Capítulo Quatorze.

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Capítulo Quatorze.
- Você nunca vai me perdoar Marcelle? - ele perguntou, parecia arrependido.
- Não. Nunca irei te perdoar por ter me feito tão mal, porque é automático olhar todas as vezes para você e me lembrar. - respirou fundo. - Me lembrar de como tudo aconteceu.
- Mas um dia meus filhos irão perguntar sobre o pai, e o que você dirá?
- Que ele quebrou o coração da mãe deles e acabou morrendo. Meus filhos não irão precisar de um pai Cristiano, eu sei muito bem ser essas duas coisas. - respondeu ela.
- Para quê fazê-los sofrer tanto? - cruzou os braços.
- Eles não irão sofrer Cristiano, eu não deixarei isso acontecer.
- O sofrimento é inevitável, quando você menos espera ele já está dentro de você. - rebateu.
- Pode até ser, mas meus filhos sempre irão saber o que foi o pai deles e o que representou em nossas vidas. - disse em um tom com amargura.
- Irá fazer com que eles sintam raiva de mim.
- Eles não irão sentir por que mal irão saber da sua existência. E quando Raí pegar uma certa idade irei ensiná-lo que se um dia ele fizer a burrada que o pai fez, e a garota aparecer grávida, nunca rejeite o filho. Para que assim, ele não seja como você.
- Isso dói como uma facada, Marcelle. - falou triste.
- O que você fez comigo doeu mais do que isso e eu não morri, aliás, fiquei mais forte para te afastar de mim. - respondeu ela engolindo o choro e saiu do quarto.
. Chegando ao corredor, viu que seu pai estava sentado em um dos bancos.
- Filha, soube que ela foi internada. - disse o senhor.
- Sim, foi pai... Mas creio que logo nossa pequena ira ficar bem. - respondeu com um sorriso forçado.
- Com quem você estava lá dentro? - perguntou e o coração dela bate mais forte.
- Com o Cristiano. - decidiu dizer a verdade.
- Filha, você e o Cristiano, estão estranhos um com o outro. Até parece que se conhecem bem antes de você aparecer. - respondeu.
- E nos conhecemos. - disse rapidamente. - Mas, não vem ao caso agora. - acrescentou com um meio sorriso.
- E você parece odiá-lo.
- Você é muito observador pai, queria ter herdado isso do senhor por que eu tenho que cair pra poder enxergar as coisas ruins que tem à minha frente. E sim, eu odeio Cristiano pois ele já me fez muito mal.
- Que tipo de mal?
- Não me sinto pronta para contar as coisas ainda senhor André, mas prometo que quando existir coragem o senhor será o primeiro a saber. - beijou o rosto do pai. - Quer um café? Vou buscar pra mim. - perguntou.
- Quero, forte e nada de açúcar. - respondeu com um sorriso.
- É dos meus. - brincou e saiu andando rumo à cafeteria e lanchonete do hospital.

Amar em DobroOnde histórias criam vida. Descubra agora