizendo, mas era complicado escutar e falar ao mesmo tempo.
Ficaram falando por mais um tempo e depois foram até nós. Fingimos que estávamos conversando e que não ouvimos nada, o famoso "fingir demência".
Lucas chamou o Jacob e saíram, deixando eu e Hiram sozinhos. Queria fingir que não escutei, mas a parte de "sair pra pegar garotas" me deu uma certa raiva.
Porém, respirei fundo e fingi que nada aconteceu. Saímos de lá e fomos passear em uma linda praça, cheia de flores e árvores.
Até ganhei um sorvete, que me fez mudar de humor na hora, que coisa gostosa é sorvete, sou apaixonada, principalmente nos dias quentes, melhora meu dia em mil vezes.
•────────────────────────•

De Repente Companheiros Onde histórias criam vida. Descubra agora