열여섯

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VOTEM. COMENTEM. STREAM NO STRAY KIDS.


Sabe quando você sente que está indo em direção ao fim por causa de algo que fez, mas não se arrepende nem um pouco? Eu nunca tinha sentido isso até agora. Sempre fui do tipo "boa menina", nunca fui pra diretoria das escolas brasileiras que estudei, talvez tenha perdido a chance de colecionar boas histórias para contar mais tarde, quando mais velha. Mas nunca senti que me faltava algo por ser "comportada". Até agora.

Nunca desafiei meus limites, na verdade, vir para a Coreia sozinha foi algo tão natural pra mim, parecia certo de alguma forma. Era o meu destino. Passei tantas noites no escuro do meu quarto imaginando diversos cenários, diversas situações que seriam tatuadas na minha mente pra sempre. A Coreia seria meu recomeço como pessoa, meu momento de decorar minha caminhada com memórias incríveis. Me descobrir. Finalmente respirar em um novo local, com novas pessoas, novas oportunidades. Uma nova eu.

Mas enquanto andava em direção a tal sala executiva da empresa, o barulho dos saltos da mulher que me escoltava parecia mais como um tambor sinalizando a minha morte. Como se minha mente estivesse travando aos poucos, as paredes quase espremendo meu corpo enquanto passava por entre elas, minhas palmas estavam molhadas em suor frio. Medo.

Mas não me arrependo.

Não me arrependo nem um pouco de todas as sensações boas, dos sussurros ou dos beijos molhados, nem dos meus dedos emaranhados em cabelos castanhos e encaracolados que frequentemente sofriam descoloração, mas ainda possuiam um cheiro familiar, como um lar pra mim quando estava dentro do abraço dele. Seu sorriso como o mais lindo pôr do sol, tão quente e calentador. Tão meu. Se Christopher Bang era um erro, foi o melhor erro que já cometi.

E eu cometeria de novo, e de novo.

— Pode entrar! — A moça que não fiz questão de saber o nome me abre a porta e eu entro trêmula, encontrando o bendito. Sim, ele mesmo. Park Jinyoung, e não, não é o lindo do GOT7, mas o CEO de uma das maiores gravadoras do setor de K-Pop. Em todos esses meses como staff não tive o "prazer" de encontrar o tal indivíduo, e não que eu tivesse vontade. Não sou uma grande fã apesar de estar feliz com a oportunidade dada aos meninos do Stray Kids. A única emoção que essa pessoa me passa é medo.

— Maria Helena Oliveira, staff número 5589633, brasileira, ativa na JYP Entertainment há 9 meses e 5 dias prestando serviços de preparação ao grupo masculino Stray Kids de forma quase integral. Reside no dormitório 13 junto com Choi Yumi, possuindo um total de zero infrações até agora apesar de ter sido chamada atenção algumas vezes. Minha parte preferida: sonha em fazer faculdade de design na Coreia do Sul. — A voz do J.Y. Park ecoava pela grande sala de vidro gelada enquanto lia uma prancheta repleta de dados. — É um prazer... Nari? Sente-se, por favor. — Seu sorriso não era nem um pouco amigável, senti que poderia vomitar a qualquer momento. — Acho que sabe porque está aqui.

— Perdão, mas será que poderia refrescar minha memória? — De onde eu tirei essa coragem, eu não sei. Ele ri um pouco descrente de minha resposta.

— Você tem personalidade, gosto disso. — Ele levanta da cadeira e faz a volta, contornando a grande mesa até encostar-se nela, de frente pra mim. — Achou que namoraria algum idol aqui dentro e eu não saberia?

Puxo o ar com um pouco de dificuldade. Sim, eu sabia do que esse encontro se tratava, mas ouvir sua voz juntamente com suas expressões debochadas proferirem o que tentei a todo custo manter a salvo, era de congelar os ossos. E eu tinha milhões de argumentações sobre o quão idiota ele estava sendo, qual o problema de alguém se apaixonar? Não é como se eu bloqueasse seu talento ou algo do tipo.

— Eu-

— Não preciso que você diga nada, você veio aqui pra ouvir o que tenho pra te falar! — Sua voz eleva um pouco o volume me fazendo apertar as mãos em um punho. — Não sei se leu seu contrato, mas existe uma cláusula muito explícita com o valor da multa que o infrator deverá pagar se persistir com tais atitudes. Você sabe quantos milhões me custaria se algum tablóide espalha esse romance idiota de vocês? Quantos fãs parariam de comprar os álbuns do Stray Kids? Quantos programas desistiram de tê-los como entretenimento artístico? Seria tudo sobre uma staff que decidiu burlar as regras e atrair um idol. — Ele pausa e olha pra cima de forma teatral — E, por fim, o Stray Kids teria seu fim. Como vocês chamam? Ah é, flopariam! Os oito integrantes teriam seus sonhos pisoteados por causa do seu amor egoísta. — Lágrimas de ódio se formam em meus olhos enquanto ele ri como se contasse a piada mais engraçada do ano.

Eu simplesmente quero sumir daqui, agora. Não quero ouvir mais nada.

— Tudo isso porque você não se pôs em seu lugar. — Ele bate as mãos na mesa com raiva, me causando um sobressalto por causa do barulho alto. — Mas eu posso te dar outra chance! Você pode terminar tudo e trabalhar como uma boa funcionária, conseguindo seu dinheiro para viver seu sonho na Coreia, o que acha?

— E se eu não aceitar a sua proposta? — Falo.

— Bom, então você pode pagar alguns milhões para a empresa e ainda receber uma bela carta de recomendação da JYP para a sua futura faculdade de design, enfatizando as qualidades que podem colocar à prova a sua aprovação na matrícula. — Park faz uma careta triste como se fosse um enorme esforço pra ele agir daquela forma escrupulosa. — E então, o que vai ser, querida? 

𝑬𝑭𝑭𝑶𝑹𝑻𝑳𝑬𝑺𝑺𝒀, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora