Capítulo 19. Meu Anjo da Guarda

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Me acordo com o barulho da porta sendo aberta, abro meus olhos e vejo uma mulher ao meu lado me observando.
Dou um pulo da cama com medo da pessoa, que está parecendo uma estátua parada ao lado da cama.
Vejo suas mãos segurando uma bandeja de comida cheia de delícias, como pães, suco, fatias de bolo, frutas, entre outros. 

— Me perdoe senhorita, não quis acordá-la, nem assusta‐la.

— Não se preocupe, sem problemas.

— Vim trazer seu café da manhã senhorita...

— Lizzie.

— Senhorita Lizzie.

— Só Lizzie por favor.

— Como desejar senho...Lizzie. O senhor Hiram está lhe esperando na sala, junto de outra mulher, quando terminar seu café, vá até seu encontro por favor.

— Ok. 

Quando a mulher sai, vou até o banheiro e faço minha higiene básica, após isso, troco minha roupa e vou tomar café, que só pela aparência, estava muito bom.
Após isso, saio do quarto e sigo o mesmo caminho que percorri ontem, desço as escadas e chego a sala de estar, me deparo com Hiram e minha avó, minha avó! 

— Lizzie? Fala ela vindo em minha direção.

Estou paralisada com medo de encará-la ou de falar, pavor de receber uma bronca ou ser repreendida por meus atos, mas só o que recebo é um bom e caloroso abraço. Fico sem reação por alguns segundos, porém, retribuo o abraço. 

— Que bom que você está bem Lizzie, que bom que está de volta! Fiquei com tanto medo de te perder.

— Não está com raiva de mim por ter lhe machucado?

— Claro que não Lizzie, eu estava realmente errada por te manter presa e esconder uma parte vital sua, em vez de ajudá-la a se controlar.

— Desculpa vó, desculpa por ser uma neta ruim. 

— Não querida, você não é ruim, nunca foi, está tudo bem.

— Vó e as pessoas que eu...

— Ninguém é perfeito, e muitas das pessoas da festa estão bem, os paramédicos chegaram a tempo.

— Meu anjo não se culpe tanto assim, pessoas como nós estamos destinados a fazer isso, é a nossa natureza, não se culpe, se aceite.

— Queria ficar mais por aqui, mas não posso deixar nossa casa sozinha.

— E eu?

— Lizzie você já tem quase 18 anos, não posso te prender pra sempre, você tem que viver sua vida e tomar suas próprias decisões. Você vai morar aqui junto com o Hiram, eu não posso mais impedir o destino, não posso mais deixar vocês separado.

— Mas vovó, porque não fica aqui fica comigo?

— Talvez um dia Lizzie, agora preciso de um tempo só para mim. Fala ela voltando a um abraço, esse agora mais demorado que o outro. 

Quando ela me solta, percebo que não vai mais voltar, a vejo cada vez mais longe de mim, até... até não a ver mais. 

— Não foi tão ruim assim né? Agora vocês estão bem.

-...

— Lizzie? 

— Oi, oi desculpa.

— Hiram, preciso fazer uma coisa que me lembrei.

— O quê?

— Preciso ir ao hospital.

— Hospital? Pra quê?

— Preciso ajudar uma pessoa. Por favor, me leva.

— Ok. 

Nós fomos em direção ao carro e em seguida para o hospital, pode até ser para aliviar minha culpa, mas não vou deixar a única pessoa que todo esse tempo se importou comigo de verdade morrer.
Preciso ajudá-lo e sei que posso fazer isso. Em minha cabeça, agora só as memórias, as lembranças do meu primeiro dia de aula, de quando encontrei ele, como foi gentil comigo, como me ajudou.
É estranho se aproximar de uma pessoa em tão pouco tempo, é como se o conhecesse a vida toda. 

— Chegamos. Fala Hiram me cutucando. 

Logo saio de meus pensamentos e vou em direção a entrada do hospital, ao entrar, vou até a atendente... 

— Bom dia, gostaria de ver o paciente Jacob Martin.

— A senhora é da família? Só familiares podem ver o paciente.

— Eu preciso ver ele por favor, é meu melhor amigo!

— Sinto muito, só familiares.

— Ok vamos lá. Moça você vai deixa eu ver o paciente Jacob Martin, e não vai ser necessário colocar em nenhuma um arquivo ok?

— Sim. Siga-me.

— Pensei que não daria certo. 

A sigo por um corredor e vamos até o elevador, que nos leva ao segundo andar, quando saímos dele, ela me leva até o quarto 320. 

— Aqui.

— Obrigado, agora pode ir. 

Entro no quarto e vejo ele, já desacordado, entre a vida e a morte. Cheio de hematomas pelo corpo, suas duas pernas e seu braço estavam com gesso, era evidente que estavam quebrados, eu sabia o que deveria fazer, era só me concentrar para não matá-lo. Ok, ok vamos lá Lizzie você consegue.

Coloquei minhas mãos em seu peito e me concentrei, deixei que minha escuridão saísse de mim, mas não para matar e sim salvar.
Com um toque, sinto seus ossos sendo recolocados no lugar, também faço seus ferimentos cicatrizarem por dentro e por fora, por fim, vou para sua mente, o tirando do coma.

Dou um beijo em sua testa e vou em direção a porta. 

— Lizzie, é você?

— Sim.

— Você me salvou Bombom?

— Não iria perder você Jacob, nunca. Falo saindo do quarto.

— Meu anjo do guarda. 

Escuto seu sussurro, ele logo volta a dormir. Não iria se lembrar do que aconteceu, abro um longo sorriso, por ter escutado aquilo, e vou embora, antes que perguntem o que estou fazendo ali.

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