Capítulo 15.

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David e eu ficamos conversando ali por um longo tempo,a gente já havia acabado de comer e agora planejávamos com calma nossa ida até a cidade vizinha. Talvez a ideia de ir andando até lá fosse a mais estúpida,e era,mas sem ter como pagar uma passagem não tinhamos outra opção.

...sem falar que a ideia tinha tudo para dar errado...

— Vamos de trem. — David conclui.

— Trem?.

— É,o trem de carga.

— Tá brincando?...não deixariam a gente ir nele.

— Óbvio,iríamos escondidos em um dos vagões. — Ele se empolga.

— Mesmo assim não nos levaria até lá. — Falo pensativo.

— Mas seria meio caminho andado. — David sorri — Escuta,nós pegamos um ônibus,vamos até a parte industrial da cidade,entramos escondidos na estação do trem e é só dizer adeus.

— Parece fácil,porém tem alguns detalhes soltos nesse plano.

— Fala do horário?...bom,são vários trens,o que passa perto de Penhascos-Altos sai sempre às duas da tarde.

— Como sabe disso? e como tem certeza se ele vai sair hoje?.

— Talvez você não saiba mas... — David encara o vazio por um momento — Eu venho planejando sair dessa cidade a muito tempo,é por isso que sei dessas coisas.

— Sair,mas sem um rumo?. — Questiono.

— Pois é...

...naquele instante um carro de polícia passa vagarosamente em frente a lanchonete...

— Eu topo. — Respondo segundos depois.

— Beleza. — O garoto comemora.

— Acho melhor a gente ir andando.

— É,o café da manhã já está pago mesmo.

— Antes eu preciso ir ao banheiro. — Me levanto da cadeira — Tem algum aqui?.

— Claro,é por ali. — David responde

— Ótimo,eu já volto.

...Um Tempo Depois...

Quando saímos da lanchonete começamos a andar até um ponto de ônibus,o mais próximo ficava a duas quadras,aos domingos não tem muita gente então é tranquilo. Ao chegarmos éramos os únicos no ponto,David parecia bem tranquilo,mas eu não conseguia parar de olhar para os lados.

— Eu vi uma viatura passando em frente a lanchonete. — Comento.

— Erick,nós não somos criminosos e eles sabem disso.

— Se fosse verdade a gente não estaria fugindo.

— Eu também estou nervoso. — David respira fundo — Não sei o que virá adiante,mas preciso me controlar,nosso raciocínio depende disso.

— Eu prometo que as coisas vão mudar para nós a partir de agora...temos o dom para isso. — Mostro positividade.

— É...

...sobre isso,eu realmente me sentia bastante confiante...

— Olha o nosso ônibus vindo ali. — David se anima.

...

Por ser uma cidade grande para ir a determinados lugares leva um tempo,além do transporte ir devagar ele também fazia paradas,provavelmente iríamos chegar em nosso destino ao meio dia. Quando o ônibus passa em frente ao shopping começo a lembrar dos meus amigos,eu queria ao menos me despedir deles,mas isso já não era mais possível.

— Tá tudo bem?. — David pergunta.

— Tá sim. — Lanço um meio sorriso.

— Você vai sentir falta daqui,verdade?.

— É óbvio.

— Eu...eh. — Ele tenta dizer algo — ...eu queria poder fazer alguma para ajudar.

— David,você já fez mais do que o suficiente.

— Obrigado Erick e sinto muito por...

— Acho que se você não estivesse aqui eu não saberia como lidar com isso. — Explico.

Naquele instante David olha novamente em meus olhos,eu apenas fico sem reação,mas aquilo não me incomodou. O destino nos uniu por algum motivo e se for esse o propósito acho que só tenho a agradecer por sua companhia.

— Vai ser meio dia quando chegarmos lá,gostaria de almoçar comigo?. — Pergunto — É por minha conta dessa vez.

— Eu não estou com tanta fome e você devia...

— Já sei...eu deveria guardar meu dinheiro para outra ocasião,mas é só um almoço.

— Erick,você quer mesmo gastar seu dinheiro assim?. — Ele questiona — Não sabemos como vai ser quando sairmos da cidade.

— Se não quiser eu posso comer sozinho. — Começo a rir.

— Certo então,mas iremos economizar.

— Ok... — Reviro os olhos.

— Por falar nisso...

...David rapidamente retira da mochila uma garrafa de água...

— Com sede?

...apenas sinalizo negativamente com a cabeça...

— Tenho alguns biscoitos também.

— Não,obrigado. — Recuso.

— Quando precisar de alguma coisa é só pegar da mochila.

É,a gente realmente merecia um almoço digno antes de sair da cidade. Estando na rua por tanto tempo me pergunto se David já teve uma refeição de qualidade.

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(Continua No Próximo Capítulo)

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