boyfriend : juleka + rose

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Juleka bebeu o terceiro e último copo de água antes de seguir até o banheiro do bar, ainda era uma da manhã mas ela já havia decidido que acabaria por ali.

Não tinha mais ânimo para ficar bebendo e flertando a noite toda, dançar até que ajudou mas estava cansada.

Usou o toalete devidamente e em seguida, lavou as mãos, passando água no pescoço para refrescar um pouco, já que até alguns minutos atrás ela estava dançando muito com os amigos. Amarrou o cabelo em um rabo de cavalo e tirou a jaqueta, guardando na mochila pequena.

Ao sair do banheiro, foi diretamente para o lado de fora esperar o carro que pediu. Avisou no grupo de mensagens que estava indo embora porque não quis perder tempo se despedindo de cada um dos seus amigos (eram mais de dez).

Chupou uma bala de hortelã que achou na bolsa enquanto aguardava o Uber e fechou os olhos quando a brisa da noite lhe cumprimentou, sentindo o álcool sair lentamente do seu corpo. Afinal, precisava estar sóbria pra voltar para casa sozinha no carro de um estranho.

Não tinha pressa para sair dali, mas odiava esperar então verificava as mensagens do motorista a cada cinco minutos, ele cancelou por baterem no veículo.

Um carro caro parou em sua frente e uma loira desceu dele sozinha.

Mas não qualquer loira.

— Não pode ser...

— Juleka!

— Rose?!

A Couffaine desencostou da parede e recebeu um abraço apertado da melhor amiga.

— Achei que não iria vir.

De novo.

— Dessa vez eu consegui abrir um espaço na agenda. – A menor riu sem graça e passou a mão no antebraço.

E Juleka viu quando ela começou a passar a unha no local, como fazia quando estava nervosa.

Ou mentindo.

— Rose, o que aconteceu?

— Nada ué. – Deu de ombros. – Quem disse que aconteceu alguma coisa? Eu não disse nada. Tá tudo ótimo! O pessoal ainda tá ai? Vamos entrar! – Ela falou tudo muito rápido.

Rose raramente conseguia mentir, mas não para Juleka.

— Espera aí! – Segurou o pulso da loira quando ela ia entrando no bar. – Conversa comigo, faz tempo que não nos vemos.

Lavillant suspirou, podia confiar nela, é sua melhor amiga.

— Você não parece bem. – Juleka segurou as duas mãos menores por garantia e ignorou a reação do seu coração. – Fala comigo, eu prometo que não vai sair daqui. – Soltou uma mão para estender o mindinho, que logo foi entrelaçado.

Rose afastou as mãos e se abraçou, não estava realmente com frio mas aceitou a jaqueta da outra quando lhe foi oferecida. Sentiu o cheiro da melhor amiga e isso a acalmou.

Já não era mais tão estranho.

— Nós brigamos.

Juleka suspirou, cansada desse cara e de avisar que a melhor amiga merece algo bem melhor do que Ali, e foda-se se ele era um príncipe! Isso não significa que ele é um amor de pessoa. Se fosse realmente dar um conselho que valha a pena, diria para Rose ir para casa com ela.

— Ele disse que eu não deveria vir porque estou prestes a virar uma princesa. Ele se importa muito com o que a mídia diz, e mesmo assim, pulei a janela pra chegar aqui. – Rose riu lamentando pela sua situação.

Juleka estava com raiva, nunca gostou do príncipe. Queria abraçar a amiga.

— Mas tá tudo bem agora, eu vim aqui pra comemorar o aniversário do Kim e justamente pra esquecer isso tudo. Você já estava indo embora?

Rose mudou de assunto antes que comece a ficar uma situação melancólica. Não ia contar que discutiu com o namorado e ele citou Juleka porque tem ciúmes dela, não ia contar do quê ele lhe chamou dando uma desculpa de que a mídia a chamaria assim quando saísse pela porta.

E Juleka pensou bem na sua resposta. Pela primeira vez em tempos, Rose estava sozinha. Não tinha que suportar o namorado chato grudado com a loira para cima e para baixo. Poderiam curtir uma noite sozinhas, sem a supervisão dele.

Não que Juleka fosse fazer algo com a namorada dele, mas é bom finalmente ter um tempo a sós com sua melhor amiga. Quem sabe quando iriam ter essa oportunidade de novo?

— Vim só tomar um ar. Vamos entrar. – Desviou o olhar tentando não pensar o quanto ela estava bonita com sua jaqueta. Abriu a porta, a dando espaço. – Primeiro as damas, Vossa Majestade.

— Que cavalheiro. – Rose tocou no queixo dela com a ponta dos dedos, fazendo a maior se arrepiar. – Obrigada.

Juleka assistiu ela ir cumprimentar os outros amigos que estavam na mesa e trocou um olhar com o irmão, desviou e foi pegar bebida para ambas antes que ele comentasse algo. Já tinha desistido de ir para casa mesmo.

Recebeu as bebidas e ficou pelo quiosque quando viu que Rose dançava com as meninas. A loira até tentou sair quando acabou a música mas outra conhecida começou e Alya, Marinette e Jessica a puxaram de novo.

Como o príncipe Ali pode deixar um tesouro desse escapar entre as mãos dele? Ele tinha Rose, o amor e a atenção dela, era tudo o que Juleka queria e ele desperdiça isso sendo o maior babaca do mundo.

Eles não foram feitos um para o outro. Ali não merece Rose e ela não foi feita para ele. Ambas – Juleka e Rose – sabem que aquilo não é o amor da vida e nem para a vida. Por isso a Lavillant não deu a mínima para a ética e as políticas que lhe foram ensinadas, ela fugiu do príncipe e estava repensando durante o caminho se deveria voltar.

Voltar para seu namorado, para a vida que achou que seria incrível.

Jules não precisou tirar os olhos da melhor amiga para saber quem havia se aproximado, quando o homem pediu sua bebida ela revirou os olhos.

— Nem comece.

— Quando eu vi que você ia ficar aqui babando por ela, desisti de esperar você voltar pra pegar um drink pra mim.

— Você pode bem vir pegar sozinho, como fez agora.

— Você já tava aqui. – Luka deu de ombros, pegando seu pedido. – Vai rolar alguma coisa?

— Ele não tá aqui pra impedir, basta ela querer.

— Você não presta Juleka.

— Como se você fosse diferente, pensa que eu não tô vendo?

— Vendo o quê?

— Você se faz né. Os dois não param de olhar pra cá, mas não olha agora senão vai entregar muito.

Luka sentia os olhares, mas preferiu se voltar para o bartender e puxar assunto com ele. Juleka riu e voltou a observar a pista.

Mas ela deitou a cabeça no próprio ombro e Luka notou o que era quando viu o sorriso bobo da irmã.

— Essa é a minha deixa, tente não fazer besteira enquanto eu não estiver aqui.

— Vai se foder. – Continuou sorrindo para a loira que se aproximava dançando.

— Isso é meu? – Rose apontou para o segundo copo cheio e bebeu dois goles quando a maior assentiu. – Oh, você lembrou do meu favorito!

Ela estava com o copo na boca quando arregalou os olhos de repente, Juleka negou já sabendo o que viria.

— Só essa! – Jules resistiu e Rose assentia. – Nós temos que dançar essa!

— Nunca é só essa! – E ela foi assim mesmo.

Até os meninos estavam na pista e todos comemoraram quando as duas entraram no meio dos amigos.

Dançaram e trocaram os pares, e óbvio que não foi só uma música.

No meio da dança, Kim fez par com Juleka e com os movimentos, o cabelo dela acabou soltando. Rose estava hipnotizada com a cena, não tirava os olhos dela. A Couffaine ria tanto das graças que o aniversariante fazia, o sorriso dela era tão bonito.

Juleka respirou fundo quando a música acabou assim que terminou com Kim, os amigos aplaudiram o próprio show e se espalharam quando outra começou.

Ela e Rose se encararam, a loira levantou o indicador pedindo para dançarem essa música. Jules não teve como dizer não.

Lavillant se aproximou e a maior foi quem tomou a iniciativa de segurar as mãos. Rose não conseguia desviar o olhar do rosto dela, dos olhos para a boca e da boca para os olhos.

“Eu te amo pra caralho.” Juleka dublou a música entrelaçando seus dedos.

Talvez Rose nunca soubesse o sentido real dessa frase.

Ou ela sabe, porque sente tanto quanto. Agora ela reconhece.

Dançaram como se não tivesse ninguém olhando e trocando olhares significativos que as faziam questionar se era aquilo mesmo.

Vendo provocação onde não tem.

Juleka sorria ainda mais quando sentia o aperto da mão de Rose em sua cintura, reação dela por Juleka estar tão perto dela e arranhando sua nuca com as unhas, a fazendo se arrepiar e engolir seco.

Antes que algo a mais além da dança acontecesse, a música acabou e despertaram do transe. Rose sorriu simples e foi até o bar pegar a bebida de morango esquecida. Juleka fugiu pro banheiro.

— Puta que pariu.

Ela sorriu.

Estar apaixonado é uma merda.

E é mais fodido ainda quando é pela sua melhor amiga, que namora.

Não que Juleka estivesse dando a mínima para o namorado dela.

É como se ela estivesse no alcance de suas mãos, mas ainda assim tão distante de tê-la.

Amor é complicado.

E Juleka aprendeu da pior forma.

A porta do banheiro foi aberta e Juleka desviou a atenção do espelho quando sua melhor amiga caminhou tão determinadamente até si.

Rose a empurrou contra a pia e a beijou sem rodeios.

O primeiro beijo delas.

Finalmente! – A Couffaine pensou.

Rose suspirou quando sentiu o abraço da melhor amiga, retribuindo. Juleka trocou a posição de ambas e pôs a menor para sentar na pia.

Jules sabe o que sente, ela está apaixonada pela melhor amiga e tinha uma leve impressão que era recíproco depois daquele beijo.

Ela sabe que seria um namorado melhor do que Ali, porque trataria Rose como a rainha que era, e a faria se sentir livre.

Faria todas as merdas que ele nunca fez.

Juleka sabe que seria uma namorada melhor que ele porque não deixaria que Rose viesse sozinha para que outra pessoa a levasse para casa.

someone you love(d) • one shot'sOnde histórias criam vida. Descubra agora