23. Acatalepsy

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- Uma invenção da sua cabeça? - o psicólogo repete, confuso.

- Sim, o homem que defini na minha primeira semana nunca existiu, aquela pessoa foi alguém inventado pela raiva que ainda sentia - explico, me ajeitando melhor na poltrona de couro macia do meu escritório, observando ao homem de meia-idade que me encara silenciosamente na tela do computador. - Louis nunca foi frio e calculista, eu inventei sobre isso.

- Quem foi Louis, então?

- Ele foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido, surgiu no exato momento que mais precisava - conto, um sorriso carinhoso e nostálgico adornando aos meus lábios. - Ele é próximo ao que definiria ao meu total oposto: calmo, centrado, doce e paciente, mas, de alguma maneira, nós combinávamos muito bem.

- Ele foi seu namorado?

- Não, nós definíamos o que tínhamos como um caso - conto.

- O término de vocês foi o que incentivou a vir aqui? Você sentiu-se perdido após o fim?

- Não, sei que está cogitando que eu era dependente emocional dele, eu não era. Eu sempre soube, por conta de meus traumas de infância, que tenho mais propensão a me tornar dependente de alguém, isso foi um grande fator para tentar evitar a todo custo mergulhar no sentimento que tinha por Louis, na minha cabeça no dia que terminássemos eu ficaria em pedaços, completamente acabado.

- Foi isso que aconteceu quando vocês terminaram? - Eu penso por um minuto, me recordando dos terríveis dias após voltar de Amaranthine, os dias de lágrimas e cama, os dias em que fui totalmente miserável.

- Não, quer dizer, por um tempo eu fui completamente miserável, mas isso aconteceu porque eu permiti isso. Fui corajoso o bastante para me permitir passar dias no fundo do poço, ouvindo músicas tristes e me enchendo de sorvete, permiti meus olhos dobrarem de tamanho de tão inchados após tantas lágrimas; eu sempre tive pavor desses sentimentos, de sofrer pela ausência de alguém, porque tinha medo de não conseguir me reerguer. Mas, os dias com ele, com Louis, me fizerem perceber que sou corajoso. Eu sabia que estava sendo forte me permitindo ser tão vulnerável e miserável, da mesma maneira que seria corajoso e forte na mesma proporção para decidir que os dias no fundo do poço tinham acabado, destemido o bastante para em uma manhã levantar e decidir seguir em frente.

- O que quer dizer ao falar que Louis te fez perceber que você é corajoso?

- O apoio dele, a maneira que ele sempre me incentivava a enfrentar meus medos, a sair da minha zona de conforto. Ele não fazia isso de uma forma rude, não me empurrava sobre a bicicleta e me soltava, ele estava o tempo inteiro ali, me deixando confortável ao mesmo tempo que cutucava sutilmente a minha zona de conforto, me fazendo perceber que não poderia ignorar aos meus problemas em nome de não correr o risco de ser machucado. Ele me incentivava até eu criar coragem o suficiente para fazer o que deveria ser feito, depois me observava com um sorriso orgulhoso e me elogiava.

Enchanté I l.s. I ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora