3. Serendipity

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O solo treme, o vento arranha meu rosto tentando arrancar a liberdade que sinto dentro de mim, minhas pernas sofrem espasmos tentando lembrar que não sou imbatível.

Girl Almighty galopa com todo seu esplendor, subindo uma colina beirando os cinquenta por hora, sequer parecendo se abater pela ingremidade do terreno. Sua respiração ofegante combina com a minha, suas patas batem contra o solo com a mesma determinação que minhas mãos agarram às rédeas, seu coração parando por breves segundos assim como o meu sempre que passamos milésimos de segundos suspensos no ar durante seu galope.

Nós dois parecemos conectados, nossas formas sequer podem ser distinguidas conforme corremos ainda mais rápido agora no terreno plano, nos unindo em um vulto veloz entre as colinas verdes, a escuridão do céu cedendo e se tornando acinzentada a cada minuto.

- Isso garota, isso - parabenizo ofegante, saltando de sua sela. - Você é incrível, deixa qualquer cavalo comendo poeira. - Ela balança a cabeça, ofegante, mas parecendo tão anestesiada do cansaço pela adrenalina quanto eu.

Minhas pernas tremem, meus músculos reclamam por todo esforço ao envolver a sela com as coxas e me manter firme sobre a égua. Porém, isso não é suficiente para fazer eu diminuir a intensidade do meu treino e de Girl Almighty.

- Vamos para casa - conto, prendendo suas rédeas na sela. - Você pode correr sozinha agora, me espere lá.

Como todos os dias, ela sai correndo com toda sua velocidade à minha frente, se infiltrando na floresta, enquanto eu a sigo, exercitando minhas pernas já exaustas, disposto a melhorar a resistência dos músculos daquela área.

O ar puro entra em meus pulmões, fecho os olhos, sentindo o vento gelado da manhã me refrescar, conforme o familiar silêncio da floresta antes de todos passarinhos acordarem me envolve, tranquilizando ao meu coração tão acelerado.

Após checar Girl Almighty e vê-la descansando em sua baia, eu corro os poucos metros que restam até minha casa. O cheiro de chá que preparei hoje mais cedo me envolve assim que coloco meus pés no pequeno cômodo da cozinha, meus olhos analisando o pão recém-assado que deixei esfriando sobre a mesa de madeira rústica, que após eu desperdiçar minhas horas de descanso de ontem a lixando parece mais bonita.

Eu não me incomodo em acender a luz, aprecio a luz fria da manhã infiltrando os vidros da janela com moldura de madeira, meus olhos atentos vistoriando os vasos de plantinhas verdes que ficam ali conforme sirvo uma xícara de chá, soltando um palavrão baixinho quando algumas gotas respingam da caneca vermelha, atingindo os pequenos quadradinhos dos azulejos brancos da parede.

- Eu vou me atrasar - resmungo, pegando um pano úmido e rapidamente passando ali antes que seque e fique grudado, enxaguando a flanela na pia logo abaixo da janela, deixando sobre a bancada enquanto rapidamente molho minha mão e deixo as gotas que escorrem pela minha pele pingarem sobre a terra marrom dos vasos no parapeito.

Enchanté I l.s. I ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora