Capítulo 12.

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David e eu andávamos com bastante pressa,meu pé ainda doía,mas nada se comparava com aquela cena de destruição. Por todo lugar onde a gente passava algum estabelecimento estava destruído,árvores caídas no meio da rua...enfim...dessa vez o terremoto não poupou ninguém.

...haviam também muitas ambulâncias e viaturas de polícia...

Do centro da cidade até minha casa leva quase meia hora e por mais que meu pé estivesse doendo eu não tinha a intenção de parar. Tento ligar para minha avó,mas o celular dela parecia estar desligado aumentando ainda mais a minha preocupação.

— Ninguém atende. — Falo guardando o celular no bolso.

— Talvez não estejam em casa. — David comenta.

— Minha avó nunca desliga o celular,principalmente em momentos como esse. — Me altero — Isso não está certo.

—  Você só precisa manter a calma.

— Calma? David,você tem noção do que está se passando?.

— ... — Ele fica em silêncio.

— Pode acontecer outro terremoto a qualquer momento.

...Um Tempo Depois...

Ao chegarmos em meu bairro noto o aglomerado de pessoas na rua,o muro de uma casa havia caído,mas reconheço seus moradores e felizmente todos estavam fora. Uma ambulância passa por nós numa velocidade absurda,porém o que me chamou mais atenção foi um caminhão de bombeiro estacionado ali.

...meu mundo desaba quando vejo a casa de meus avós completamente destruída,tudo que eu pude notar era que o poste da rua havia caído nela. Alguns bombeiros tentavam remove-lo enquanto outros vasculhavam os escombros.

— Não por favor. — Corro até lá.

— Mantenha distância garoto. — Diz uma policial barrando a minha passagem.

— Minha casa...meus avós... — Me desespero.

— Eu sinto muito,mas você terá que manter distância até que os bombeiros consigam retirar o segundo corpo.

— Corpo?.

— Erick... — David se aproxima.

— Não pode ser...não...isso é um engano,me diz que é um mal entendido?.

— ... — A policial permanece em silêncio.

...ela não sabia o que responder...

— COMO ISSO PÔDE TER ACONTECIDO?. — Começo a chorar.

A raiva e o choro tomaram conta de mim naquele instante,em resposta à minhas fortes emoções meu corpo começa a brilhar mais intensamente do que antes. A policial me encara com uma expressão assustada...

— Erick,o seu corpo. — David chama a minha atenção.

...porém isso não adiantava...

— Eu não devia ter saído. — Falo descontrolado — A culpa é minha,eu...

— Você ouviu a policial. — Um bombeiro se aproxima — Essa zona está interditada.

...ele tenta me empurrar para longe...

— NÃO TOCA EM MIM... — Grito.

De repente um raio branco sai da minha mão esquerda e atinge o bombeiro que cai bruscamente no chão. Quando percebo o fiz meu corpo trava impossibilitando que eu me mova...

— Mas o que... — A policial vai até o homem caído — Vocês dois,não se mecham.

— Erick,vamos embora. — David me puxa.

Vendo que eu não reagia ele imediatamente agarra o meu braço me forçando a correr para longe daquela cena. Enquanto David e eu corríamos olho para trás e vejo aquela policial falando algo em seu comunicador,seja o que for aquilo estava longe de ser um bom sinal.

...

...David me levou até seu refúgio e lá ficamos até escurecer...

Desde que chegamos eu não havia falado nada,simplesmente fiquei sentado no chão encostado no canto da parede. Eu já tinha chorado muito,mas agora estando mais calmo ainda não me sentia pronto o suficiente para tomar uma decisão.

— Erick?. — David se aproxima de mim — Eu entendo se você não quiser falar sobre isso,mas...

— Se sabiam do perigoso por qual motivo permaneceram na casa?. — Questiono.

— Eu não sei como te responder. — Ele se senta do meu lado.

— E o que é isso? eu lanço raios agora?. — Encaro minhas mãos.

— ...

— Sabe,tudo isso tá sendo difícil de engolir...meus avós...eu falei com eles hoje de manhã e agora,bom,se foram. — Desabafo — Eu não conheço outros parentes além deles,o que vai acontecer comigo agora?.

— Eu posso não ser muito bom com as palavras,mas garanto que você não vai estar sozinho daqui em diante. — David mostra um sorriso.

E naquele momento tudo o que fiz foi lhe abraçar,David retribui o gesto,era reconfortante e eu precisava daquilo mais do que qualquer coisa. Lembro de quando minha mãe se foi...e agora meus avós...eu tinha que ser mais forte se quisesse levar minha vida adiante.

— Obrigado. — Respiro fundo — Eu só preciso de um tempo antes de pensar em algo.

— Entendo. — Ele se levanta — Está com fome?.

...David vai até o outro cômodo e volta trazendo uma mochila...

— Aqui,tem água,sopa enlatada,pão,biscoitos...pode pegar o que quiser.

— Eu não esperava que sua mochila estivesse tão surtida. — Sorrio.

— Não é muito,mas serve para nós dois.

— Tudo bem,eu tenho minha mesada inteira aqui. — Digo mexendo no bolso

— É melhor guardar para uma emergência.

...um silêncio agradável se forma entre nós...

— ...eu machuquei aquele bombeiro...e a policial? o que ela dizia no comunicador?. — Comento — Você acha que é uma boa ideia voltar lá e pegar alguns pertences?.

— Eu não sei...

— Se estão nos procurando acho melhor sairmos daqui o mais rápido possível.

— Erick,você realmente quer fugir comigo?. — David questiona — Tem certeza que ninguém aqui vai sentir a sua falta quando a gente for?

— Com certeza meus amigos iriam,mas o dom que eu tenho pode ser perigoso...não tenho escolha.

— Amanhã cedo a gente planeja melhor,está tarde,todos nós merecemos descansar um pouco. — David solta um bocejo — Não é um hotel de luxo,mas pelo menos há um teto em nossas cabeças.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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