Capítulo 28

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Não sei o que foi mais inusitado,eu explicar sobre os poderes como se fossem algo qualquer ou meu pai encarando tudo com naturalidade. Sim,é uma grande responsabilidade compartilhar isso com ele logo de cara,mas independente do que disser eu estaria bem comigo mesmo.

— Fascinante.

...é o que ele diz depois de ver uma pequena amostra dos nossos dons...

— Você brilha e você controla gravidade,o que eu deveria pensar sobre isso?. — O homem lança um sorriso.

— Não está assustado?. — Questiono.

— Na verdade eu nem sei o que pensar ou como reagir a isso. — Ele respira fundo — Só me dê um tempo.

— Sei que não foi uma ideia muito inteligente e você tem todo o direito de ficar com raiva. — Solto um suspiro — Deixei meus amigos e minha escola para trás,mas eu só queria um lugar para esfriar a cabeça.

— Eu não lhe julgo,praticamente fiz o mesmo e jamais me perdoaria se deixasse você perambulando por ai.

...apenas me alegro com seu comentário...

— Você e seu amigo podem ficar,depois a gente planeja o próximo passo.

— Obrigado pai.

— Venham,eu vou mostrar o quarto onde irão ficar. — Ele sai andando.

...e sem dizer mais nada seguimos meu pai até o cômodo. Talvez tudo tenha sido fácil de mais até agora,ele não surtou em relação aos poderes como eu achei que seria. Minha mãe sempre dizia que meu pai era um homem peculiar,mas não no sentido negativo,eles tiveram suas razões para a separação e eu nunca tive coragem o bastante para perguntar o real motivo.

O quarto que ele nos mostrou era o mesmo em que eu dormia quando vinha para cá,a cor verde limão da parede,a beliche,o pequeno guarda-roupa,foi como uma viagem no tempo. David rapidamente escolheu a cama de cima,mas eu realmente não me importava,só de estar aqui já era mais do que suficiente.

— Senhor Leandro,muito obrigado por me deixar ficar. — O garoto se entusiasma — Eu tive medo de...deixa pra lá.

— Sem problema. — O homem movimenta os ombros — Você ajudou muito o meu filho,eu não teria coragem de expulsa-lo.

— Viu David?...eu disse que ele era legal. — Sorrio.

— Bom,eu tenho um serviço para fazer na oficina,sintam-se em casa...a gente conversa mais no almoço.

...meu pai sai do quarto enquanto David e eu permanecemos ali...

...

— É melhor eu guardar as roupas que dona Teresa nos deu. — David vai em direção ao guarda-roupa.

— Acha que eu devo contar?.

— Contar o que?.

— Sobre nós. — Respondo diretamente.

— Vamos com calma,certo?. — O garoto faz uma expressão engraçada — Para falar a verdade eu não achei que ele fosse reagir tão bem aos nossos poderes.

— Eu também. — Encaro o vazio — Meu pai disse que precisava de um tempo,mas vou falar ele mesmo assim.

— Boa sorte então,eu vou ficar aqui e torcer por você.

— Claro. — Começo a rir — Eu já volto...

Ao andar pela casa várias recordações me vem na cabeça,naquela época quando vinha para cá eu queria que as férias durassem para sempre...coisa de criança. É um belo lugar,simples,mas belo,era confortável,cheia de pequenas decorações e com cores vivas. Tudo continua igual,talvez esse seja o motivo das recordações virem com tanta clareza.

...assim que chego na garagem encontro o homem desmontado uma bicicleta...

— Pai?. — Lhe chamo.

— Oi Erick — Ele fala ainda mantendo o foco no trabalho.

— Tá tudo bem?. — Pergunto.

— É claro que estou.

— É que seu filho acabou de vir na companhia de outro garoto,vieram de tão longe e chegaram assim...do nada. — Começo a explicar — E não é tudo,ambos foram concebidos pela dádiva dos super-poderes.

...o homem para o que estava fazendo,olha para mim e começa a conter o riso...

— Pois é. — Ele faz um gesto com os braços — Isso é capaz de fazer qualquer um surtar.

— Então? o que você tem a dizer?.

— Confesso que ainda estou tentando processar tudo isso,mas acho que não é tão diferente daquilo que presenciei quando era criança.

— Como assim?. — Questiono com curiosidade.

— Vi um acidente acontecer quando voltava da escola,uma mulher havia sido atingida por um carro,mas ela não tinha se machucado e levantou da queda sem nenhum arranhão. Foi irreal e completamente sem lógica,se aquilo não era um super-poder então não sei do que se tratava.

— Então é capaz haver pessoas como David e eu. — Concluo.

— Isso eu não tenho certeza,mas a vida é estranha e se torna ainda mais bizarra se olhar de perto.

— Verdade...

— Sinceramente,fico feliz de você estar aqui e não importa se seu DNA foi misturado com o de um vaga-lume.

— Vaga-lumes não são os únicos com bioluminescência. — Sorrio.

...naquele instante meu pai me abraça novamente,mas dessa vez houve muito mais do que um simples gesto,eu estava certo...essa virgem toda até aqui não foi em vão.

— Pai. — Paro de lhe abraçar.

— Sim?.

— David e eu somos mais do que amigos agora.

— Sério?...então acho que isso explica aquela troca de olhares. — Ele sorri.

— E você está bem com isso?.

— Filho,querer a sua felicidade é o meu maior dom.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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