Quando precisou dar adeus ao seu pai há uns anos atrás, não achou que fosse realmente um adeus. Disseram um “até logo!” mesmo sem certeza alguma de que ela voltaria em dois pulos.
E talvez fosse o efeito daquela toca e as tantas passagens de tempo; talvez fosse o efeito do seu miraculous, mas fazia tanto tempo que não via ninguém.
Há muito tempo Alix Kubdel deixou de viver uma vida comum e normal para aceitar os poderes que lhe permitiam salvar o mundo. Os tais super poderes pareciam ser legais demais quando assistia aos desenhos na televisão no tempo em que era tão pequena, mas agora crescida, ela entendia mais da vida e sabia que tudo tinha seu preço.
Salvar o mundo não dependia só de si, mas precisava estar lá para ajudar sua equipe e isso significava que, para manter a sua família em segurança, precisaria abrir mão deles para poder salva-los.
Bom, eles dois – seu pai e irmão – e o resto do mundo.
Horas e horas dentro da toca, resolvendo imprevistos aqui e ali para que tudo dê certo no futuro... Era um trabalho difícil, mas ela dava conta.
Kubdel tinha certeza disso e por isso prometeu firme e forte para a guardiã dos miraculous, Ladybug e Chat Noir confiaram em si e não os decepcionaria. Ela aguentou, e aguentaria.
Mas agora, Alix só precisa de tempo.
Que ironia!
Ainda dentro da toca, o corpo não mais tão pequeno de adolescente se remexia inquieta, a mão estava no coração que batia depressa e se fechava como se buscasse para tirar o uniforme. O peito subia e descia rapidamente, aquela toca infinita, de repente, ficou minúscula e pareceu diminuir a cada segundo.
Ela estava sozinha, como sempre, e não sabia o que fazer.
Na maioria dos dias, Alix só tentava ignorar o fato de que iria ficar sozinha naquele lugar. Odiava o silêncio. Por isso ela entrava em um novo mundo e o explorava secretamente, descobrindo tantas coisas, sua mente enchia com besteiras externas do mundo e escondia dentro de si aquele vazio que ela sentia quando pensava demais.
E bendita hora para ter uma crise de pânico!
Não que estivesse fazendo alguma coisa, Alix só estava relembrando algumas coisas e acabou sentindo saudades de casa. Saudades do que não viveu com aqueles que amava por estar viajando.
Não podia sair por qualquer buraco da toca pedindo ajuda para as pessoas do passado ou do futuro, isso afetaria alguma coisa na linha do tempo. Então decidiu voltar para o seu presente e encontrar com a única pessoa que lhe entenderia.
Bom, não exatamente porque isso seria cargo do Luka – já que ele também possui o miraculous do tempo –, mas como pessoa; como a Alix Kubdel que todos conheceram no ensino médio, só ele poderia lhe entender.
O homem parou de cozinhar e foi atender a porta quando bateram.
Ela bem poderia já ter entrado com o acesso que a toca dava, mas Alix não gostava de ser invasiva com as pessoas em todos os sentidos da palavra, dava sempre a privacidade que tanto gosta.
— Alix! – Kim abriu a porta de casa e sorriu ao encontrar a mais velha, estava pronto para dar o melhor abraço do mundo. Porém, ao ver ela ofegante, ficou em alerta. – O que aconteceu?
Olhou o corpo pequeno por inteiro procurando por algum machucado mas nada viu, e mal deu tempo de puxa-la, Alix praticamente se jogou nele para abraça-lo. Estava tão feliz em ver o melhor amigo depois de tanto tempo que apenas isso aliviou o coração dela.
A falta de ar estava amenizada só de saber que estava de frente para a porta de Kim e ele estava lá, pronto para atendê-la. Como sempre.
Ele a segurou como se ela pudesse cair a qualquer momento, e se abraçaram por minutos que não fizeram questão de contar. Kim sentia o perfume dela como se algum dia fosse esquecer, ela voltou a chorar quando notou que ele estava ali mesmo.
Em carne e osso, e Kim não iria embora. Nunca. Nem se a própria Alix pedisse.
Para o vietnamita, se passaram apenas um mês desde a última visita de sua melhor amiga – o que já era muito –, era uma coisa regular e só eles sabiam desses encontros. Já para Alix... bom, ela parou de contar há um tempo, mas saibam que foi muito.
Esteve em tantos lugares, tantas épocas. Viagem no tempo é complicado, e mexe muito com a cabeça de quem faz.
A pequena deitou a cabeça no peito do melhor amigo e chorou de alívio, de tristeza e de raiva.
Por que essas deveriam ser as consequências da sua escolha? Aceitou o miraculous do coelho porque isso lhe daria poderes e Alix ama se aventurar e experimentar coisas novas. Talvez... se soubesse o que teria que vivenciar de verdade, essa solidão toda, diria para Ladybug escolher outra pessoa... mas só talvez. Ainda tinha o seu lado legal de ser herói.
Mas ela queria viver todos os seus planos que havia feito na adolescência; queria saber como era se apaixonar, estar com alguém; adotar um animal, experienciar e construir novas memórias com seus amigos.
Só que não podia, porque o mal não havia sido derrotado e desde que descobriu o fardo que era aquela vida na toca, só pensava no fim daquilo tudo. Onde poderia viver de verdade.
Kim sentiu ela tremer em seus braços e a respiração dificultar novamente, se afastou para olhar ela sem sair do abraço.
— Ei, olha pra mim. – ela o fez. – Você está bem, ok? Aqui é seguro e você pode respirar, me acompanha.
Alix foi tentando regular o ar e ao ver que Kim era real, podendo tocar nele e falar com ele mais uma vez em de tanto tempo, foi lhe acalmando uns minutos depois.
— Eu tô aqui e não vou a lugar nenhum, você tá em casa Alie.
A mais velha sorriu em meio as lágrimas e as mãos gigantes do maior tentando limpar seu rosto.
— É... Eu tô em casa.
E ele sabia que não era por muito tempo, ela logo teria que voltar como acontece toda vez, mas aproveitava todo o tempo possível. Alix sorria e chorava emocionada ao mesmo tempo, o outro não entendeu nada mas retribuiu mais um abraço que ela iniciou.
— Oi. – conseguiu dizer mais calma, finalmente cumprimentando o dono da casa.
— Oi! – Kim beijou os cabelos rosa, se afastando para olha-la. – Tudo bem?
— Muito melhor agora. – sorriu verdadeiramente feliz e aliviada de ter passado por esse turbilhão de pensamentos. – Você fez o jantar?
— É, eu tava te esperando.
— Não tava não. – bateu de leve no braço dele, não teria como saber da visita dela nem com os poderes do miraculous dele. – Tem alguém aqui? Eu tô te atrapalhando?
— Quem me dera, mas não. – ele a soltou e fechou a porta. – Eu ia comer sozinho, mas tô feliz de ter companhia agora.
— Eu não tô com fome. – nesse exato momento a barriga dela resolveu protestar.
— Prova só um pouquinho por favor, é uma receita nova e dessa vez, eu prometo que não coloquei muito sal. – mentiu para que ela comesse.
Pelo jeito que havia encontrado Alix na porta de casa – se apoiando nas paredes do corredor – talvez ela estivesse fraca, e como ela não parecia machucada, imaginou que não havia saído de uma batalha. De qualquer forma, ela precisava se alimentar.
— Tudo bem... – isso o deixaria feliz, então faria por ele. – mas bota como se uma criança fosse comer, não quero desperdiçar o trabalho do chef.
Viu o rosto dele se iluminar e quase correr de tão animado para a cozinha. Kim podia ser um cara grande, mas só por fora, por dentro ele ainda parecia um pivete de 7 anos – como Alix o chama.
— Fluff, sentido anti-horário...
Ela ia andando devagar até a cozinha, pega um copo de água. Mas já tinha um na beirada da ilha do cômodo, trocou um olhar agradecido com o irmão e ele ajudou ela a se sentar no banco, confirmando para Kim o que ele pensava sobre ela estar fraca.
