Capítulo 19.

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David e eu treinamos um pouco a minha pontaria,mesmo depois de escurecer a gente ainda continuava como duas crianças que acabaram que descobrir algo. A barraca já estava feita,a fogueira fluía intensamente e a noite era a mais estrelada possível,em um determinado momento nós paramos e sentamos na beira do riacho para apreciar aquele belo lugar.

...por incrível que seja eu me sentia seguro ali...

— Eu nunca estive em um lugar como esse. — Comento — É indescritível...

— Concordo,mas não seria a mesma coisa se eu estivesse sozinho. — David sorri.

— Quando você fugiu do abrigo tinha algo em mente do que iria acontecer?. — Pergunto.

— Na verdade eu tive uma ideia boba de seguir as estrelas. — Ele responde constrangido — Sem destino,assim como elas...talvez no caminho eu descobrisse um pouco mais sobre mim e esses dons.

— Acho que não somos muito diferentes. — Mostro um sorriso.

— Eu não planejei nada disso,mas acabou acontecendo...e agora somos nós dois agora.

...um silêncio agradável se forma entre nós...

— Mas mudando de assunto. — Ele se anima — Como era sua escola?.

— A mais comum possível...

— Você era popular?.

— Nem tanto,mas eu conhecia muita gente então quase todo mundo sabia o meu nome. — Movimento os ombros — A Íris super instável,a Cecília com seu olhar indiferente e o Nelson totalmente maluco...meus irmãos.

— Acha que eles iriam gostar de mim?.

— Claro que sim,em poucos segundos você já seria parte da família.

— E como anda o coração?. — David começa a rir — Já bateu por alguém?.

— Eu...eh...bom... — Fico envergonhado — O importante é que tenho saudade.

— É sério Erick,nunca pensou em ninguém?

— ... — Fico em silêncio.

— Você tem alguma preferência?...vamos,pode falar.

— Eu acho alguns garotos atraentes. — Falo diretamente — Nunca falei com ninguém sobre isso antes,mas é a verdade.

Durante muito tempo eu escondi isso,até de mim mesmo,na época achava que podia ser maluquice ou algo do tipo. Agora,estando aqui com David,eu me sentia livre para falar sobre qualquer coisa...

— No orfanato tinha um garoto que eu gostava muito. — David começa a falar — A gente era amigo,mas eu só tinha oito anos na época então...

— E o que houve?.

— Ele foi adotado,eu não tive muito o que fazer além de esquecer...e esqueci.

— É uma pena. — Encaro o riacho.

— Não,eu só sofri por alguns dias. — Ele volta a sorrir — Estou bem melhor agora.

— Que ótimo. — Faço uma expressão boba.

...

Havia algo no ar e não era o clima da noite,eu me sentia nervoso e sem saber o motivo me perco um pouco no silêncio. David me observava e ria ao mesmo tempo,talvez ele soubesse da minha situação,mas logo em seguida sua expressão muda para algo sério.

— Eu queria ter coragem o suficiente para poder te contar isso.— Ele fala desviando o olhar — Me sinto meio perdido.

— É só falar. — Mostro positividade.

— Eh...

...David olha para os lados e fica em silêncio...

...em seguida ele volta a olhar em meus olhos...

Lentamente vou me aproximando dele até chegar bem perto,eu não fazia ideia do que estava fazendo,mas continuei. Nossos rostos já estavam bem próximos,eu sentia sua respiração e o que parecia ser algo infinito se resumiu em um beijo. Quando nossos lábios se encostaram eu não consegui descrever aquela sensação,estávamos apenas nós ali em um belo lugar,o que mais poderia ser dito?.

...David se afasta um pouco,mas ele continuava olhando para mim,eu acaricio seu rosto com delicadeza apesar de ainda não ter ideia do que fazer. Naquela ocasião meu corpo começa a brilhar propositalmente,a luminosidade era intensa,mas eu só queria deixar o clima menos constrangedor.

— Será que você poderia apagar a luz?. — David entra na brincadeira.

— Diga por favor.

...ele inusitadamente cutuca a minha testa como se ali tivesse um interruptor...

...logo faço o brilho parar...

— Erick,eu...

— Tá tudo bem.

— Eu não consigo parar de te olhar. — Ele mostra um sorriso.

— Claro,quem resiste ao brilho de uma estrela?. — Faço uma pose engraçada.

— Convencido.

...começamos a rir...

— Olha,tá começando a esfriar,que tal a gente ir pra perto da fogueira?. — Me levanto.

— Só tá faltando os marshmallows — David me acompanha

— Eu não sou muito fã,mas não seria má ideia.

Aquele foi o meu primeiro beijo e apesar da sensação de constrangimento eu não conseguia parar de pensar nele,mas sem dúvida foi no local ideal e com a pessoa certa...

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(Continua No Próximo Capítulo)

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