O ar parecia rarefeito, mesmo estando em seu quarto. Desceu com o maior cuidado da sua cama e foi para o divã do andar de baixo, sentou no chão e apoiou sua cabeça ali, pondo a mão no peito tentando regular a respiração.
— Meu amor, não fique assim, eu tô aqui.
A voz dele soou no quarto, mas sabia que era só mais uma coisa da sua cabeça.
De tanto que tinha pesadelos com aquele gato branco, de alguma forma conseguia diferenciar a voz dele com a de seu parceiro.
Chat Blanc tinha um tom melancólico e afiado ao mesmo tempo, como se cada palavra fosse como um corte. Já a de Chat Noir era provocativo e calmo, como a de Adrien que tinha uma calmaria confortável e divertida.
— Não toca em mim. – Não foi um pedido. Marinette sabe que aquela versão não é real, mas algumas vezes, conseguia sentir o físico dele como se Blanc estivesse realmente ali. – Para de aparecer para mim, por favor... – A cabeça dela doía, não queria chorar mas estava sendo inevitável. – Eu não aguento mais.
Chat estava encostado na escrivaninha da mestiça, de frente para ela, a observando de braços cruzados. A voz dela estava trêmula e olhando o estado da garota, quase sentiu pena dela.
— Eu não consigo controlar a sua mente Marinette, se eu estou aqui é porque você me fez, você pensou em mim e aqui estou eu.
— Não é verdade... eu cansei de você assombrando todos os meus sonhos, me fazendo ter medo dele. Não sei como parar você, e isso me frustra.
— Só existe um jeito de acabar com isso: se juntando a mim. Eu disse a você desde o primeiro dia que não ia parar até ficarmos juntos. Então teremos todo tempo do mundo para nós.
— Eu não te amo. Não essa versão. Meu coração pertence ao Adrien e não tem nada que você possa fazer.
— Ah é? E o que difere entre nós? Somos a mesma pessoa.
— Chat Noir ou Adrien, nenhum deles me atormentariam como você está fazendo. Eles não me machucariam como você faz. Ele nunca seria como você. Porque ele me ama.
— Tudo o que eu fiz foi por amor.
— Se fosse, você teria empatia. Você destruiu o mundo, tirou nossos amigos, meus pais. Você até mesmo conseguiu acabar comigo.
— Você já teve pesadelos com o lado ruim do Chat Noir, com certeza menos pior do que eu. Mas até ele já te atormentou, que eu sei.
Claro, no começo Marinette pensou nas possibilidades de seu parceiro seguir o caminho do mal por conta justamente de seus poderes: o da destruição. Ainda mais sendo um dos miraculous mais poderosos.
Ele também estava com uma conversa de se diminuir, que Ladybug não precisava mais do Chat Noir, tendo em vista que agora não era mais só uma equipe de duas pessoas.
Mas pensando mais um pouco, conhecia o coração de seu namorado, ele não faria uma coisa dessas.
Mas não pode negar que já teve pesadelos com isso.
— Você volta pra me assombrar e parece sentir prazer nisso. É doentio, eu não aguento mais você na minha mente. – Ela estava chorando.
Marinette apertou os olhos, cansada. Não viu ele se aproximar.
— Vê? Você me ama, só precisa aceitar aqui. – Chat ia tocar o coração dela, mas Marinette viu a sua cadeira da escrivaninha ao lado deles e joga nele, que desaparece como o grito que ela deu.
Bem na hora, Chat Noir havia decidido fazer uma visita para a namorada e chegou na sacada a tempo de ouvir o grito e algo quebrando, se transformou em Adrien quando adentrou no quarto e abraçou ela.
— Ei amor, eu tô aqui, calma. Eu tô aqui Mari, já passou. – Ao sentir o perfume do namorado, a Cheng se acalmou um pouco mais.
A voz e o abraço acolhedor dele ajudou.
Chorou mais um pouco, pensando em maneiras de fazer Chat Blanc não voltar.
Mas teria que ser um plano estratégico para esse pesadelo não a assombrar mais. Pensaria nisso em um outro momento, onde sua cabeça não estaria doendo de tanto chorar.
•••
Alguns minutos depois, ao se recuperar Marinette descobriu pelo Agreste que Sandman estava atacando de novo. Adrien não queria deixá-la ir porque ela acabou de lidar com o seu pesadelo e não queria que ela ficasse naquele estado no qual a encontrou, novamente.
Teimosa, Mari disse que iria assim mesmo. Ela não é fraca e talvez, quem sabe, de uma vez por todas poderia acabar ou pelo menos diminuir a aparição de Blanc na sua mente, entregando um talismã mágico para aquele garoto akumatizado.
Ela esperava que funcionasse.
Encontraram o vilão no Louvre e Paris estava um caos, assim como da outra vez.
Entre uma tentativa ou outra de rasgar a almofada por onde ele se movia, Chat Noir foi nocauteado e em seguida, atingido pela areia mágica.
— Quer ajuda, gatinho?
Ladybug estendeu a mão para levanta-lo do chão.
Estranho. Essa não seria a reação comum de Marinette, quando acabou de levar uma surra.
— Ótimo. Porque agora eu não preciso mais de você, seu-
Ela não terminou a frase por um chute dado por outra Ladybug. A do pesadelo estava quase pegando seu miraculous e não havia notado até sentir o anel folgar no meio do dedo.
— Essa foi por pouco. Ela quase-
— Tudo bem, esse é o poder dele.
— Parecia tão real.
— Mas agora acabou, amor. Vamos acabar com ele.
Conseguiram despistar Sandman e assim que estavam em um espaço para realizar o plano, o fizeram. Chat ativou o cataclismo e se preparou com sua parceira, Ladybug o pegou pelos braços e girou o mais forte e rápido possível, lançando o parceiro as alturas em direção ao vilão. Que caiu quando seu meio de transporte foi desintegrado pelo poder do parceiro.
Ladybug o pegou, explicou que estava tudo bem quando pousaram e não esqueceu de lhe entregar o talismã.
— Te vejo em casa. – Ela assentiu e assistiu o namorado ir embora, levando o ex-akumatizado de volta para casa.
Quando chegou em seu quatro, foi direto para o banho. Um pouco mais leve, era como se sentia, talvez agora sim Blanc tivesse largado do seu pé. Gostaria de acreditar nisso só pelo peso te se esvaziado do seu corpo, da sua mente.
Finalizou o banho e vestiu seu pijama, ao terminar de escovar os dentes, fechou o armário do banheiro e pelo espelho viu que Chat Blanc estava ao seu lado.
Ela se assustou de primeira, mas não se atreveu a olhar para trás se ele estava ali mesmo, esperou alguma ação, uma fala sequer mas tudo o que viu era o olhar sério.
Se aquele era uma espécie de último adeus, ela não ligava. O barulho da claraboia abrindo chamou sua atenção, portanto, decidiu ignorar o reflexo do gato branco e voltar para o quarto.
Encontrando com Adrien, o abraçou e sentiu os beijos dele em seu cabelo antes dele deitar neles.
— Dorme aqui hoje?
Melhor prevenir.
— Eu não tinha outros planos Bugboo.
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Fanfic"eu preciso de alguém para curar, alguém para conhecer alguém para ter, alguém para segurar é fácil dizer, mas nunca é o mesmo acho que eu meio que gostava do jeito que você entorpecia toda a dor" - lewis capaldi. 🥇 em ryuko [26/12/22] 🥈 em lukadr...