— Não acha melhor ir pro sofá? Você parece cansada.
— Eu tô bem. – bebeu a água e viu que o outro ainda lhe observava. – Vai pôr a comida Kim, eu vou ficar com muita fome desse jeito. – brincou tentando tirar ele da sua cola, mas o Chien não engoliu muito, estava preocupado.
Alix ficou pensando se era uma boa ideia ter voltado ali, só iria deixar seu amigo aflito e ele era um adulto agora, tinha coisas mais importantes para se preocupar, não precisava incomodar ele com esse tipo de coisa.
Viu um prato com uma pequena quantidade da comida e um copo de suco sendo empurrado para ela, olhou para Kim com um sorriso e ele fazia o mesmo.
— Não escuta essas vozes ok? – ele pegou as mãos entrelaçadas dela. – Eu sei o que deve tá pensando e não tem nada de errado em pedir ajuda, certo? Não é nada egoísta e você nunca me incomoda Alix, nunca mesmo. Acredite em mim.
A cabeça dela já estava doendo de tanto chorar, mas depois dessa foi impossível não derramar as lágrimas que segurava. Ela assentiu para mostrar que entendia e Kim foi abraça-la novamente.
— Só me incomoda às vezes, quando você é chata pra caralho, mas eu relevo isso porque é você. – sentiu um belisco na cintura. – Ai!
Ela estava rindo, objetivo concluído! Na verdade, nem tinha doido muito.
— Idiota.
— Eu também gosto de você. – beijou os fios rosa e se afastou para sentar do outro lado da bancada. – Agora coma, antes que esfrie.
Alix não visitava Kim o tempo todo ou todos os dias, desde que aceitou esse cargo de portadora do miraculous do coelho, ela têm tido muito trabalho para consertar as coisas e o tempo não lhe dava folga.
Via a sua vida passar diante dos seus olhos. Porra, ela tinha 22 anos e não viveu muito do mundo! Ela passou mais tempo consertando e salvando ele do que vivendo uma vida normal, como uma adolescente e uma adulta normal.
Os outros portadores são chamados para as batalhas, eles vencem e vão para casa descansar e viver as suas vidas como civis. Alix não tem isso.
Mas sem a Ladybug ou Chat Noir – do seu presente – saberem disso, não sabia qual seria a reação deles se descobrissem que ela anda visitando Kim de tempos em tempos. Talvez se fosse uma negativa, eles tirassem seu miraculous e por mais que custe (literalmente) a sua vida, ela gostava daquilo, não podia negar. Se fosse uma positiva, seria bom para ela, mas não queria arriscar.
Então voltava para casa quando podia e Kim sempre estava lá para lhe acolher. Ele mora em um apartamento barato, já que ele não passa muito tempo em casa (Alix precisou dar umas aulas de economia para que isso acontecesse).
E mesmo com ela lhe dizendo inúmeras vezes que não precisava, Kim comprou um com dois quartos. Para o caso de acontecer coisas como essas visitas e eles quase brigaram por isso.
O argumento de Alix foi que: era desnecessário ele gastar mais dinheiro só por causa de um quarto a mais, quando tinha outras opções de apartamentos melhores e com o preço melhor. Era inútil quando ela nem ia morar com ele.
Aquele trabalho não dava dinheiro, isso Kim conseguia entender e disse que ela não precisava lhe pagar nada porque era isso que ele queria: comprar uma moradia com dois quartos. Ele dava umas desculpas que às vezes Max, Ivan e os outros dormiam ali como uma festa do pijama. Alix não acreditou muito, mas deixou de discutir.
Se ele estava pagando por aquilo sozinho, então era dele, Kim podia fazer o que quiser.
E perceber aquilo doía nos dois, já que faziam planos no ensino médio de morar juntos se eles não estivessem com alguém. Kim tinha terminado com Ondine há um tempo e o plano dos colegiais ainda continuava de pé, mas Alix não concordava com isso porque Kim não podia ficar esperando ela a vida toda.
Alix sabia muito sobre o tempo, o que iria acontecer e o que não ia, mas ela não tinha certeza de quando voltaria para a sua vida normal. Kim poderia se mudar, se casar, ter filhos e ela ainda estaria salvando o mundo, possivelmente.
Pensar nessas coisas a deixou agoniada e sufocada, então ela começou a pensar se aquilo valia a pena.
Agora vocês sabem o porquê dela estar o visitando no momento.
— Estava muito boa, obrigado Kim. – ela disse após finalizar a comida.
— Eu que agradeço. – o sorriso dele foi desaparecendo e dando lugar a um olhar triste, Alix não gostou disso. – Você... já vai embora?
Ela olhou o relógio na sua cintura, não precisava voltar agora. Podia aproveitar esse momento raro que era ter o melhor amigo do seu lado.
Balançou a cabeça e Kim sorriu de novo, se levantando para por a louça na pia e cantarolar enquanto lava os pratos. A menor sorriu pela alegria dele, era bom estar de volta ao seu presente, era uma pena durar tão pouco.
— Quer conversar?
O maior tomou sua atenção, que antes estava em fazer carinho no kwami que dormia em cima da ilha. Kim chegou perto dela e segurou a sua mão, Alix levantou e foi acompanhada até o sofá pelo mais novo como se fosse cair a qualquer momento, era fofo ver ele todo cuidadoso.
Só de estar na presença de Lê Chien Kim, já lhe acalmava. A ânsia e dor de cabeça sumiram enquanto comia a comida dele, que fez efeito como remédio.
— Tudo bem você chegar aqui tirando uma com a minha cara, mas do jeito que você estava não é normal. O que aconteceu?
Alix deitou no sofá pondo as pernas em cima do colo do mais novo. Não podia ignorar aquilo ou desviar dessa conversa, só ia deixar ele mais preocupado. E como Kim estava disposto a ouvir, fez a menor não querer fugir.
— Eu só... comecei a pensar demais. – respirou fundo brincando com o fiapo da almofada na qual estava agarrada. – Estava concentrada, sempre procurando por alguma coisa pra fazer.
Kim passou a massagear os pés pequenos, em reação, ela fechou os olhos. Aquilo era bom e quase caiu no sono. Tinha que continuar a conversa!
— Mas eu vi umas coisas... não eram ruins, na real eram incríveis... – sorriu com a memória. – Eu percebi que tava perdendo muita coisa e eu perdi muita coisa, tiveram momentos que eu não pude participar por estar salvando o mundo. Sei que vocês reconhecem isso, agradeço de verdade, mas não anula o fato de que eu não estou lá para te dar conselhos em um dia ruim, ou em vários aniversários dos nossos amigos que eu perdi. Vocês fizeram uma festa pra mim, no meu aniversário e eu não estava lá em alguns deles... – falar em voz alta fazia a ficha cair de verdade, doía. – Fico tanto tempo lá dentro que me perco nos dias, eu quase esqueci o seu aniversário! Pra mim, isso é inaceitável. E não Kim, não está tudo bem. – interrompeu antes mesmo dele abrir a boca.
Alix não contaria a ele para não assusta-lo ou deixar ele envergonhado, mas ela via da sua toca o quanto ele sofria por não ter a melhor amiga no momento.
— Viagem no tempo só fode com a sua cabeça. Ainda bem que você não sabe como é.
— Como você aguenta?
— Sinceramente? Não sei. – suspirou cansada. – Às vezes eu penso umas coisas ruins, mas logo vou atrás do que fazer, antes que eu faça uma besteira.
— Sabe que você pode parar não é? Pode renunciar e vai estar tudo bem Alix, eles vão entender e pode ter a sua vida de novo. Você já aguentou demais.
— Já pensei nisso Kim. Claro que tem horas que eu quero desistir, mas não é o que eu sinto agora. Gosto de fazer isso, me mantém ocupada e estar em tantas épocas é tão legal! – mostrou o lado bom. – Queria poder levar você, então eu e você veríamos o mundo juntos, mesmo que eu já tenha visto.
