Capítulo 1.

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— RÁPIDO...TODOS PARA DE BAIXO DAS MESAS. — Grita o professor assim que o terremoto se inicia.

...não houve tempo para pensar,apenas fizemos o que ele disse. Naquela ocasião o pânico tomou conta de todos,eu simplesmente negava abrir os olhos,nem mesmo o grito da garota mais escandalosa da classe foi o suficiente para deixar a situação menos tensa.

Em um determinado momento abro os olhos,tudo e todos pareciam fluir em câmera lenta. O desespero no olhar de cada um era agoniante,incluindo Íris,minha amiga. Ela que sempre é tão corajosa e destemida hoje abraçava a perna da mesa em busca de conseguir ao menos um pouco de segurança.

O abalo durou por mais alguns segundos e depois que parou ninguém ousou dizer nada. Terremotos não são comuns na região onde moro,afinal nossa cidade não é famosa por isso,mas ultimamente eles vem surgindo com frequência...isso já a um mês.

— Estão todos bem?. — O professor pergunta um tempo depois.

Lentamente os alunos começam a sair de baixo das mesas,estavam assustados,inclusive eu. De repente o sinal toca finalizando a aula...

— Caramba... — Solto um suspiro.

— Viu Erick,eu disse que hoje ia acontecer de novo. — Diz minha amiga.

— Já é o segundo essa semana. — Falo preocupado — Quanto tempo mais isso vai durar?.

— Não faço ideia. — Ela movimenta os ombros.

— Íris,é sério,isso não te deixa tensa?.

— É claro que deixa,mas o que eu posso fazer?.

— Bom,eu não sei você,mas tudo o que eu quero é chegar logo em casa. — Começo a guardar meus materiais.

Íris e eu estamos no segundo ano do ensino médio,falta pouco para sairmos da escola e o que não queremos é incluir os terremotos nessas lembranças. Naquele momento nós havíamos acabado de sair da sala de aula,eu ainda estava meio apreensivo,mas ao contrário de mim minha amiga não parava de falar.

— Eu não posso deixar um abalo sísmico qualquer atrapalhar minha quarta feira. — Diz ela — Tenho mais o que fazer.

— Sabe,a causa desses terremotos deveria ser estudada. — Comento.

— Mas já não estão fazendo isso?. — Íris movimenta os ombros.

— Não acho que seja suficiente.

— Erick,para o nosso bem,acho melhor focarmos em outras coisas...algo que não nos deixe paranóicos.

— Você tem razão. — Tento me acalmar — ...ah é,vão lançar a sequência daquele jogo famoso,mal posso esperar para jogar.

— Viu?...é disso que estou falando.

...

...no meio do pátio nós encontramos mais dois amigos e assim seguimos caminhando até a saída da escola.

— Sobre os terremotos,ainda acho que há uma força conspiratória por trás disso...

Esse é Nelson,o garoto gorducho que infelizmente acredita em tudo que vê na internet. Nós o chamamos de Cubo pois ele consegue resolver um cubo mágico em poucos minutos,isso não chega a ser um record mundial,mas todos se impressionam.

— Isso não tem nada haver,talvez seja uma falha geológica ou algo do tipo.

Essa é Cecília,a garota inteligente que prefere acreditar mais nos fatos do que em meras opiniões vazias. Por ser alta e ter um visual diferente todos pensam que ela é encrenqueira,mas isso é só um boato...afinal ela só é má para quem realmente merece.

— Vocês estão nessa discussão a dias...são os extraterrestres e pronto. — Falo em tom de brincadeira.

— Não diga isso nem brincando Erick. — Nelson me encara.

— Vocês querem parar por favor. — Íris interfere — Será que nós não podemos agir como adolescentes normais com problemas de verdade?.

— É,você até que está certa. — Cecília respira fundo — Já basta a mídia que não para de falar nisso.

— E o caso do garoto desaparecido?. — Nelson questiona.

...involuntariamente nós olhamos para ele sem entender...

— O que isso tem haver?. — Pergunto.

— A notícia constante sobre os terremotos fez a população esquecer o desaparecimento dele...tudo muito conspiratório.

— Nelson,isso não faz o menor sentido. — Íris comenta.

— Só disse por dizer. — Ele fala com um sorriso vergonhoso — Que tal uma parada para tomar sorvete?.

— Eu topo. — Cecília responde rapidamente.

— É bom que tenham baunilha dessa vez. — Íris cruza os braços.

...apesar do convite ser tentador eu teria que recusar...

— Talvez na próxima. — Falo — Eu prometi que ia chegar em casa depois da escola.

— Certo,a gente se vê depois. — Nelson responde.

Ele e as garotas caminham até a sorveteria que ficava próxima,enquanto isso eu sigo por um caminho oposto. Tê-los na minha vida é mais importante do que qualquer coisa,são amigos que apesar das diferenças conseguem ser pessoas maravilhosas.

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(O Próximo Capítulo Sai Em Breve)

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