— Parece ser muito legal mesmo, eu tô feliz que você consiga fazer essas coisas. É uma pena eu não poder me gabar pela minha melhor amiga ter viajado o mundo todo. – ela riu.
— Ai ai, esses amigos pobres...
— Como se você fosse uma Bourgeois!
— Credo! Eu amo a Zoo mas não é pra tanto, não precisa me xingar.
— Tecnicamente ela não é uma.
— Ainda bem! – foi a vez dele rir. – Mas me fala, como o pessoal está?
Kim foi falando de um por um e Alix ouvia realmente curiosa. Seu trabalho lhe dava oportunidades de olhar a vida alheia sim, mas não era ético e ela não tinha tempo para isso. Tinha meses que não via o melhor amigo e com certeza aconteceram muitas coisas para um grupo daquele tamanho.
Dito e certo, Alix ouviu Kim falar por mais de 30 minutos sobre seus amigos e tudo estava tão interessante, que a menor lutava conta o sono, o que estava sendo difícil com aquele sofá fofo e a massagem nos pés, mas ela resistia!
— E a Fei? – ela não conseguiu esconder o interesse.
— Poderia ter perguntado de primeira né. – já que ele sabia da história.
— E você, já sabendo, poderia ter falado logo, cabeção! – Kim revirou os olhos.
— Ela está bem, pergunta de você toda vez que a gente se encontra... na verdade todos eles fazem isso. – como o amigo mais próximo de Alix, era rotineiro perguntarem da menor. – Enfim, desde que vocês se encontraram da última vez, ela, Gami, Aeon e Jess vivem por aí para cima e para baixo juntos, chamamos eles de “Grupo dos Estrangeiros” e sim, eu sei que é péssimo.
— Parece divertido. – soou mais melancólico do que esperava, Kim pegou sua mão numa espécie de consolo. – Sinto saudades, de todo mundo.
— Vocês foi visitar ela, desde a última vez?
— Não... Não tive coragem. Mas depois daquele feriado, nós conversamos. Não tem como dar certo. Não posso fazer ela esperar pra sempre. – e lá estavam elas de novo, as lágrimas.
— Vocês teriam dado muito certo. – passou a mão no joelho dela.
— Eu sei. E você seria nosso fã número um.
— Pode apostar. Até onde eu sei, ela ainda não tá com ninguém... pra sua informação.
— É bom saber disso... eu acho. Obrigada meu informante. – sorriu brincando para não acabar chorando de novo.
— Gostaria de ajudar mais. – queria que a amiga fosse feliz, e uma das únicas pessoas que poderia fazer isso, não podia ficar com ela. Havia muito mais peso naquela frase, ela sabia disso. – São 20 euros. – estendeu a outra mão, que foi chutada. – Ei!
— Que roubo! Eu vou é te denunciar!
— Não ouse! – ele se ajoelhou no sofá para atacar os pontos fracos de Alix com a fraqueza dela: cócegas.
Em um segundo estava em vantagem, no outro, o pé pequeno que ele dizia estar com chulé (e era mentira), estava empurrando seu rosto.
Aquela guerra de cócegas virou uma mini luta com almofadas entre eles, acabou que Kim deixou Alix ganhar (nas palavras dele) para que ela possa dormir feliz essa noite, a menor dizia que era besteira e ela ganhou por merecer. Foi uma luta justa.
Depois de uma trégua, eles se prepararam para assistir um filme. Kim já havia tomado banho, colocou o filme escolhido por Alix enquanto esperava ela tomar banho para escovar os dentes, que também foi um processo cheio de risadas e brincadeiras porque não conseguiam ficar sérios olhando o outro no espelho.
Alix não durou 15 minutos da animação. Kim esperava por isso e não se chateou, desligou a televisão, cansado também, sabendo que não continuaria a ver o filme depois. Deixou a mulher no sofá e foi no quarto dela ver se estava tudo em ordem.
Trocou os lençóis por causa da poeira (já que a Kubdel não dormia muito ali) e ligou o ar condicionado antes de sair do quarto. Kim pode aparentar ser bagunceiro, mas ele gostava de manter as coisas limpas assim como foi ensinado por seus pais.
O quarto dela é bem decorado e assim que você entra, dá pra notar que o cômodo é de Alix. Kim queria ter deixado a dona do quarto arrumar o próprio, mas ela ainda estava teimando em ir dormir por lá. Então o melhor amigo decidiu fazer essa surpresa e sim, ela chorou naquele dia.
Voltou a sala e viu a amiga encolhida, o que fez ele sorrir ao pensar que ao ver ela assim, não dá pra imaginar que ela é espaçosa enquanto dorme. Por isso comprou uma cama de casal para ela também, o que foi motivo de outra briga deles.
Alix tinha de teimosia o que ela não tinha de altura, era esquentadinha também, vale anotar. Mas amava ela assim mesmo.
— Alie, tem que ir pro quarto. – balançou ela.
Ela se remexeu no sofá só para resmungar e negar sem dizer muito.
— Você não pode ficar ai.
— Me leva então... – virou para ele ainda de olhos fechados, para não perder o sono, apenas estendeu os braços.
Não pôde ver, mas Kim revirou os olhos com a manha dela, pegou ela mesmo assim e a levou no estilo noiva até o quarto dela.
— Você é muito aproveitadora sabia?
— Obrigada. – ele não tinha certeza se ela estava consciente para entender o que disse, mas ela falou orgulhosa. – Achava que esses músculos todos eram pra me carregar, não?
Ela se encolheu quando sentiu o cômodo mais frio, ainda estava de olhos fechados e pensou que haviam entrado em seu quarto.
— Não. – a deixou na cama com cuidado e a cobriu com o lençol. – É o resultado de ser um atleta e ser saudável.
— Isso foi uma indireta, fofo?! – não deixou ele responder. – Boa noite Capitão Saúde. – ela riu do novo apelido e escutou ele rir também.
Sentiu o colchão afundar por uns segundos, ela não entendeu e não quis abrir o olho mas a sua têmpora foi beijada e sorriu com isso, Kim era um irmão e tanto.
— Boa noite Alix.
Antes de cair no sono, escutou a luz ser apagada e a porta fechada. Ficou um pouco chateada por não conseguir dormir, lutou tanto para não agitar muito o corpo que esqueceu de limpar a sua mente. Tentou focar em uma coisa só para ver se acalmava a mente e dormia, mas mesmo com sono não conseguia.
Abriu os olhos e não conseguia ver nada pela falta de luz, tocou o relógio da família Kubdel que estava sempre consigo, pensando se deveria ir embora.
Não. Não era certo fazer isso com seu melhor amigo.
Não puderam se despedir da primeira vez e isso ainda assombra o mestiço.
Por isso ele bateu na porta do quarto dela 10 minutos depois de deixa-la. Kim tinha medo de que ela fosse embora sem se despedir e não conseguia dormir, assim como ela.
Alix não via muito dele a não ser a silhueta, por conta da luz do corredor. Ele parecia o mesmo garoto de 7 anos antes mencionado, correndo para sua irmã mais velha. Longe dela reclamar disso.
— Eu posso... dormir com você?
— Venha aqui grandão. – bateu no espaço ao seu lado e ele foi.
Kim se ajeitou e Alix o abraçou para finalmente dormir.
— Obrigado por hoje.
— Sempre que quiser, Moranguinho.
— Eu te amo. – em seu braço, sentiu ele desenhar um coração com os dedos antes de apagarem finalmente.
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Fiksi Penggemar"eu preciso de alguém para curar, alguém para conhecer alguém para ter, alguém para segurar é fácil dizer, mas nunca é o mesmo acho que eu meio que gostava do jeito que você entorpecia toda a dor" - lewis capaldi. 🥇 em ryuko [26/12/22] 🥈 em lukadr...